domingo, 1 de novembro de 2020

Um novo tipo de solidão

 


Gosto de fechar os olhos nos dias de vento e deixar o sol brincar de caleidoscópio com o balanço das folhas das árvores. De olhos fechados, "vejo" o jogo de luz e sombras incessante que rapidamente me remetem aos dias de verão da minha infância...

Hoje o vento está frio, mas o vento morno do verão me traz de volta cheiros e sensações (às vezes não tão boas). Acho que amo o verão por isso. Por esses momentos que só dias solares proporcionam...

Eu, apesar de ter muitos primos que também iam na casa da minha avó, sempre fui muito sozinha (não sou daqui, lembram?) e, na vida adulta às vezes esse sentimento de solidão fica diferente.

Recentemente abri mão de relações sem afeto e sem futuro. Sei que foi uma escolha correta e não questiono isso. Mas a falta da presença virtual dessas pessoas às vezes ainda dói. É um novo tipo de solidão. 

O advento das redes sociais se fortaleceu diante da pandemia e, muitas vezes, nos proporciona estarmos próximos de quem está distante. Mas, para uma pessoa ansiosa como eu, é uma eterna espera. Uma expectativa doida de que alguém tenha interagido. Aí o lance de não desligar nunca, estar sempre cuidando pra ver se tem alguma mensagem e a tristeza de saber que nenhuma mensagem será de nenhuma dessas pessoas...

A gente demora a acostumar com as ausências. Demora mais ainda quando a impossibilidade é dada pela vida. Não foi escolha nossa, mas teve que ser. Melhor doer agora do que deixar destruir tudo pra ter que reconstruir depois.

Então, quando fecho os olhos numa tarde de domingo, curtindo o farfalhar das folhas nas sombras dos meus olhos fechados, é paz ou solidão? Um pouco dos dois, eu diria... E tá tudo bem! Não vai doer pra sempre. Nunca dói pra sempre! 


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