sexta-feira, 29 de março de 2013

Maternidade/paternidade é eterna!

Gostaria de escrever algumas linhas sobre a maternidade/paternidade. Pode parecer clichê, mas, dentro deste assunto, até o que parece óbvio não o é. Maternidade/paternidade é para sempre. Isso é óbvio, mas muita gente não pensa assim. Aliás, em dias de relações transitórias e prazeres momentâneos, até um assunto tão sério se torna modismo. 
Quando peguei o exame com a palavra "positivo" escrita nele, minha vida mudou, tomou outros rumos, cresceu em responsabilidades, nunca mais foi a mesma. Costumo dizer que nunca mais tive uma noite de sono profundo, como tinha antes, nunca mais. Qualquer barulho me faz acordar de sobressalto, qualquer gripe faz com que eu não fique tranquila fora de casa... Só tenho paz e sossego quando os tenho no ninho, embaixo de minhas asas. 
Quando me separei, fiquei com eles, eles passaram a ser a minha prioridade, nunca os envolvi em relações efêmeras, eles só conheceram pessoas que eu acreditei que seriam eternas em nossas vidas. Mas, enfim, todas as pessoas que conheci, sabiam da existência deles, sabiam do respeito que tenho por minha casa, sabiam que meus filhos sempre, sempre viriam em primeiríssimo lugar em minha vida...
Estou me manifestando a este respeito porque tem gente que acha que filho depois de criado não é mais problema de pai e mãe. Ou pior ainda, que quando ocorre a separação, os filhos são responsabilidade de apenas uma das partes. Que grande erro, que grande engano! Filho não deixa de ser filho depois que cresce. E ainda tem os netos, bisnetos, que coisa linda ser vô/vó parceiro! Não entendo como podem ter pessoas que abrem mão disso... 
Meus filhos estão moços, mas ainda pego no colo... Imagino-me com oitenta anos preocupada com eles com seus sessenta. Filho é filho, jamais deixará de ser... Para aqueles que se separam e se distanciam, tenho uma coisa a dizer: a vida traz a conta. Traz mesmo. Um dia você olha para trás e tenta voltar... O tempo não se resgata, tampouco o amor. 
Pai e mãe é para sempre, mas lembrem-se de quem é o adulto da história, quem tem que construir estes laços para que tenham continuidade no futuro... É uma grande responsabilidade. Por isso, meu amigo, minha amiga, pense bem antes de transar sem camisinha, pense bem antes de querer ter filho porque todos os casais estão pensando em ter. Filho é para sempre, não tem prazo de validade e sequer podemos desistir da aquisição quando as coisas não saem como esperávamos. Filho é o amor mais puro e incondicional que podemos sentir, mas nem todos estamos preparados para tanto... Só pense em ter quando você estiver, pense nisto!

terça-feira, 26 de março de 2013

Ser salva...

Então é assim, exatamente assim que era pra ser... Cresci acreditando em algo, alguma coisa que pudesse me resgatar, me tirar das velhas flanelas da infância. Durante muito tempo acreditei em heróis, fadas, duendes, o fantástico mundo que me absorvia nos momentos de solidão e desespero. Meu pai durante muito tempo fora meu herói... aquele por quem eu esperava ansiosa na janela da frente de casa, aquele que vinha me resgatar do quarto decrépito e mofado, com fraldas penduradas por todos os lados, móveis apertados... Mas muitas e muitas noites a espera era em vão. O mundo de fantasia que eu criava olhando para a rua, tentando reconhecer em cada farol aquele farol que iluminaria meus dias, acabava indo embora e eu tinha de voltar à dura realidade que me assolava. A velha cama e o sono do esquecimento, era, então, o meu destino.
Depois, muito depois, fui criando outras ilusões, outros mundos... Meu pai seguia sendo minha referência, mas não mais como antes... Já sabia que ele não me salvaria de nada, embora eu ainda quisesse...
Acabei acreditando que existiria alguém, um alguém que viria de longe e que me levaria, também, para longe. Tal qual vemos nos contos de fadas, projetei o tal "príncipe" em cada carinha com quem me relacionei desde então. Cada um foi uma possibilidade de príncipe perdida... Pior do que isso, foi uma parte de minha própria alma arrancada de mim mesma...
Durante muito tempo sonhei com o momento de ser salva. Muitas e muitas vezes me perguntava do que queria ser salva e a resposta era sempre a mesma: de mim mesma. Sim. De mim mesma. Sempre fui o meu próprio algoz... Difícil de entender... Até considero que, no fundo, o que eu queria mesmo era que alguém viesse e me entendesse... Entendesse esse meu instinto suicida e segurasse minha mão até mesmo quando eu acho que tudo está perdido por bobagem... 
É muito estranho olhar para trás e poder ver tudo isso. Desencantei... Como na música do Cazuza, hoje acho muito mais importante a "sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida..." do que encarar os desafios de uma paixão sem limites. Tudo que esperei até hoje foi em vão... Aquelas histórias de filmes, de amores impossíveis, que requerem doação, dor, sofrimento jamais puderam existir. Nem lá fora e nem aqui dentro. Ter com quem dividir certos momentos é muito mais importante do que o frio na barriga, a vertigem e o medo do desconhecido.
Também aprendi a valorizar o momento. Sem expectativas, sem planos. Envelhecer junto? Ser amada e cuidada na saúde e na doença? Não. Definitivamente não. Histórias assim nem em filme mais. Não dá certo. Percebi que sou a responsável direta e única por minha própria felicidade. Fazer o que? Colocá-la nas costas de outra pessoa seria duro e cruel demais. Então vou criando meios alternativos de sobreviver em meio a tudo isto. O desencanto é parte do crescimento, apenas isso.
Alma Gêmea é marketing, coisa de quem precisa vender livros e histórias. Desculpem-me aqueles que acreditam. Desculpem-me as crianças e adolescentes que precisam destas e de outras ilusões, mas sinceramente, somos nós que fazemos dar certo ou não cada história. Não existe destino, existem escolhas. E não é tão simples assim. Não é. Desencantar-se é um processo bastante dolorido. Doeu demais em mim. Mas fui-me dando conta de que, a cada fracasso, a dor parecia maior porque tinha guardado a esperança, tinha acreditado que aquele podia ser ele. Ele. Aquele que ia me salvar, lembram? Tive de deixar de lado essa crença idiota. Tive de abandoná-la para conseguir sobreviver. Para conseguir emergir depois de cada mergulho profundo em mim mesma. Não foi fácil. 
Mas, enfim, não fiquei amargurada e nem nada. Sou feliz. Tenho momentos tristes, como todo mundo, mas sou feliz de um modo geral. Mesmo não sendo salva. Ou melhor, mesmo tendo de salvar a mim mesma. Vou dividindo minha vida e meus momentos com aqueles que se importam, com aqueles que não sentem necessidade de me modificar, que me aceitam com minhas inúmeras imperfeições e imensos abismos. Esses dias alguém me disse: "Gosto quando você se aproxima, fica mais carente..." Eu não gosto. Preciso da distância regulamentar que me separa do resto. Necessito do abismo... Mesmo que fique fora dele. Mas vou abrindo concessões e de vez em quando me deixo ser cuidada... Mas só de vez em quando. Porque aprendi a ser forte. Mas, acima de tudo, porque aprendi a não esperar nada... de ninguém!

segunda-feira, 25 de março de 2013

Dias de luta, dias de glória...

Não pude deixar de refletir sobre algumas questões que permeiam as práticas escolares, estes últimos dias tem sido de inquietações, muitas delas, sempre rondando minha alma... Com a obrigatoriedade de escrever meu artigo de finalização de pós graduação, muitos assuntos tem me vindo à mente, recorrentes, constantes e, principalmente, necessários de serem discutidos... 
Sou professora de sala de recursos e intérprete de Libras, mais intérprete de Libras do que qualquer coisa, mas professora, educadora. Educadora desde muito antes de carregar meu diploma. Como tal, tenho questionado muitas coisas pertinentes à escola. 
Outrora já me referi ao trabalho das TILs em sala de aula, sobre como sua atuação deveria ser pedagógica dentro destes espaços, uma vez que não acredito na neutralidade. Então, na sexta-feira passada, com a demora do ônibus que pego para retornar para casa, encontrei um grupo de surdos e fiquei conversando com eles, a maioria já conhecido por conta da trajetória que tenho com a minha filha. Regozijo-me com estes momentos. Fui para casa pensando no quanto faz diferença ser parte da comunidade, ser reconhecida por eles como parte do grupo, como militante na luta, na causa surda. 
Acredito que este seja meu diferencial, isso que me faz ficar mais próxima, entender as reais necessidades... Já discorri outrora sobre o que acho certo, sobre o que considero palpável na prática diária em sala de aula, mas essa discussão urge, arde, necessita ser fomentada para que a inclusão venha a ter alguma dignidade. 
Sinto que ainda há muito a ser feito e, sim, sou parte disso, você aí que pensa que nem tem nada a ver com essa história também é parte disso, porque essa gurizada que está na escola hoje são os profissionais que encontraremos amanhã nas mais diversas áreas. Então somos todos responsáveis pela herança que deixaremos. 
Tenho muito orgulho de minha trajetória, de tudo o que me trouxe até aqui, ostento as coisas em que acredito e os meus pensamentos como um estandarte a ser erguido nos dias de lutas... As batalhas serão árduas. Sei disso. Mas a minha construção é sólida e meus filhos, meus alunos, as pessoas que convivem comigo sabem o quanto tento ser honesta comigo mesma. Andar dentro das minhas possibilidades... 
Mas considero que ser parceira de caminhada, fazer construções e desconstruções junto dos meus alunos é parte do mega projeto aprender/ensinar... Esse é o principal diferencial. Já dizia Freire que a gente aprende ao ensinar e precisamos estar sempre abertos e atentos para isso. Confio na potencialidade do meu aluno e acredito muito que podem ir além, sempre! Longe do conceito inicial de aluno (que significa "sem luz") porque hoje ele tem um papel social que está muito além disso. O meu papel segue sendo guiar... orientar... aprender e apreender com eles, cada vez mais! Reconhecendo que os dias de glória que se seguirão serão marcos na história, na história de nossas vidas, das instituições de ensino e, principalmente dos movimentos de governamento e governabilidade a que estamos sujeitos. Para que no futuro a inclusão seja parte disso tudo, de forma digna e coerente, não apenas uma utopia, um passo dado no escuro.