segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Fechada para balanço

E eis que chega o mês de dezembro. Último mês do ano, mês de despedidas, renovação das esperanças e, por que não dizer, mês de dar uma geral na vida, passar alguns rascunhos a limpo e outros jogar na lata de lixo. 
Já faz algum tempo - aliás, muito, pro meu gosto - que estou fazendo um balanço das coisas da minha vida, entre sorrisos e lágrimas, tenho errado e acertado de acordo com o que a vida vem trazendo. 
Já faz algum tempo que estou para escrever este texto, já o escrevi e reescrevi tantas e tantas vezes mentalmente que nem consigo dimensionar, mas realmente achei que ele combinava mais com o final de ano, com tantas e tantas reflexões que permeiam estas datas festivas e que, muitas vezes, são mais internas do que externas. 
Começo fazendo um balanço mesmo. Coisas legais e outras nem tanto que ao longo deste ano foram tomando forma. 
Descobri que ser/estar só é muito mais do que uma condição de não ter alguém ao lado. Nós mesmos é que nos fazemos sozinhos, mesmo com muitas pessoas em volta. Tiveram muitos momentos difíceis ao longo do ano em que tive o total apoio de pessoas muito queridas, mas que, no entanto, desejei ter alguém especial para compartilhar, dividir, desabafar, ou simplesmente abraçar no final do dia. Essa solidão é foda... Acaba, de certa forma, nos consumindo e, caso não cuidemos, pode nos deixar amargas. Tem outros momentos difíceis em que é necessário ficar sozinho para organizar as coisas por dentro. A solidão é um fantasma que nos assombra, que por vezes nos fere, mas que nos constitui como pessoas. Como vamos conviver com outras pessoas se não soubermos desfrutar de nossa própria companhia? Ler um bom livro, escutar boa música, faxinar e dançar em meio a bagunça são coisas gostosas de se fazer sozinho. Aprendi isso ao longo deste ano.
Muitas mudanças fizeram parte de nossas vidas em 2015. Mudanças para melhor, que me fizeram crer que, muitas vezes, jogar-se no abismo é muito melhor do que observá-lo de fora. Tive medo, sim, do desconhecido, mas, ainda assim, não fiquei imóvel, travei as batalhas. Não, não foi fácil, mas, se sobrevivi, certamente hoje estou mais forte do que antes. Entendi que o tempo é o melhor remédio e que de nada adianta sofrer com antecedência por nada. O rio segue seu curso e os acontecimentos da vida também. Como eu mesma disse outrora, não se muda uma vírgula do que está escrito, do que é pra ser.
Perdi muitas pessoas, encontrei outras, algumas ganharam um significado especial na minha vida e outras simplesmente passaram, foram embora do mesmo jeito que surgiram. Aprendizado. Sempre levamos algo do outro e deixamos algo nosso também. Não posso reclamar. Tanto das que partiram quanto das que chegaram. Aliás, posso dizer que partiram muito mais pessoas do que chegaram. Penso que deve ser porque hoje tenho maturidade para reconhecer relações sombrias, que não me acrescentam nada. Deixo ir. Simples assim. E hoje dói bem menos do que antes. Posso olhar, saudosa, as fotos, sem que isso me provoque dor. Foram momentos bons e passaram. As pessoas ruins nos ensinam mais do que as boas e, se tem uma certeza que eu guardo depois de tudo isso é que a vida continua, com ou sem elas em nossas vidas. Uma das coisas mais importantes que aprendi é sobre a finitude das coisas. E isso faz, algumas vezes, com que pareçamos egoístas e arrogantes frente aos outros, mas não é isso. Trata-se de desapegar-se da dor, não de deixar de sentir saudade.
Vejo muita gente falando nesta época do ano que quer que o ano vá logo embora. Colocam suas esperanças de melhora e de felicidade (se é que ela existe) no ano que está para vir, como se o passar das horas fizesse tudo acontecer. Eu não tenho esta pressa. Vivi muitos momentos bons em 2015. Muitos momentos ruins também, de depressão, angústia, tristeza, pesar, solidão. Mas e não são assim todos os anos? Não creio que exista felicidade plena e absoluta. Somos um somatório de conquistas e perdas, alegrias e tristezas, altos e baixos, não tem como ser diferente e nem acredito que a vida teria alguma graça caso as coisas não fossem exatamente assim. Precisamos dos momentos ruins para que os bons ganhem mais cor. Celebrar a vida nos seus detalhes. Ser grato. Estou exatamente nos lugares em que tenho de estar. Poderia ser diferente? Sim, poderia. Poderia ser melhor? Lógico! Mas, se não reconhecemos o que temos, como podemos querer mais?
Em outro ano, numa reflexão de ano novo, eu disse que a mudança não vem, caso ela não aconteça em nós mesmos primeiro. É exatamente isso! Por isso reitero, não adianta esperar o relógio dar a meia noite, não adianta esperar 2016 chegar e ser melhor porque o melhor tem que vir de nós mesmos. Não espere nada acontecer para tomar uma atitude, não se contente com menos do que você merece e, principalmente, tenha plena consciência de que ser/estar feliz é você com você mesmo, não depende de outras pessoas, jamais dependerá! Ame-se do jeito que é e, caso você de fato não curta o que vê no espelho, vá à luta, trace um objetivo, corra atrás. Mas não deixe que o sistema te escravize, não deixe que os outros te digam como deve ser. Dance, esteja com quem você ama, rabisque, escreva, esqueça as mágoas do passado, desafie a si mesmo. No fim das contas, sempre será você com você, lembre-se disso! E, não esqueça, por favor, que você sempre merecerá o melhor, até porque ninguém sabe o que você percorreu para chegar onde está e, portanto, ninguém tem o direito de te julgar seja pelo que for.
Nesta época do ano eu costumo refletir, me fechar para fazer um breve balanço, às vezes traçando objetivos dos quais não cumpro nem a metade, mas o fato é que estou aprendendo a ser melhor um pouco a cada dia e sou exatamente a pessoa que eu gostaria de conhecer. 2015 foi um grande ano. 2016 também será porque não são os dias que nos fazem, somos nós que fazemos os dias. Então, espere o melhor, prepare-se para o pior e aceite o que vier!

Este texto foi iniciado em dezembro de 2014. Continuei a mesma reflexão e a mesma linha de raciocínio sem modificar uma vírgula sequer, dos dois primeiros parágrafos. Então, há um significado imenso nestas palavras e espero que a reflexão ajude as pessoas que pensam que à meia noite do dia 31 tudo pode mudar. Pode. Mas depende única e exclusivamente de nós. Pensem nisso!

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Sobre a solidão e outras drogas

Outro dia estava refletindo a respeito de uma citação de Bukowski, dentre tantas com as quais me identifico, esta tem se sobressaído nos últimos dias: "Cada um de nós está, no final, sozinho." Existem muitas "visões", inúmeros conceitos acerca da solidão, alguns positivos e outros negativos, particularmente acredito que todos estejam certos...
Algumas pessoas creem que ninguém poderá ser feliz com o outro se não souber ficar em paz consigo mesmo. Fato. Solidão é autoconhecimento. São os momentos em que nos recolhemos que podemos avaliar de forma profunda o que sentimos e como nos sentimos frente a determinadas situações. São nos momentos em que nos permitimos cuidar de nós mesmos, meditar, ler, desligar... E, afinal de contas, como curtir outras companhias se não conseguimos curtir a nossa própria companhia? Eis uma questão para refletirmos. É o lance de ser completo e não metade. Não esperar pela "metade da laranja" e nem por alguém que possa preencher os espaços vazios. É ser inteiro e querer outro inteiro que venha somar...
Mas, em contrapartida, há o outro lado, como tudo na vida. Como na célebre frase do Buk, a consciência de estarmos sós por vezes pesa demais. Eu sempre acreditei que somos muito sozinhos em nossos sentires. Exatamente pelo fato de que ninguém, nunca, sob hipótese alguma, irá sentir algo como sentimos. Pessoas podem passar pelo mesmo fato, seja ele qual for, mas a forma com que este fato irá impactar ambas será diferenciado, pois nossos sentimentos estão intimamente ligados à forma com que nos constituímos. Somos únicos. Isso faz com que sejamos sozinhos. 
Eu, particularmente, tenho um encantamento e um certo medo deste abismo que me separa dos outros. Vez ou outra, me jogo nele, nesse instinto que tenho de subverter o sistema, de sentir tudo de uma forma insuportavelmente profunda. Caio, enfrento a escuridão, tento me agarrar às beiradas, debato-me e sangro, quando, por fim, antes de alcançar o chão, consigo voar... Outras vezes, simplesmente contemplo o abismo. Sento-me na beira e olho dentro dele. Dá medo. Muitas vezes fico com um medo enorme de nunca mais encontrar alguém que tenha por mim mínima empatia para conseguir caminhar ao meu lado. Mesmo tendo a plena consciência de que, no final das contas, somos nós, com nós mesmos, até mesmo para os acertos de contas. Somos nosso próprio paraíso e nosso próprio inferno.
Outra pessoa não muda isso. Mas, ainda assim, ainda esperamos por alguém. uma pessoa que possa minimamente aproximar-se de nossos sentires, ou que simplesmente nos acolha quando não pudermos mais suportar sentir. Aquela pessoa que, não, não irá nos tirar da solidão, mas que será única e sozinha junto. E, enquanto esse ser não aparece, se é que algum dia irá aparecer, vamos buscando nos acostumar com nossa própria companhia, procurando não olhar muito no relógio e perceber o arrastar-se dos dias, para não termos de contabilizar quanto tempo ainda teremos de esperar... 

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O livro dos dias (Uma despedida rápida de um amor que nasceu e morreu no Tinder)

Prefácio

Em primeiro lugar, vou dar uma breve explicação de estar te escrevendo estas linhas, muito embora eu pense que, na realidade, tu nunca vais ler de fato, uma vez que tem um livro ao lado da tua cama que nunca saiu das páginas iniciais em que se encontrava, desde a primeira vez em que nos vimos.
Mas vou ser sincera, esse é o meu jeito de fechar os ciclos, de resolver as coisas, de nunca mais precisar mexer nas histórias mal começadas e inacabadas.
Certamente estou em um surto histérico-psicótico, atrelado a uma TPM filhadaputa que está revirando até os meus ossos. E, neste momento, tu deves estar dizendo a si mesmo: "mas que louca, hoje mesmo eu dei bom dia pra ela." Pois então, bom dia, não é eu te amo e te digo que doida eu seria se não percebesse a frieza usual que se instala geralmente no mesmo dia em que nos vemos. E, sabe, cansei de tentar entender os teus motivos. Cansei de me sentir trouxa e culpada. Por isso que hoje me dou o direito de virar a página com um ponto final nela. E não é ameaça. Não é blefe. É constatação. Simples assim. Sem drama.

Capítulo I (e único)

Nestes poucos meses de idas e vindas, de muitas madrugadas de conversas sem fim, virtuais, claro, já te disse tudo, tudo o que tinha a ser dito. Absolutamente tudo. E não vou ficar repetindo. Mas acredito, em função das circunstâncias, que algumas coisas ainda não ficaram muito claras e definidas entre nós. 
Sobre a nossa história, se é que podemos definir quatro encontros como uma história, mas em função de terem havido planos - muito mais teus do que meus - então, por tudo o que podia ter sido e não foi, por tudo o que ficou pra trás e que não vai voltar, te digo que jogar o tempo todo é muito desleal com quem não sabe ser metade.
Tu não precisavas ter dito que me amava, não precisava ter feito tantos planos, inclusive usando algumas coisas que sabia a meu respeito (como o fato de eu gostar tanto de fotos, por exemplo), contra mim. Não precisava falsas promessas de churrascos em domingos ensolarados e tampouco viagens curtas para assistirmos juntos o nascer do sol em lugares distantes. Trepei com outros por tão menos, pessoa, e teria feito contigo também. Assim, rápido, fácil e indolor.
Mas enfim, foi. Agora queimou tudo, ardeu em chamas até não restar mais nada. Apenas mais um jogo, mais um ponto pra ti. Apenas mais uma decepção pra mim. Vida que segue.
E, vou te dizer que tu tinhas um papel para cumprir em minha vida, embora nem tenha se empoderado dele: me fez ver que eu podia amar de novo. Me fez sair de uma relação doentia. Pela primeira vez em seis longos anos eu fui capaz de dizer não com toda a veemência do mundo. Isso, por si só, já é maravilhoso!
Então, sim, fica muita coisa tua comigo, inclusive a expectativa de me apaixonar de novo (agora que descobri contigo que posso). E espero, sinceramente, que tu também leve algo de mim contigo, apesar de toda a tua superficialidade.

Prólogo

Resta-me, por fim, para encerrar de uma vez por todas este pequeno livro; que não poderia mesmo ser maior por falta de conteúdo e que fecharei em um baú em algum lugar longínquo de minha alma, para revisitar sempre que se fizer necessário; desejar-te algumas coisas que hoje, ao longo do dia foram me ocorrendo e que não pude colocar no papel porque estava ocupada com o trabalho.
Em primeiro lugar, e extremamente necessário, que tu consigas viver tudo o que deseja, de surubas e outras aventuras sexuais a paraquedismo, e que tu tenhas pessoas bacanas te acompanhando em cada uma delas.
Que, quando cansar dessas aventuras e eventualmente não puder mais ver sentido nelas, tu tenhas um colo brando para onde voltar, uma pessoa para te acolher. E que essa pessoa não te julgue, não te olhe diferente por causa das tuas escolhas e tuas vivências. 
E também, não menos importante, que tu venças esse medo louco de se entregar e possa confiar nessa pessoa e se apaixonar. Que possa voltar a sentir a vertigem, o frio na barriga e o chão saindo dos teus pés ao menos uma vez mais na vida.
E que tu (vocês) tenha(m) filhos, para que tu possa aprender com eles que o amor não se negocia, o amor não se joga e tampouco se manipula. Para que eles - teus filhos - te ensinem que o amor pode ser, sim, incondicional e maior do que nós mesmos.
Que, se algum dia, por ventura, este relacionamento com a mãe de teus filhos acabar, que vocês possam ser bons amigos, sinceros e verdadeiros, e ainda carregarem em seus corações uma terna canção de amor, que os faça lembrar da história que tem juntos.
Que tu tenhas conquistas, muitas, inúmeras delas, desde o papel de parede na tua sala até as mais altas delas, profissão, viagens e afins, mas que nada disso te torne arrogante ou pretensioso.
E que, por fim, tu tenhas ou adquiras a plena consciência da finitude de todas as coisas, para que possa se reerguer mais forte depois de cada perda, cada despedida.
Enfim, sejas feliz!

P.S.: Penso que nem preciso entrar no mérito da questão de que agora é definitivo, não é? Bora viver! E te aconselho, sem nenhum tipo de ironia, a fazer terapia para buscar a ti mesmo. Porque, sabe, amor não é moeda de troca, não é jogo e não é negociável. Jamais será! 

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Sim! Precisamos do feminismo!

Hoje amanheci ansiada, com uma sensação de que deveria me manifestar a respeito do feminismo, já que tenho lido tanta bobagem nas redes sociais a respeito da citação de Simone de Beauvoir, na prova do ENEM.

Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino. BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.

Ao negar a assertividade desta frase, estamos negando que os seres humanos não são apenas seres biológicos, mas também são uma construção sócio-histórico-psíquica e, por que não dizer, também espiritual. A biologia, tão e somente, não faz de nós quem somos. E, ao negar essa completude, esse ser holístico que somos, negamos também a subjetividade do outro que nos cerca.

O fato é que precisamos do feminismo, quer as pessoas gostem ou não. Precisamos do feminismo quando, ao ir para a parada de ônibus vazia num domingo, e ser confundida (pela milésima vez) com uma prostituta, o homem que me aborda diz que, se eu não quisesse ser confundida, não usaria batom vermelho. Precisamos do feminismo quando, ao estar à espera de um ônibus em uma das rodovias mais movimentadas, sozinha, pelo menos cinco de cada dez carros passa e buzina. Precisamos do feminismo quando a simples presença de mais de um homem em um local que estou sozinha, em vez de me provocar alívio, me causa medo. Precisamos do feminismo quando eu estou em uma festa e os caras se acham no direito de invadir meu território e tocar em mim sem autorização prévia. (Mas, afinal, o que eu estava fazendo com aquela roupa? O que eu estava fazendo na balada? Por que eu estava bebendo, não é mesmo?) Precisamos do feminismo quando tenho medo de voltar para casa à noite, mesmo que eu tenha ficado até tarde na rua para trabalhar ou estudar, isso realmente não importa. Precisamos do feminismo quando meu medo de ser estuprada faz com que eu deixe de sair em alguns momentos, ou, quando eu saí, me faz correr pela rua, na ânsia de chegar segura em casa. Precisamos do feminismo quando eu passo oito anos apanhando de uma pessoa que prometeu me proteger diante do altar. Precisamos do feminismo quando eu sou estuprada por este mesmo homem, que pensa que o papel assinado dá a ele este direito. Precisamos do feminismo quando eu sou abusada sexualmente por um primo ainda na primeira infância. Precisamos do feminismo quando na adolescência um cara tenta me estuprar enquanto ainda estou bêbada e, quando tento denunciar, me dizem que minha roupa o provocou. Precisamos do feminismo quando um cara goza na minha calça no trem e tento esconder porque me sinto constrangida. Precisamos do feminismo quando eu crio meus filhos sozinha e ninguém questiona meu ex marido pelo fato de nunca ter dado assistência. Precisamos do feminismo quando agradeço por minha filha ter chegado à adolescência sem nenhum trauma sexual. (Muito embora eu saiba que, pelo simples fato de ela ter se tornado uma mulher, correrá o risco o resto da vida!)

Lógico que não espero empatia por parte de quem está preso na sua redoma de vidro, dizendo que a citação de Simone é tendenciosa e esquerdista. Não espero que entendam, quando até mesmo as mulheres dizem que não precisam do feminismo. Mas, uma vez que vivemos em um país democrático (pra quem?), espero um mínimo de respeito. 

Questões de gênero devem ser abordadas. A violência contra a mulher é uma realidade. Ainda vivemos sob a influência do patriarcado branco/europeu/cristão. E, os leitores de Olavo de Carvalho que me desculpem, mas o fato de vocês irem para a guerra desde os primórdios não faz de vocês melhores do que nós. Afinal de contas, quem gera, homem ou mulher, ainda somos nós. E que comecem os mimimis!

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

O meu lugar (Ânsia por dias mais coloridos)

Há dias tem chovido... 
Dias a fio de temporais e estragos (lá fora e aqui dentro)
Dias assim quero me esconder do mundo.
Era tão mais fácil antes...

Hoje tenho tantas e tantas coisas a fazer,
Pessoas de quem eu devo cuidar.
Eu que nunca soube cuidar nem de mim mesma
Hoje me vejo responsável por outras vidas...

Não estava preparada para isso.
Na verdade, há um abismo imenso que me separa 
De todo o resto... Das pessoas e do mundo...
Hoje me vejo cuidando deles e não de mim.

Quisera ser mais egoísta.
Na verdade, acredito que às vezes sou demais,
Por me fechar e não conseguir interagir,
Por ficar quieta quando quero gritar.

Há certo egoísmo em não compartilhar a dor,
Há certa arrogância no silêncio...
Mas, apesar de tudo isso, ainda me sinto demasiada humana,
Em um mundo de tamanha "desumanidade".

De fato, gostaria de ter para onde fugir,
Um lugar onde pudesse me esconder dos dias cinzentos,
Um lugar onde eu pudesse simplesmente ser eu mesma
Sem mecanismos de defesa.

Acho que não sou mesmo daqui
E por isso reluto tanto em ficar...
Chove lá fora e aqui dentro... 
E, por mais que eu tente, não consigo colorir os dias.

Ter a consciência dessa diferença, dessa distância
Às vezes pode doer por demais na alma,
O amor (pelos meus filhos) é o que me faz querer ficar
Mas ainda sigo acreditando que meu lugar nunca será aqui!

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Sobre o amor em tempos de Tinder

Nunca escolhi livro pela capa. Nunca mesmo. Tudo que li ou foi por indicação, ou por pressão(professores na faculdade, essas coisas). No entanto, escolhemos o amor pela aparência. Sim, isso mesmo. Aceitamos ou descartamos pessoas de acordo com a foto que elas mostram no perfil. E muitas vezes nem nos damos o trabalho de abrir para ver as outras fotos. Classificamos seres humanos: este é muito gordo, muito velho, muito bombado, huuummm, 38 anos e sem filhos, escreve errado, etc, etc, etc. 
Pessoas que tem um rosto, que podem ou não ter algo escrito em seus perfis, mas que, de toda e qualquer forma, suas almas desconhecemos por completo, suas histórias, suas lutas. Muito já foi escrito sobre a nossa geração que tem um vasto cardápio à sua disposição e que, exatamente por isso, não se predispõe a consertar relações, simplesmente manda vir o próximo da lista.
Isso é o que chamamos de conquista? Esse esvaziamento de significados e de significantes? Eu acho muito triste. Sim. Triste. Não há outra palavra que defina. Tudo muito fugaz. Você descobre alguém que tem algo em comum com você, engatam um relacionamento aparentemente feliz, com muitas fotos de passeios maravilhosos, jantares, momentos a dois, publicadas nas redes sociais e, de repente, está se vangloriando por estar novamente solteiro. Ninguém mais vivencia o luto pelo outro que foi embora. Ninguém mais chora por amor. Depois do fim, a volta ao Tinder, a volta à busca e a roda gira de novo. 
Há quem virá dizer que é só sexo. Ok. Sexo sem amor, sem compromisso, sem intimidade. Oi? Eu disse sem intimidade? Sim, disse. E é isso mesmo. Se alguém aí conhece alguém que faça sexo bom, daquelas fodas épicas, sem intimidade, dou um prêmio. Porque sexo, meus amigos, a meu ver, melhora com o tempo. Quando a gente começa a conhecer as vontades e manias do outro e também - e não menos importante - quando a gente se conhece e sabe bem o que quer na cama. E não é lição de moral. Mas a verdade é que hoje a preocupação é bem maior com a quantidade do que com a qualidade. 
Vou dizer que não tenho moral para dar lição de moral. Estou no Tinder, também classifico as pessoas, também analiso pela aparência, afinal, não há muita coisa além disso para analisar em um primeiro momento. Mas, gente, beleza atrai, conteúdo convence. Sei que dá medo se envolver com alguém, sei que o amor, a paixão, machucam, mas, resumir a vida a casinhos rasos não pode ser o maior objetivo. Todo mundo precisa de sexo. Isso é fato. E nós, mulheres, hoje podemos dizer isso com todas as letras, também precisamos, também gostamos. Mas não pode ser só isso. 
Particularmente falando, sempre que dou "Unmatch" fico me perguntando se ali não estaria uma pessoa bacana que perdi de conhecer. Nossa arrogância está nos fazendo perder o pouco que nos resta de humanidade. Estamos nos perdendo uns dos outros. Perdendo oportunidades únicas de fazermos amizades, de termos parcerias constituídas com pessoas que podem ser especiais. Estamos abrindo mão de histórias. Pra contar. Pra viver. E, todos os dias, tenho me perguntado onde vamos parar se a carruagem seguir desta forma...
Pode parecer clichê, mas, de tudo o que já foi dito, escrito sobre a geração Tinder, espero que fique um prenúncio de esperança para as próximas gerações. Que eles sejam capazes de reconhecer o amor, mesmo que de maneiras meio tortas. E que, apesar de "se divertirem com as pessoas erradas, enquanto as certas não aparecem, possam se encantar com as coisas que a vida nos traz e que, muitas vezes, não conseguimos perceber, perdidos em nossa ânsia em evitarmos todo e qualquer sofrimento.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

O desapego, esse anjo do cotidiano

Sentada na minha sala, a sala de recursos da escola, ouvindo "Over the hills and far away", do Led Zeppelin, sem alunos para atender, me pego absorta em mil pensamentos, quisera tivesse uma cerveja para conseguir expressar melhor as coisas que me vem à mente, aos turbilhões, brotam tal e qual goteira no telhado, queria poder organizá-los, mas ultimamente não tenho conseguido concentrar nem nas minhas leituras. Tentei reler Dostoievski há umas semanas atrás e não consegui passar da primeira página. Lamentável. Preciso de conteúdo, já que academia não consigo mais sequer pensar. Falta grana e falta, principalmente, paciência pra conviver com a futilidade, mais que já convivo. Sei lá, no trabalho já tem o bastante, imagina só pagar pra conviver com algo que detesto. Preciso de conteúdo porque, no final das contas, no final de tudo, é só ele que vai restar. Então, já que Dostoievski não deu, leio poesia. Poesia tem dado certo. Mas meu déficit de atenção permanece...

Começa a tocar Queens of the Stone Age e alguém me chama no Whats: "Cara de sapeca que você tem", respondo com um: "Em que sentido?". Sei o sentido. Sei a intenção. Mas curto me fazer de boba, deixar que acreditem numa inocência que não tenho desde muito tempo. Aliás, nem sei se algum dia tive. Um cara qualquer, de um site de relacionamento qualquer. Não sei nem o nome. E não tenho como procurar porque nem sei onde foi que nos conhecemos. Está lá, um número de telefone qualquer que não me diz nada. Absolutamente nada. Um número. Engraçado esse lance com números. Quando deixamos de lado as nossas histórias, nossas almas, nossas identidades e nos tornamos um simples número. Dentro de empresa grande acontece muito disso, mas na vida pessoal, está acontecendo agora. E nem sei se isso é culpa das redes sociais ou se é culpa da forma com que a humanidade tem visto as coisas.

Sou um número pra muitos dos caras, a número dois da semana, a número doze do mês, a número 37 do ano. E muitos também o são para mim. O seis da semana (sim, sinal que tiveram outros cinco antes dele!), os números servem exatamente pra isso: descaracterizar. Tornar impessoal algo que poderia ser pessoal. Muitos se tornam nomes. Sim. Nomes na agenda, nomes nas conversas com as amigas mais chegadas. Sim, é uma escolha. Mas também existem razões específicas pelas quais eles ganham uma identidade: as conversas para além do sexo, as cervejas tomadas e as discussões via WhatsApp que nunca dão em nada. São aqueles que voltam, que ficam. Por algum motivo que é deles, que não sei explicar. Mas que não é apego. 

Aí, ao som de "Unwell", do Matchbox Twenty, releio o que escrevi até aqui e penso: impublicável este texto. Certamente vai decepcionar muita gente. Vai? Ahhhh, já nem quero mais saber. Estes dias, em uma conversa com um amigo, um dos que tem nome, idade, endereço, surgiu essa expressão sobre o desapego, falávamos algo sobre como o amor complica as relações, faz tudo ficar complexo, coisas que eram pra serem tão simples tornam-se uma tempestade, bagunça tudo. O desapego é um anjo nos dias de hoje. Não cobra, não machuca, não dói. Você simplesmente não guarda expectativa porque realmente não espera nada daquela pessoa. E tem momentos legais? Tem, sim. Tem jantares, cervejadas, chimarrão com chocolate e muitas risadas. Mas são impublicáveis porque não existe a necessidade de mostrar que você, mesmo sem um relacionamento fixo, também vive as coisas que as pessoas mostram no Instagran. Os rótulos são desnecessários. Você vive mil horas em apenas duas e vai embora. Volta pra sua vida, pro seu espaço, sem precisar do conflito da invasão. 

Tenho muita história pra contar. Histórias que talvez deixassem o Henry Miller e a Anais Nïn com vergonha ou com inveja, vai saber. Fui a lugares que pensei: "Nossa, se a Nïn visse isso!". Estou fora de padrões em todos os sentidos e nunca fiz questão de estar. Isso inclui, por certo, a parte de relacionamentos. Por que, afinal, devemos fingir a perfeição onde não existe? Hoje entendo que muitas vezes tem muito mais verdade numa trepada (fiquei cerca de dez minutos pensando na melhor expressão a usar, mas que se foda também) bem dada do que num "eu te amo", dependendo de quem o diz. E, olhem bem, não estou afirmando que o amor é algo ruim. Mas, de fato, o desapego tem me ajudado a ficar longe dele. E tem sido bom. Exigir reciprocidade e exigir o que me é meu por direito. Não aceito nada menos do que isso. Tenho minhas condições, escolho e vou embora na hora em que bem entendo. Sou caçadora. Mas por vezes deixo que me cacem, só às vezes. E é tão bom ir embora dos outros quando não posso ir embora de mim mesma... E desapegar na mesma velocidade e proporção com que me apego. É uma dádiva, uma bênção... E, pro Cazuza, que dizia que "só as mães são felizes", eu digo: "Não, Cazuza, só os desapegados são felizes!"


sexta-feira, 10 de julho de 2015

Um brinde a todos os caras que ousaram gostar de mim

O título deste post diz tudo... Gostar de mulher forte não é pra homem frouxo mesmo. Tem que ter colhão, porque por certo jamais será uma relação de interdependência. A mulher é bem resolvida financeiramente, não pede e nem dá satisfação, sabe o que gosta e o que quer na cama - e também fora dela, então, meu amigo, se não for por um mínimo de amor, não haverá entrega, de jeito nenhum.
Vou explicar, muito embora eu pense que isso tudo seja meio óbvio, ainda tem gente que não entende, ou finge que não entende essas coisas... Hoje em dia é muito fácil, até banal, eu diria, arrumar uma trepada. Exatamente isso que estou dizendo. Eu mesma, se quisesse, estivesse predisposta, teria um cara para cada dia da semana. Ou mais. Mas a questão é que predominam relações cheias de... nada! Hoje em dia todo mundo fala em amizade colorida, mas quer só o "colorido", esquece que a amizade em si tem um conceito muito amplo, muito maior do que parece... Não se estabelecem parcerias, você tem de ser disponível pro sexo selvagem (que nem sempre é bom ou, de fato, selvagem), mas, quando precisa de um parceiro pra chorar as pitangas, um ombro amigo, ou mesmo tomar umas cervejas, todo mundo some... Triste, muito triste.
Hoje vejo que a maioria dos caras ainda separa a mulher "pra casar" da mulher "pra trepar", o que considero um grande retrocesso. A maioria dos casais de namorados que pintam a imagem de "casal perfeito" no Facebook ou em outras redes sociais é aparência (desculpe aí se o chapéu serviu, amiga, nada contra). Mas digo isso com uma mega propriedade. Já fiquei com muito cara que tinha namorada linda de morrer e reclamava que a menina era tipo boneca inflável, saca? Mulher sem atitude mesmo. Aí eles procuravam na rua o que não tinham em casa. Enfim, sempre pergunto pra esses meus amigos por que continuar uma relação assim se é pra trair, a resposta quase sempre é a mesma: famílias envolvidas, filhos, etc. A real é que necessitam mostrar algo pra sociedade. Mesmo que seja algo que não os complete, mesmo que seja algo que, no íntimo deles, não faça a mínima diferença. Você aí que tá me chamando de vadia neste exato momento, pare de ler agora este texto e vá ler sobre questões de gênero, se informe, depois, quem sabe, volte... Sim, fiquei com caras comprometidos, e daí? Como dizia uma professora de faculdade: o vinho é bom e a carne é fraca. Torno a dizer que eu não tinha compromisso, então, se alguém deve uma resposta para a sociedade, esse alguém são eles. 
O que percebo, minha gente, com tudo isso que estou expondo é que, embora as desculpas sejam sempre as mesmas para não assumir relacionamento com uma mulher como eu (filhos, liberdade limitada, vida profissional corrida, idade, etc), o que rola de verdade é medo. Isso mesmo que você está lendo: um medo incontestável de ser julgado pelo resto da humanidade. Afinal, mulher que tem filho, - os cria sozinha, inclusive -, que trabalha, é dona de seu próprio nariz e, não menos importante, ganha mais do que o cara, muitas vezes, não ficará em uma relação meia boca. Nem que a vaca tussa mil vezes. No primeiro olhar pro lado, no primeiro indício de que as coisas não andam bem, ela manda caminhar. Assim mesmo. Pra mulher assim não existe no vocabulário "relação por conveniência", ela não precisa. E é exatamente aí que o bicho pega. Porque os homens ainda não sabem lidar com tamanha independência. Não sabem lidar com o fato de que aprendemos, sim, a separar sexo de amor. E, finalmente, não sabem lidar com o fato de que não precisamos mais deles nem mesmo para termos prazer. 
Se ficamos com alguém é porque essa pessoa complementa, essa pessoa constrói junto, essa pessoa faz alguma diferença, porque, senão, caminhamos sozinhas sem problemas. E não ligamos no dia seguinte, só para constar. Desapegamos com a mesma frieza e rapidez com que nos apegamos e assim a vida segue... Por isso, por tudo que expus acima e ainda mais um pouco que está nas entrelinhas, que torno a dizer: os caras que me tiveram foram muito machos! Muito mesmo! Tem que ter muita coragem para se deixar envolver por uma mulher forte e bem resolvida (e eu sou, sim, obrigada). Um brinde a todos vocês, meus queridos, não importa o tempo que tenham passado ao meu lado, se 30 minutos ou alguns anos... Se tiveram algo de mim é porque realmente mereceram. Porque estou bem sozinha, muito bem, sim, antes que venham perguntar. E prefiro conviver comigo mesma a ter relações de aparência. Saio com quem eu quero. E sempre é tão épico que todos, absolutamente todos, voltaram até hoje. 
Que cada um, e cada um sabe de minha entrega - ou não - saiba da admiração e respeito que tenho por vocês porque ter uma mulher que nem eu (e eu conheço algumas) não é pra quem quer, é pra quem pode! E tenho dito!

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Sr. Kowalski traduzindo minha saudade


Eis que ele se foi... Não havia dado sinal de que iria até o último dia, em que a doença tornara-se tão crítica... Relacionei tua mudança de comportamento à nossa mudança de endereço, já que, pra você, seria a terceira, pensei que estivesse traumatizado e depressivo, pois mudanças sempre são críticas para os felinos. Conversei várias vezes contigo, disse que, onde quer que eu fosse, você estaria comigo, jamais abandonaria um filho, um amigo, o melhor amigo de todos... Mas você estava doente. E eu custei a perceber isso. E talvez já fosse tarde demais quando buscamos por socorro... 
Pensando no lado espiritual, talvez você tenha percebido que já havia cumprido tua linda missão ao nosso lado. Tantas e tantas coisas que passamos juntos... Tantas que nem sei contabilizar... Você deitava ao meu lado e lá ficava. Quantas horas fossem necessárias. Até que eu estivesse pronta pra levantar, enxugar as lágrimas e começar a viver novamente. Meu grande parceiro, meu guerreiro, meu irmão de alma...
Depois que vi a vida te deixar, naquela maca fria do consultório, depois de ter tentado de tudo, me pareceu que você levou uma parte de mim contigo, naquele momento exato, naquele segundo em que o brilho da vida deixou teus olhos, senti parte da minha alma esvair-se junto da tua. Você estava nas minhas mãos, senti quando teu corpo perdeu tua alma... Ou tua alma deixou teu corpo, acho até que este é o mais correto a se dizer. E, vou te dizer, meu velho, meu coração meio que parou de bater por um segundo naquele fatídico momento. Foi foda. Um dos momentos mais fodas da minha vida...
Parece até exagero. A maioria das pessoas não entende essa relação com os bichos. Mas eu e você tínhamos algo que ia além da vida. Você estava comigo o tempo todo, dormia do meu lado, deitava em meu colo, esfregada teu focinho lindo e rosado na minha cara para me dizer que eu também era parte de você. E é incrível que, a cada momento em que tu se aproximava, eu pensava: "Cara, vai ser foda quando ele me deixar..." Eu só nunca imaginei o quanto seria...
Quando meio que deixei de acreditar em alma gêmea, passei a crer que, caso eu realmente tenha alguma no mundo, essa alma seria de um dos meus felinos, ou de todos, vai saber... Já que algumas crenças tem a teoria de que nossa alma pode se dividir muitas vezes... Minha alma se dividiu e renasceu muitas vezes em felinos. Felinos lindos, felinos que amei como a um filho, Lilith, Mustapha, Sr. Frodo, que você não gostava muito e agora você.
Espero que vocês tenham se encontrado aí no céu, que tenham muitos fiapos e bolas de lã para brincarem. Que tenham muitas cobertas quentinhas para se aconchegarem e um gramado bem verdinho e macio para vocês rolarem e eventualmente comerem a grama quando rolar aquela dorzinha na barriga. E que tenham pessoas para acariciarem vocês quando vocês se aproximarem daquele jeito manso e ronronante... Me esperem, meus pequenos, porque o reencontro é certo. Uma hora destas estarei aí com vocês para seguirmos trilhando juntos os nossos caminhos.
E, Kowalski, meu filho ruivo e querido, saiba que levei a Moira pra casa... Ela é parecida com a Flor, aquela gatinha por quem você se apaixonou há um tempo atrás, lembra? Sei que era isso que você queria... Fica tranquilo, porque ela vai ter o mesmo amor que vocês todos tiveram. Teu mano, Snape, te procura em casa durante a noite... e o Gandalf, que é quietão, daquele jeito dele, chorou quando o levamos para a casa nova... Queria que você estivesse lá conosco. Porque agora não teremos mais mudanças. Essa casa é nossa e será pra sempre. Mas não terão lembranças felizes tuas por lá, que pena... Mas ainda bem que deu tempo de você conhecer antes de ir. Te amaremos pra sempre, ruivo. Te cuida aí e manda beijos pros teus irmãos por mim. Até logo... Amor de minhas vidas!