domingo, 27 de maio de 2012

Ontem...


Ontem estive inquieta... sem saber ao certo como ou o que dizer... deitei em minha cama e fiquei horas sem poder dormir, pensei em levantar e ligar o computador novamente para poder escrever, falar aos meus, aos que entendem como me sinto... Fazia muito tempo que não chorava... mesmo com os problemas, as crises vividas em casa e fora dela...
Não sei se foram as músicas novas no celular, não sei se foi o acúmulo de sentimentos dos últimos meses... sentimentos confusos... olhei para a porta do meu quarto e senti falta de vê-la se abrindo... e eis que ela se fecha, talvez num sinal de que jamais será aberta novamente, não do mesmo jeito, não pela mesma pessoa... (Não sou mais a mesma, definitivamente, não...)
Mas ontem bateu um certo desespero... por que não pode ser agora? Por que esperar mais tempo? Por que não travar as batalhas caminhando na mesma trilha?
Tantas e tantas coisas que gostaria de entender... já tinha me conformado... que não resolveria agora, não seria nesta vida, mas de repente, não mais que de repente, a esperança volta e a culpa não foi minha... se é amor, por que ele deve esperar, se esconder, se culpar?
Não consigo entender porque o vazio persiste, porque a casa, minha morada, não me acalenta mais como antes, porque tudo perde o significado quando tudo é ausência... Queria trazer os fantasmas de volta, queria tornar vivas as lembranças, fazer com que o passado pudesse ser tocado, sentido, levado...
Perdida entre as pessoas vou caminhando, vivendo, deixando as coisas me empurrarem, mesmo sabendo, no meu íntimo, que sei demais para viver em paz de novo, sei demais para voltar a ser o que era, sei demais para ser inocente... E é isso, exatamente isso, que me deixa distante das outras pessoas, é exatamente isso que deixa tudo vazio ao meu redor, como se eu estivesse a milhas distante de todos que me rodeiam. E algumas vezes ouvir uma música ou sentir um cheiro faz com que eu me lembre disto... que há um abismo que me separa mesmo daqueles que mais amo... um abismo que muitas vezes não consigo transpor... Mas quem está do meu lado sabe me chamar de volta, sabe me achar quando nem eu mesma me encontro... E irrromper este abismo pode ser feito com um abraço num momento crucial, aquele momento em que você diz no olhar que é disso que precisa e as pessoas ainda conseguem fazer esta leitura de você. Pessoas raras de se encontrar...
Ainda assim, a dor segue seu curso aqui dentro, dor e vazio, correndo nas minhas veias com meu sangue, se espalhando, tomando conta de tudo o que sou e fui até agora, como um rio desaguando muito longe, algumas vezes consigo me distanciar dela, como se ela sequer me pertencesse... mas sei que está aqui, em algum lugar, adormecida, esperando para sair, explodir em cachoeira, sangue derramado, carne dilacerada... Sou forte, como você me disse mais de uma vez, mas não posso ser o tempo todo. Lilith desperta e ferida... coração secando, cada pouco mais... Espero que dê tempo, espero que não esteja tudo acabado quando chegar a hora, espero que realmente possamos seguir parte da estrada... lutar juntos... cada vez mais tenho medo do tempo... Que Chronos seja generoso comigo, que seja generoso contigo, que o tempo não seja nosso pior e mais cruel inimigo...