segunda-feira, 25 de março de 2013

Dias de luta, dias de glória...

Não pude deixar de refletir sobre algumas questões que permeiam as práticas escolares, estes últimos dias tem sido de inquietações, muitas delas, sempre rondando minha alma... Com a obrigatoriedade de escrever meu artigo de finalização de pós graduação, muitos assuntos tem me vindo à mente, recorrentes, constantes e, principalmente, necessários de serem discutidos... 
Sou professora de sala de recursos e intérprete de Libras, mais intérprete de Libras do que qualquer coisa, mas professora, educadora. Educadora desde muito antes de carregar meu diploma. Como tal, tenho questionado muitas coisas pertinentes à escola. 
Outrora já me referi ao trabalho das TILs em sala de aula, sobre como sua atuação deveria ser pedagógica dentro destes espaços, uma vez que não acredito na neutralidade. Então, na sexta-feira passada, com a demora do ônibus que pego para retornar para casa, encontrei um grupo de surdos e fiquei conversando com eles, a maioria já conhecido por conta da trajetória que tenho com a minha filha. Regozijo-me com estes momentos. Fui para casa pensando no quanto faz diferença ser parte da comunidade, ser reconhecida por eles como parte do grupo, como militante na luta, na causa surda. 
Acredito que este seja meu diferencial, isso que me faz ficar mais próxima, entender as reais necessidades... Já discorri outrora sobre o que acho certo, sobre o que considero palpável na prática diária em sala de aula, mas essa discussão urge, arde, necessita ser fomentada para que a inclusão venha a ter alguma dignidade. 
Sinto que ainda há muito a ser feito e, sim, sou parte disso, você aí que pensa que nem tem nada a ver com essa história também é parte disso, porque essa gurizada que está na escola hoje são os profissionais que encontraremos amanhã nas mais diversas áreas. Então somos todos responsáveis pela herança que deixaremos. 
Tenho muito orgulho de minha trajetória, de tudo o que me trouxe até aqui, ostento as coisas em que acredito e os meus pensamentos como um estandarte a ser erguido nos dias de lutas... As batalhas serão árduas. Sei disso. Mas a minha construção é sólida e meus filhos, meus alunos, as pessoas que convivem comigo sabem o quanto tento ser honesta comigo mesma. Andar dentro das minhas possibilidades... 
Mas considero que ser parceira de caminhada, fazer construções e desconstruções junto dos meus alunos é parte do mega projeto aprender/ensinar... Esse é o principal diferencial. Já dizia Freire que a gente aprende ao ensinar e precisamos estar sempre abertos e atentos para isso. Confio na potencialidade do meu aluno e acredito muito que podem ir além, sempre! Longe do conceito inicial de aluno (que significa "sem luz") porque hoje ele tem um papel social que está muito além disso. O meu papel segue sendo guiar... orientar... aprender e apreender com eles, cada vez mais! Reconhecendo que os dias de glória que se seguirão serão marcos na história, na história de nossas vidas, das instituições de ensino e, principalmente dos movimentos de governamento e governabilidade a que estamos sujeitos. Para que no futuro a inclusão seja parte disso tudo, de forma digna e coerente, não apenas uma utopia, um passo dado no escuro.

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