terça-feira, 12 de agosto de 2014

Algumas reflexões sobre a Morte

Eis que depois da trágica notícia do jovem humorista Fausto Fanti ter cometido suicídio, ontem soubemos da morte do grande e genial Robin Williams, ator de clássicos do cinema, como Sociedade dos Poetas Mortos, inesquecível, O Homem Bicentenário, entre tantos outros... Ontem essa notícia me pegou tão de surpresa, tão despreparada, que fiquei buscando no meu celular a causa da morte e, finalmente, encontrei uma notícia que dizia que a possível causa da morte seria suicídio. Surpreendente! Entristeci-me ainda mais com este fato. 
As pessoas ficam se perguntando o que leva uma pessoa a escolher ir... Já que a vida tem tantas e tantas coisas boas, temos as pessoas que amamos, que nos amam, sabemos o sofrimento que causaríamos nelas, e, ainda assim, escolhemos ir... Covardia? Não... Muito longe disso! Desculpem-me, vocês que estão acostumados a julgar este tipo de ato, dizendo que temos de ser fortes, enfrentar as dificuldades da vida, e todo esse blábláblá que estou acostumada a assistir todos os dias nas redes sociais, mas tem momentos em que o desespero é tamanho, tão grande, tão intenso, que somente a morte nos apresenta uma cura viável para tamanha dor...
Não estou aqui apoiando tal decisão, nem defendendo quem escolhe este caminho, até porque cada um sabe o seu próprio limite, eu mesma já tentei partir tantas e tantas vezes, sei o que senti nestes momentos e não desejo isso nem pro meu pior inimigo... Mas proponho uma reflexão a respeito da morte, ou melhor, da escolha pela morte... 
Você aí, que acha sua vida maravilhosa, já pensou a respeito destas coisas? Já parou para pensar se um dia tudo acabar de repente, que legado terá deixado? Vamos além, o que tem provocado o suicídio de pessoas inteligentes e sensíveis? Já se perguntou a respeito disso? Outrora, vimos os astros do rock se matarem lentamente com o abuso de drogas, que considero também uma fuga da realidade... Que atire a primeira pedra quem nunca tomou um "porre desopilador", todo mundo bebe para esquecer algo, para comemorar algo, ou simplesmente porque precisa de um tempo... Fugas e mais fugas... Dormir muito tempo também é uma fuga... Usamos, todos os dias, de subterfúgios para fugir, esquecer ou tentar amenizar a nossa dor. Remédios, abuso de exercícios, abuso de comida, de sexo... Algo que, mesmo que por um instante, nos provoque uma sensação momentânea de alívio, de prazer... Já que sabemos que tudo lá fora já se partiu e já faz algum tempo...
A vida não está fácil. Relações efêmeras, superficiais e, pior que isso, movidas por interesses momentâneos que não duram muito tempo... Temos cada vez mais medo de amar, de nos entregar... Ontem vi uma frase que resume tudo isso, não me lembro bem o autor, mas é a seguinte: " É mais fácil amar, do que sermos amados, mas, ainda assim, devemos amar..." Com certeza. Jamais teremos a certeza absoluta do amor do outro por nós. Jamais teremos certeza de que a recíproca é verdadeira. Mas, ainda assim, devemos correr o risco e pular neste abismo. O problema é que essa queda tem machucado muita gente porque não havia reciprocidade, não havia respeito e sequer havia algum tipo de sentimento por parte do outro. E é nessa história triste que os mais sensíveis se perdem...
Sempre convivi com a sensação nítida e, em alguns momentos, extremamente e insuportavelmente verdadeira, de não pertencimento. Sempre me pareceu que eu não era daqui. Talvez eu tenha sido uma das primeiras almas "índigo" a aterrissarem neste planetinha insano, porque nem me atrevo a me narrar como "cristal"... Mas eis que essa sensação de não enquadramento provoca a descoberta do vazio. Dentro e fora de nós. Um vácuo que nos separa do resto... Simples assim... E tão dolorido que é impossível dimensionar esta dor para aqueles que acham que o mundo é maravilhoso e que estão no lugar certo... Somos aqueles que sofrem com as injustiças do mundo. Aqueles que, quando veem um animal sofrendo, choram junto, acudem, ajudam, gastam o que não tem para tentar amenizar este problema, tiram a roupa do próprio corpo para dar a quem não tem. E este desprendimento, essa sensibilidade, é coisa rara nos dias de hoje, em que as pessoas são ensinadas a competirem, desde a mais tenra idade, são ensinadas a visarem o lucro, acima de qualquer coisa.
Talvez seja isso.Talvez estas pessoas, apesar de suas vidas aparentemente perfeitas e de suas posses, seu sucesso e todo o resto, talvez elas sentissem esse vazio... Tão grande, tão intenso, que foi difícil de continuar... Tentamos explicar o inexplicável. Pessoas que nos fizeram rir, carregavam tamanha dor dentro de si e ninguém foi capaz de perceber isso e estender a mão, segurá-los para que não caíssem em seus próprios abismos... Mas é assim mesmo, às vezes a dor não aparece, e sorrimos quando estamos com o coração partido em milhares de pedaços... Só aqueles que tem coragem o suficiente de nos olhar dentro dos olhos que conseguem ver. Mas e quem é que olha nos olhos hj em dia? 
O fato é que devemos evitar julgar e vir com o velho discurso da "covardia". Sei que é mais difícil para aqueles que nunca viveram momentos como este, mas, religiões à parte, realmente espero que estas pessoas encontrem de fato na morte a paz que almejavam, sem umbral, sem inferno... Simplesmente a paz. Porque a vida é demasiado sofrida para quem fica. Quem sabe não é lá, na morte, cada um a seu tempo, e de sua forma, que não esteja a luz que tanto esperamos encontrar enquanto estávamos vivendo, ou melhor, sobrevivendo... "Espero que entre sorrindo, no que resta de um sonho... Ofélia..." (Jim Morrisson)

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