sexta-feira, 28 de outubro de 2016

É preciso morrer algumas vezes antes de viver realmente

Antigamente corria contra o tempo, corria para chegar na hora nos lugares, ficava ansiosa, e quase nunca conseguia chegar, mesmo com toda correria... Horários nunca foram meu forte, mesmo. Mas sempre me afligiram muito.
Hoje me alinhei às minhas limitações, afinal de contas, o que não tem remédio, remediado está. Faço minhas orações quando dá, chego na hora se consigo sair cedo, sendo que sempre, sempre tomo meu café calmamente, não saio sem café de casa. Nunca! Disso não abro mão.
De tanto tentar nadar contra a maré, hoje alcancei um ponto de equilíbrio comigo mesma. Já não corro mais pela rua, já não fico enlouquecida quando não consigo pagar alguma conta. Dificilmente algo me abala a ponto de me fazer chorar ou perder a compostura.
Algumas pessoas chamam isso de frieza, egoísmo, eu chamo de maturidade. Já perdi tanta gente em meu caminho, algumas pessoas que voltaram com o passar do tempo, a conviver comigo, outras que talvez nunca voltarão, mas o fato é que a gente começa a ficar forte diante de certas dores...
Despeço-me e deixo ir. Outras pessoas sou eu mesma que dispenso. Quando temos energias tão distintas não adianta forçar o "ficar junto", porque devemos aceitar que temos níveis de evolução diferenciados. Às vezes a gente está mais evoluído, às vezes é o outro que deve esperar pela gente. A vida é assim mesmo. Idas e vindas, altos e baixos.
Simplesmente aprendi a não me debater. Não mais. Aceito o que vier, seja o que for. E acredito que esteja começando a viver de fato somente agora, depois de ter morrido tantas vezes. Crescer dói. Doeu muito e ainda vai doer. Tenho plena consciência disso. E espero ainda evoluir mais. 
Como disse Bukowski em sua célebre frase que tenho tatuada em minha costela direita, como algumas pessoas dizem que a vida começa aos 40, hoje, mais do que nunca, tenho certeza absoluta de que a minha está recém começando. Dispensando o que for preciso, me agarrando ao que considero precioso (e que amanhã já poderá não ser), vou vivendo. Andando com calma até o trem, para chegar uma hora atrasada... Enfim, assim vou eu... Criando asas quando perco o chão e voando além, enquanto tiver céu... Porque fui feita de plumas e não de raízes!

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