sexta-feira, 22 de abril de 2011

Filhos

Filhos... Você provavelmente já ouviu alguém falar aquela célebre frase: "se não tê-los, como sabê-lo?". Pois é... Tem coisas que só experienciando para saber como realmente é. Um dia, eles são bebezinhos indefesos no seu colo, a quem você devota todo o seu amor e cuidados... No outro, assim, de repente, não mais que de repente, eles estão crescidos e desafiando você - e sua paciência - a cada instante.
Eu estava olhando para os meus estes dias e pensando: quando foi que eu me perdi deles? Lá estão, construindo suas próprias maneiras de ser e ver o mundo... Inevitável, sabemos que lhes damos asas para voarem cada vez mais alto. Mas foi muito rápido, pisquei meus olhos e já estavam quase do meu tamanho, questionando meu jeito de ser mãe e as coisas da vida...
Quando reparei, já era tarde para fazer diferente... Queria ter sido mais MÃE, ter pego mais no colo, ter embalado mais seus sonos, ter cantado mais para dormirem. Hoje, tudo isso já perdeu a graça - para eles - e já não pode mais fazer parte do cotidiano. Outras coisas passam a fazer parte das nossas rotinas: lições de casa, cada vez mais difíceis, computadores, amigos... Nos afastamos cada vez mais. Nem sempre estou presente para acompanhá-los, nem sempre posso estar por perto quando choram... Essa é a maternidade moderna. Sou mãe, mas também preciso ser trabalhadora, estudante, amiga, irmã e companheira. Muitos e muitos papéis para uma pessoa só.
Errei, acredito e sinto que errei muitas vezes com eles, mas sempre em meu afã de acertar. Não há receita para maternidade, infelizmente. Nossas relações com as pessoas sempre serão desafiadoras porque guardamos o infinito dentro de nós e até mesmo os nossos filhos poderão ser muito diferentes daquilo que almejamos para eles. É assim mesmo.
Até o ano passado, passávamos as tardes na pracinha, sempre gostei de ser parceira deles para as "indiadas", eles brincavam nos balanços, gangorras, fazíamos pique-niques, isso desde que eles eram muito pequenos... Mas algo mudou e isso já não basta. Não querem mais brinquedos, jogar bola com os amigos virou coisa mais séria do que as peladas nos campinhos das pracinhas, não são - ou não querem mais ser- crianças. Isso me dói profundamente. 
Sinto falta do abraço, do grude, das cochiladas nas tardes de inverno. Ser mãe é mesmo algo único e especial. Eu, há quase quatro anos, tento ser mãe e pai ao mesmo tempo. Tento. Porque sei que é impossível substituir uma presença. Mas vou fazendo a minha parte. Entre tantas ausências e distâncias, amo-os como jamais amei ninguém em minha vida. Se há alguma definição de amor incondicional, deve ser esta. Porque não quero nada em troca, para mim, basta sabê-los aqui, tão perto de mim, tão longe de mim, mas aqui, vivos, respirando suavemente num sono que ainda posso velar do meu jeito.
O que tenho a dizer é que, os pais que ainda tem seus filhos pequenos, que cabem ainda em seus colos, façam, não deixem o colo para amanhã, não deixem a pracinha para depois, não protelem o abraço porque o tempo passa muito mais rápido do que acreditamos e, quando você se der conta, vai ser seu fillho que não vai mais querer seu abraço e um brinquedo caro já não mais compensará as suas ausências. 
Quanto aos meus filhos, sempre me restará o sentimento de que fiz muito pouco, sempre desejei ter feito mais, muito mais do que fiz, mas, no entanto, estive dentro do que me foi possível oferecer e, se tenho algum arrependimento, é o de não ter aproveitado mais as infâncias de vocês enquanto eu podia.  Os abraços, hoje tão raros, pretendo não desperdiçar e cada minuto ao lado de vocês, guardarei como um tesouro raro, pois são vocês, unicamente vocês dois, que me mantém caminhando sobre este mundinho insano.




domingo, 3 de abril de 2011

Encontros...

Volto ao Blog depois de mais de um mês sem escrever para falar sobre uma coisa que muita gente já deve ter se perguntado alguma vez na vida. Por que encontramos determinadas pessoas, por que estas e não outras, por que entram em nossas vidas em certos momentos e algumas vezes temos tantas dificuldades em tirá-las dela?
Podem ser pessoas que compartilham de uma sala de aula com você por anos, podem ser pessoas com quem você trabalha, podem ser aquelas que você encontra nas mais diversas situações: um restaurante lotado que obriga você a dividir uma mesa, um acidente ou até numa praça num dia preguiçoso de sol. Os primeiros encontros sempre marcam as histórias daqueles que passam a fazer parte de nossas vidas sem mais nem porque.
Quando estamos dividindo um espaço com muitas pessoas, como na escola, trabalho ou faculdade, muitas vezes me perguntei porque estas e não aquelas outras que entraram na minha vida... Afinidade? Ou será coisa de outras vidas? Porque, se pararmos para pensar, algumas, não, muitas delas, saem de sua vida sem que sequer tenham feito parte dela. São aqueles que você cumprimenta na rua, mas nem sabe bem de onde que conhece. Enquanto isso tem aquelas outras que vão na sua casa, conhecem seus filhos, fazem parte da sua rotina. Como começou? Passa um filme na cabeça. Foi naquela vez em que ela te ajudou num trabalho importante, foi na vez em que te pagou um almoço quando você teria ficado o dia inteiro sem comer, se não fosse por aquele gesto.
Cada vez mais tem menos pessoas fazendo essa diferença em nossas vidas. Cada vez menos pessoas entrando em nossos corações para ficar. Já falei das máscaras, já falei da superficialidade, da correria de nosso dia a dia... mas serão estes mesmos os motivos? A Internet facilitou ou complicou este processo? Eu sempre analiso pelos dois lados essa questão. Diria que facilitou e complicou ao mesmo tempo. À medida que temos a possibilidade de conhecer pessoas de longe, que certamente não encontraríamos em outras situações, muitas delas utilizam desta ferramenta para esconder quem realmente são. Isso complica. Mas não é a Internet, são as pessoas.
Conheci muitas ali que se fincaram em meu coração, cada um do seu jeito e cada um tem um pedacinho, alguma coisa, que eu amo muito.
Mas grandes encontros só acontecem com aqueles que mantém suas almas, com aquelas pessoas que se deixam levar, que não tem medo de sofrer. Perdi as contas de quantas vezes pensei que estava vacinada, que não me apaixonaria e, quando dava por mim... Lá estava, caidinha de amores e sofrendo fosse esse amor correspondido ou não. Sofremos por aqueles que amamos, seja um namorado ou um amigo. Sempre é ruim ver o final de uma relação, seja ela qual for. Nos decepcionamos, pensamos que nos fechamos, e, quando menos esperamos, começa tudo de novo.
Hoje poucas pessoas são parte desses encontros, muito poucas. Mas dou valor a cada uma delas. Sei do exato momento em que cada uma se fincou em meu coração, os primeiros sorrisos compartilhados, as primeiras lágrimas. Sei que vou chorar quando tiverem que ir embora, pois gostaria de tê-los sempre ali, por perto, mesmo que de longe. E, não importa quanto tempo passe, outros encontros virão. Surpreendentes e estranhos, como todo grande encontro tem de ser... E estarei pronta.

Carina, 03/04/2011