Filhos... Você provavelmente já ouviu alguém falar aquela célebre frase: "se não tê-los, como sabê-lo?". Pois é... Tem coisas que só experienciando para saber como realmente é. Um dia, eles são bebezinhos indefesos no seu colo, a quem você devota todo o seu amor e cuidados... No outro, assim, de repente, não mais que de repente, eles estão crescidos e desafiando você - e sua paciência - a cada instante.
Eu estava olhando para os meus estes dias e pensando: quando foi que eu me perdi deles? Lá estão, construindo suas próprias maneiras de ser e ver o mundo... Inevitável, sabemos que lhes damos asas para voarem cada vez mais alto. Mas foi muito rápido, pisquei meus olhos e já estavam quase do meu tamanho, questionando meu jeito de ser mãe e as coisas da vida...
Quando reparei, já era tarde para fazer diferente... Queria ter sido mais MÃE, ter pego mais no colo, ter embalado mais seus sonos, ter cantado mais para dormirem. Hoje, tudo isso já perdeu a graça - para eles - e já não pode mais fazer parte do cotidiano. Outras coisas passam a fazer parte das nossas rotinas: lições de casa, cada vez mais difíceis, computadores, amigos... Nos afastamos cada vez mais. Nem sempre estou presente para acompanhá-los, nem sempre posso estar por perto quando choram... Essa é a maternidade moderna. Sou mãe, mas também preciso ser trabalhadora, estudante, amiga, irmã e companheira. Muitos e muitos papéis para uma pessoa só.
Errei, acredito e sinto que errei muitas vezes com eles, mas sempre em meu afã de acertar. Não há receita para maternidade, infelizmente. Nossas relações com as pessoas sempre serão desafiadoras porque guardamos o infinito dentro de nós e até mesmo os nossos filhos poderão ser muito diferentes daquilo que almejamos para eles. É assim mesmo.
Até o ano passado, passávamos as tardes na pracinha, sempre gostei de ser parceira deles para as "indiadas", eles brincavam nos balanços, gangorras, fazíamos pique-niques, isso desde que eles eram muito pequenos... Mas algo mudou e isso já não basta. Não querem mais brinquedos, jogar bola com os amigos virou coisa mais séria do que as peladas nos campinhos das pracinhas, não são - ou não querem mais ser- crianças. Isso me dói profundamente.
Sinto falta do abraço, do grude, das cochiladas nas tardes de inverno. Ser mãe é mesmo algo único e especial. Eu, há quase quatro anos, tento ser mãe e pai ao mesmo tempo. Tento. Porque sei que é impossível substituir uma presença. Mas vou fazendo a minha parte. Entre tantas ausências e distâncias, amo-os como jamais amei ninguém em minha vida. Se há alguma definição de amor incondicional, deve ser esta. Porque não quero nada em troca, para mim, basta sabê-los aqui, tão perto de mim, tão longe de mim, mas aqui, vivos, respirando suavemente num sono que ainda posso velar do meu jeito.
O que tenho a dizer é que, os pais que ainda tem seus filhos pequenos, que cabem ainda em seus colos, façam, não deixem o colo para amanhã, não deixem a pracinha para depois, não protelem o abraço porque o tempo passa muito mais rápido do que acreditamos e, quando você se der conta, vai ser seu fillho que não vai mais querer seu abraço e um brinquedo caro já não mais compensará as suas ausências.
Quanto aos meus filhos, sempre me restará o sentimento de que fiz muito pouco, sempre desejei ter feito mais, muito mais do que fiz, mas, no entanto, estive dentro do que me foi possível oferecer e, se tenho algum arrependimento, é o de não ter aproveitado mais as infâncias de vocês enquanto eu podia. Os abraços, hoje tão raros, pretendo não desperdiçar e cada minuto ao lado de vocês, guardarei como um tesouro raro, pois são vocês, unicamente vocês dois, que me mantém caminhando sobre este mundinho insano.