segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Ter alguém para chamar de seu, por Alex Murad.

De um tempo pra cá, tenho ouvido de muitas pessoas a confissão de que não acreditam mais no amor. Perderam a fé em relação ao sentimento mais bonito e inebriante que existe. Em razão de decepções do passado, nem esperam mais encontrar alguém especial para viver um relacionamento de amor e de cumplicidade. Entendem que final feliz só acontece em filmes. Eu fico comovido com tais depoimentos, mas, sobretudo, preocupado. Afinal, a pior decisão é se fechar em copas, e não deixar que ninguém mais se aproxime. Como é que essas pessoas serão felizes um dia, se blindam o coração, como se pudessem viver sem ele? Não dá para viver usando armadura, como se estivessem em plena guerra, no campo de batalha. Infelizmente, um número cada vez maior de pessoas - principalmente as mulheres - está vivendo na solidão, por ter feito um pacto de nunca mais viver a sua vida a dois. As pessoas que decidem se isolar, o fazem com o intuito de se defender, de se proteger de desilusões amorosas. É pena que não saibam que estão, com isso, cavando as suas próprias covas, pois não há vida sem amor. Qualquer pessoa é passível de um dia sofrer uma decepção amorosa e ter que amargar uma separação, pelos mais diversos motivos. Mas, ainda assim, não é bom para ninguém - que sonhe em ser em algum momento da vida plenamente feliz - que se feche para o amor. Mesmo com toda a vulnerabilidade característica de quem vive um relacionamento amoroso, vale a pena dividir a vida com alguém especial. É tão bom você estar na rua, no trabalho, estressado como nunca, num dia daqueles em que tudo parece dar errado, mas saber que quando a noite chegar você vai se encontrar com a pessoa que ama. Assim, tudo parece valer a pena, mesmo naqueles dias de “cão”. Ainda que assoberbado de atividades e cobranças do chefe, você trabalha com prazer e entusiasmo. Acorda cedo dando socos para o ar, afinal, não há motivos para ficar triste, se mais tarde você vai ouvir palavras doces da boca mais linda do mundo, e se sentir tocado pela alma com o olhar de cumplicidade que derrete seu coração. Não adianta ter um bom salário e o emprego dos sonhos se não há ninguém que o ame verdadeiramente para dividir tudo isso. A vida sem um grande amor não tem graça, tudo parece em preto e branco. Ninguém é “auto-suficiente”. Você não pode viver pela metade, sendo “quase” feliz. E não se deixe enganar. Eu sei que quando nós temos uma discussão com a pessoa que amamos saímos correndo no carro, com música alta e jurando que nunca mais queremos vê-la, e que isso não causará em nós dor alguma. Ledo engano. Não temos coração de papel. Em casa, o relógio para. Sentimos um nó na garganta e o coração batendo apertado no peito. As mãos parecem buscar o telefone para ouvir a voz da pessoa amada, como se estivéssemos implorando por um pouco de oxigênio para respirar. Não há nada como saber que logo mais o telefone vai tocar e que ela perguntará como foi o seu dia. Como é bom ter alguém que tem mais preocupação conosco do que nós mesmos, e ouvir sempre antes de dormir um sussurro de ‘boa noite’ que nos aquece a alma e que parece ter saído da boca de um anjo. Não adianta tentar lutar contra o seu coração. Não dá para dar murro em ponta de faca. A vida é muito curta para vivermos discutindo e em crise com quem amamos. Assim, ainda que esteja num momento de dúvida, não duvide nunca de que ter alguém para chamar de seu ainda é a melhor coisa do mundo.

Alex Murad

Lendo este texto, foi inevitável lembrar-me de todas as vezes em que sofri por amor e prometi para mim mesma que nunca mais me apaixonaria... Mas, enfim, é aquela coisa: não podemos e nem conseguiremos jamais mandar em nossos corações. Tomamos certos caminhos que pensamos que poderão evitar, por hora, que o amor invada novamente nossas vidas, pensamos que poderemos ficar fazendo o papel de "piriguetes" por tempo indeterminado, que está bom assim mesmo, ficando com um hoje e outro amanhã. Enganamos a nós mesmos(as)... Porque, assim, sem mais nem menos, um dia aparece aquela pessoa especial que consegue furar nosso bloqueio, que consegue se tornar única, fazer parte de nossas vidas, sem que a gente sequer possa explicar como e quando, exatamente, isso foi acontecer. Mas, quando percebemos, essa pessoa está lá, ocupando muitos lugares e você não consegue mais imaginar como viveu até então sem essa presença em sua vida e como poderá viver se algum dia tiver que voltar a viver sem ela. Separações são inevitáveis, a maioria das vezes por circunstâncias da vida, simplemente os caminhos se separam e não há nada que possa ser feito para evitar essa ocorrência. Sofremos, os espaços vazios que ficam parecem nos engolir a cada dia que passa e chegamos a pensar que não vamos sobreviver a essa perda.  Um dia, amanhecemos mais fortes e vemos que a vida continua... Tudo o que desejamos neste momento é não passarmos por isso novamente, uma blindagem seria o caminho, cobrirmos a cicatriz que ficou com concreto seria uma ótima alternativa. Mas, mesmo o concreto, também racha e estamos de novo à mercê de um coração burro, que não consegue escolher direito quando o assunto é amor. Queremos que seja pra vida toda, queremos que fique nas nossas vidas até envelhecermos juntos, mas a finitude de todas as coisas está à espreita. Tentamos não sofrer em vão. Porque o sofrimento é certo àqueles que amam. E será intenso. Mas, enfim, alguém aqui deseja viver pela metade? Eu, não.

Carina, 06/12/2010.

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