quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Reflexões a respeito do ano que vai... e do que vem...

Então chegou... Finalmente estamos no último dia de 2014. Antes dele, passaram por nós exatos 364 dias. Dias de risada, de festa, de muita música, de união de família, amigos, irmãos, colegas de trabalho. Dias de dor, dias que não foram lá grandes coisas, de tédio, de angústia, de tristeza e lágrimas. Como em todos os outros anos. Como em todas as outras histórias, a minha não fora diferente.
A questão é que, como disse Drummond em seu belo poema, que bom que existem os dias primeiros e, junto com eles, toda a renovação e as chances de recomeços. E é isso, gente. Por mais que os momentos ruins tenham nos deixado marcas profundas, aqui estamos nós, cheios de esperanças de que tudo melhore. Não morremos! 
Como faço todos os anos, guardo um momento do meu dia para refletir a respeito do que escrevi nas 364 páginas em que estive em pé e, querem saber? 2014 foi um ano muito bom! Foi,sim. Um ano de muito, mas muito trabalho, algumas decepções, muitas, inúmeras mudanças. Provavelmente, se você é uma das muitas pessoas que vi reclamar no Face do ano que se vai hoje, você deve estar pensando: "Hum, grande coisa que o ano dela foi bom, o meu foi um lixo..." Convido você a refletir sobre algumas coisas que certamente você não deve ter pensado: se foi difícil pra você, que aprendizado você conseguiu tirar disso tudo? O que vai fazer para que 2015 seja um ano diferente? Está disposto a mudar você mesmo para alcançar outros - e novos - objetivos?
Todos passamos por dificuldades. Aliás, tenho uma teoria de que felicidade plena e eterna é uma utopia. Só existe no plano dos sonhos mesmo. Nossa vida terrena é feita propositalmente de altos e baixos exatamente porque devemos evoluir, crescer, transcender. E isso não é fácil! Fato! O que fazemos com nossos momentos difíceis é que nos difere... Se você se vitimiza, culpa o ano, culpa o tempo, o clima, o dia da semana, tenho uma super novidade pra você: todos os anos serão uma bosta! Porque o que todos os anos, todos os dias, toda a sociedade precisa é de atitude, meu querido! Atitude! 
Comece a mudar o seu ano por você mesmo. É mais ou menos isso. Passeando pelo Face vi muita gente reclamando de 2014. Estava até pensando se deveria mesmo falar do quanto este ano fora positivo em minha vida, se não despertaria reações controversas nas pessoas. Mas, assim, de boa, que o que entendi é que os momentos, sejam bons ou ruins, passam. Passam muito rápido. O que fica é o que você construiu dentro de você a partir destas experiências. E, vejam bem, não estou dizendo que 2014 foi um mar de rosas, longe disso! Tive de enfrentar muitas coisas, crises depressivas, problemas com vizinhos, fazer escolhas difíceis, que me afastaram de pessoas que me eram muito queridas e que me fizeram conhecer outras que hoje passaram a fazer parte da minha vida. Trabalhei muito, passei mais tempo fora de casa do que curtindo meus filhos e meus bichos. Mas aprendi que tudo isso me fortaleceu. E tem me fortalecido sempre. As coisas não são fáceis para mim. Passei num concurso, comemorei, fiz festa e nem fui nomeada ainda, oras. Troquei o certo pelo que parecia duvidoso, aceitei desafios que me tiraram o sono por dias a fio. Mas estou aqui. E, assim como todos vocês, também espero que 2015 venha repleto de alegrias e bons momentos. Mas sempre ciente e consciente de que os momentos ruins são, sim, inevitáveis. Mas, sinceramente, espero que daqui a exatos 365 dias, eu volte aqui para escrever outras palavras positivas. Lembrem-se, pessoas, três coisas básicas que devemos levar conosco para o ano que vem: mudar a si mesmo, antes de mudar o entorno; tudo, tudo, passa e, o mais importante de tudo, tudo é aprendizado, busque evoluir com as dificuldades. E tenho certeza de que 2015 irá surpreender positivamente. A todos nós! Feliz 2015! Que seja sereno, suave e doce... 

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Um do outro

"Eles se amam. Todo mundo sabe mas ninguém acredita. Não conseguem ficar juntos. Simples. Complexo. Quase impossível. Ele continua vivendo sua vidinha idealizada e ela continua idealizando sua vidinha. Alguns dizem que isso jamais daria certo. Outros dizem que foram feitos um para o outro. Eles preferem não dizer nada. Preferem meias palavras e milhares de coisas não ditas. Ela quer atitudes, ele quer ela. Todas as noites ela pensa nele, e todas as manhãs ele pensa nela. E assim vão vivendo até quando a vontade de estar com o outro for maior do que os outros. Enquanto o mundo vive lá fora, dentro de cada um tem um pedaço do outro. E mesmo sorrindo por ai, cada um sabe a falta que o outro faz. Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos. É fácil porque os dias passam rápidos demais, é difícil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles. E todos os dias eles se perguntam o que fazer. E imaginam os abraços, as noites com dores nas costas esquecidas pelo primeiro sorriso do outro. E que no momento certo se reencontrem e que nada, nada seja por acaso."

(Tati Bernardi)

Já faz algum tempo que armazenei este texto no Blog... Um texto que resume o que tem sido a vida dela até aqui. Por isso ninguém se aproxima, por isso ninguém a olha além da carcaça. Porque é fácil perceber o quanto dele ficou dentro dela. Sim, apesar da falta que ele faz, ela seguiu a vida dela, tentou com outros caras, mas concluiu que sempre buscará por ele em quem quer que seja... Então, se adequou à solidão, buscou nos amigos e familiares o amparo porque este vazio algumas vezes fica insuportável. 

Ela se formou, fez pós graduação, especialização, aumentou a carga horária de trabalho até a exaustão. Chega em casa, alimenta os gatos e vai pra cama, sem tempo de pensar muito na saudade. Mas sempre torce pra sonhar com ele. No mundo dos sonhos, quem sabe, eles podem ficar juntos novamente. 

Sabe o quanto tudo se tornou impossível para eles nesta vida. Sonhava com uma possível reencarnação para resolver as coisas, mas o fato dele ser cristão e ela pagã meio que atrapalhava essa expectativa. Ele não acredita em outras vidas. Mas também sabe da impossibilidade de as coisas se ajeitarem nesta. Então, ela pensava, como viverei esta e outras vidas na impossibilidade de acabar com esse vazio, na impossibilidade de resolver de vez essa história? O foco na vida profissional não fez com que ela esquecesse. Dormia pensando nele e acordava pensando nele. No fim das contas, voltar a falar com ele como amiga não foi uma boa ideia. 

Saber das coisas dele não é tão legal quanto parecia no começo, porque fica fácil de perceber o quanto ele está distante, o quanto o sentimento ficou somente nela... Alguns dias ela reza e pede por uma terceira pessoa, alguém que a tire deste oceano sem fim, nem que seja pra viver na tranquilidade, não mais nesta onda de paixão e medo que ela vivera ao lado dele e hoje vive sem ele. Alguém que não seja tão complicado, que traga apenas "a sorte de um amor tranquilo"... Mas esse alguém não chega nunca... E ela cansou das baladas e das ficadas, relações vazias que não duram muito mais do que alguns encontros. Escolheu, então, ficar sozinha. E isso de vez em quando provoca uma dor tão grande nela, mas tão grande, que ela acorda pela manhã e toma banho, café, vai trabalhar, como uma autômata. Como se estivesse fora do seu corpo, sua alma ficara em algum lugar, adormecida. Só assim consegue sobreviver à dor que este vazio provoca. 

Os dois se falam. Quase todos os dias. Por vezes se recordam juntos de alguns momentos vividos, mas, no geral, tentam mesmo se comportar como velhos amigos. Ele começando uma faculdade, ela começando a terceira especialização. Falam sobre trivialidades. E dói muito nela pensar que jamais poderá falar novamente de seu amor. Jamais poderá dizer "eu te amo" de novo. Porque isso o afastaria. E porque daria poder a ele de fazer o que quisesse com esse amor. Não. Não podia arriscar. Porque esse amor já fora massacrado, pisoteado e enfeitiçado demais pro gosto dela. Que ficasse guardado, lá dentro, mesmo que doesse por demais. E a impressão que ela tem é de que essa é uma ferida que nunca sara. Nunca. E anos já se passaram desde o fim. Encontrou e-mails em sua caixa trocados pelos dois na época do fim, ficou com raiva dele, tentou dizer para si mesma do quanto não valia a pena. Tentou se recordar apenas das brigas, dos momentos de angústia, mas era impossível. Tentava esquecer. Mas isso era mais fácil antes. Porque ela já estava esquecendo do rosto dele, até aquela tarde de sol em que se reencontraram. Agora, ao tentar esquecer, lembrava ainda mais. O rosto, os olhos, o sorriso. Uma tortura tão imensa que por vezes ela pensa que sumir talvez seja a única solução. 

Não pode excluí-lo de vez de sua vida, porque estaria mostrando a sua fraqueza, não pode deixar de falar com ele sem dar uma explicação, pois isso despertaria o instinto vingativo dele. Então ela vai suportando, um dia de cada vez, a conversa fiada com ninguém menos que o grande amor de sua vida - que fala em outras, que fala que ela deve buscar outros - sem ter a noção do quanto essas coisas a machucam. Todos os dias, quando ele a chama, ela guarda, lá no fundo, a esperança de que seja uma confissão de amor, de que seja uma mensagem do tipo: "A quem estamos enganando? Eu te amo, quero ficar com você, onde posso te encontrar?" A única certeza que ela tem é que ela iria correndo. Assim, sem pensar. Voaria aos braços dele. Apostaria tudo. Mas ela sabe que isso não vai acontecer. Ele sempre enfatiza: "Somos amigos!" E assim, ela vai morrendo aos poucos, a cada dia que passa, por saber que é nos braços de outra que ele encontrará a paz. É nos braços de outra que ele vai viver os momentos mais importantes de sua vida, formatura, compra da casa, casamento, filhos. Não suportaria estar por perto quando isso acontecesse. Pensou em mudar de cidade inúmeras vezes. País. Planeta, talvez. Qualquer lugar que não tivesse a presença dele nas ruas. As lembranças dos dois nos lugares. 

A verdade é que ele jamais saíra, por um minuto sequer, de dentro dela. Nem quando ela esteve com outros. Outros mais bonitos, mais interessantes, mais inteligentes. Nada, nem ninguém neste mundo insano faz com que ela esqueça a intensidade do olhar que ele lhe lançava e o quanto esse brilho foi se apagando no final. Culpa-se por isso todos os dias. "Matei o amor dele por mim", ela pensa. E já não sabe mais se estar com ele ou longe dele é o que a faz sofrer mais. E é por isso que tudo é tão impossível entre eles... E essas impossibilidades tomam conta de tudo... Ele torce pra encontrar um novo amor. Ela torce para que ele a reencontre. E assim os dois vão fingindo. Que pode haver amizade depois de um amor que queimou quase tudo. De um amor que, de tão intenso, nem as cinzas restaram. Levadas pelos ventos das lembranças para muito longe. Outro dia ele falou da música que era deles. Ela nem se lembra mais... Porque outras coisas ficaram. Mais doloridas... Ela realmente espera que essas feridas sarem e que uma outra pessoa possa apagar tudo isso de dentro dela. Que arranque ele de dentro dela e que, assim, dessa maneira, ela possa continuar vivendo. Mesmo sem o pedaço de sua alma que ficou presa a ele. 


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Feitiço do amor impossível

Dizem, na magia, que, quando você traça um perfil de alguém impossível de ser encontrado, um alguém que "não existe", por assim dizer, você consegue fechar o seu corpo e coração para o amor... Eu tenho pensado nisso, pois não deixa de ser uma forma de selar o seu destino, afinal de contas, não estamos num filme e, ao contrário do que acontece no cinema, as probabilidades de aparecer alguém com as características que você traçar são mínimas, para não dizer que são nulas... Mas, pensamento vai, pensamento vem, oriundos de uma alma que já sofreu o bastante, resolvi tentar a sorte. Não, não de encontrar tal pessoa, mas de fechar meu corpo mesmo...
Sendo assim, vamos ao ser inexistente: ele terá cabelos lisos e compridos e que, apesar da idade, não esbranquiçaram com o tempo, seguem escuros tal e qual os índios americanos ostentam. Boca carnuda, espessa, de formas tão perfeitas que, ao espiá-lo de lado, poderei ver a forma de um coração... Seus olhos, mais importantes de tudo, além de revelarem a alma de guerreiro, terão cor de mel, escurecerão quando ele estiver brabo ou triste... Me olharão além da carne, tocarão minha alma, jamais olharão além de mim e me acompanharão onde quer que eu esteja... No corpo, uma tatuagem maori, que cobrirá todo o lado esquerdo de seu tórax, mal saberá explicar o significado de todos os símbolos, pois terá feito a maioria das sessões bêbado, para aguentar a dor e, ainda assim, chamará sempre de "rito de passagem"... Seu sorriso iluminará tudo em volta. E sempre olhará para baixo quando sorri. Porque prefere ter a fama de malvado para quem não o conhece...
Curtirá rock, livros, poesia, terá lido Blake e, sempre que eu estiver triste, encontrará algum poema dele que - ele acha - tem algo a ver comigo. Mesmo que depois eu leia de novo e não me veja nele... 
Saberá cozinhar divinamente, mas sempre fará charme pra ir pra cozinha, preferirá comer as minhas gororobas e meu arroz grudento. Mas não por preguiça, só porque gosta mesmo... Terá um papo apaixonante, desde as viagens que fez, pessoas que conheceu, livros que leu, - sem me provocar ciúmes de seu passado porque todos os dias me mostra que só nasceu depois que me conheceu -  filosofia de mesa de bar será com ele, pois conhece um tantão do mundo e outro tanto de autores, cinema, magia... Sempre que eu falar numa discussão, me olhará atento e admirado, perguntando-se: "onde eu estive todo este tempo que não a encontrei antes"... Todos a nossa volta dirão que ele tem olhar de bobo quando me olha. Será amigo e cúmplice dos meus filhos, guardará segredos com eles que talvez eu jamais saiba. Terá um imenso interesse por tudo o que me cerca... Alunos, escolas, palestras, traduções... Segurará a barra dos meus estudos eternos, seja mestrado ou livros de magia. Praticaremos yoga e fotografia juntos. Desistirei do Muay Thai porque terei ciúmes, brigaremos, porque ele vai continuar. Me aceitará, mas saberá impor suas vontades. Me amará acima de tudo, mas sem perder sua essência, sua personalidade. Teremos amigos em comum, teremos amigos só nossos, teremos ciúmes um do outro com nossos amigos que são só nossos, mas manteremos as amizades, porque ambos seremos teimosos...
Os animais serão a nossa causa comum, dentre tantas coisas e gostos que já compartilharemos, esta, com certeza, será a mais importante delas... Jamais me criticará quando "algum cachorro me seguir por aí", terá imenso amor e respeito por isso... Viajaremos juntos e nossa casa será tal e qual um museu de quinquilharias - a maioria quebrada por causa dos gatos - trazidas destas viagens. Tomaremos vinho no inverno, cervejas no verão, daremos risada juntos e choraremos juntos também. As pessoas que estarão ao nosso redor dirão que nascemos um para o outro, tamanha perfeição que será nós dois juntos... Seremos felizes pelo simples fato de termos um ao outro. E sempre que brigas acontecerem, um dos dois voltará atrás e sairá feito louco na rua, de pantufas, para não deixar que o outro parta, pois já não dá para imaginar a vida sem o outro ao lado. E com ele aprenderei a gostar de coisas que antes não gostava, como culinária indiana e tailandesa, como Karl Marx e azeitonas... E ele aprenderá comigo que o tempo é algo a ser administrado, que gatos não querem dominar o mundo e que o dia não começa antes do café de manhã. Seremos um do outro, tanto, mas tanto que as pessoas em volta não entenderão tamanha ligação.
Ele terá habilidades únicas, tais como atrair pássaros e admirá-los livres na natureza, por isso sua natural resistência inicial relacionada aos gatos... Beija-flores e sabiás serão comuns de se ver no quintal, ele saberá cuidá-los e alimentá-los, como eu mesma nunca soube fazer. 
Não gosta muito de academia, mas será amante de caminhadas e passeios ao ar livre e, vale dizer, seu lado "Headbanger" também faz com que ame lutas e afins. Mas terá um lado sensível e sofrerá com as injustiças. Mas ele não será tão frágil quanto eu e saberá lidar com minhas dores e me tirar de meus próprios abismos, mesmo quando eu tentar afastá-lo, mesmo quando eu não quiser ser salva, ele irá entender e depois rirá do jeito como me aninho no colo dele quando me sinto desamparada... 
Por conta da consciência do tempo que perdemos longe um do outro, teremos urgência em viver as coisas, urgência e pressa. Por isso, todos os momentos, desde os jantares entre famílias, amigos, até o filme velho na tevê, serão únicos, sempre terão aquele toque de magia e dejavú... Já vivemos isso em outro tempo e outro lugar. Esta certeza nos faz não olhar pros lados, jamais cogitar outras possibilidades, pois nos bastaremos um ao outro. Em tempos de relações fúteis, estaremos entregues como ninguém mais estará. Mergulhados em nossos oceanos e conheceremos um ao outro muito mais do que pessoas que convivem conosco há anos nos conhecem. Ele será sempre meu porto seguro e eu a sua estrela guia. Mas sem muita melação. Na medida certa de carinho e ferocidade, quando esta se fizer necessária. Ferocidade nas brigas, porque tudo com a gente é intenso e dramático demais, não sabemos ser metade, meio termo, água morna... E ferocidade na cama... Sempre pré disposto, sempre com vontade, em qualquer lugar, a qualquer hora. Perfeito!
Selo este feitiço dizendo que, onde quer que esteja, este amor impossível, que sei que não encontrarei nesta vida, talvez nas próximas, quem sabe, é por quem tenho esperado desde sempre. Pessoa a quem amarei com todas as forças que tenho e a quem doarei meus dias. Lamentarei a morte quando estivermos juntos, mas a certeza do reencontro acalentará minha alma. Que você me reconheça, grande amor, e que saiba que este vazio que sinto talvez seja por não ter a tua presença junto de mim. Esperarei quantas vidas forem preciso. 

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Algumas reflexões sobre a Morte

Eis que depois da trágica notícia do jovem humorista Fausto Fanti ter cometido suicídio, ontem soubemos da morte do grande e genial Robin Williams, ator de clássicos do cinema, como Sociedade dos Poetas Mortos, inesquecível, O Homem Bicentenário, entre tantos outros... Ontem essa notícia me pegou tão de surpresa, tão despreparada, que fiquei buscando no meu celular a causa da morte e, finalmente, encontrei uma notícia que dizia que a possível causa da morte seria suicídio. Surpreendente! Entristeci-me ainda mais com este fato. 
As pessoas ficam se perguntando o que leva uma pessoa a escolher ir... Já que a vida tem tantas e tantas coisas boas, temos as pessoas que amamos, que nos amam, sabemos o sofrimento que causaríamos nelas, e, ainda assim, escolhemos ir... Covardia? Não... Muito longe disso! Desculpem-me, vocês que estão acostumados a julgar este tipo de ato, dizendo que temos de ser fortes, enfrentar as dificuldades da vida, e todo esse blábláblá que estou acostumada a assistir todos os dias nas redes sociais, mas tem momentos em que o desespero é tamanho, tão grande, tão intenso, que somente a morte nos apresenta uma cura viável para tamanha dor...
Não estou aqui apoiando tal decisão, nem defendendo quem escolhe este caminho, até porque cada um sabe o seu próprio limite, eu mesma já tentei partir tantas e tantas vezes, sei o que senti nestes momentos e não desejo isso nem pro meu pior inimigo... Mas proponho uma reflexão a respeito da morte, ou melhor, da escolha pela morte... 
Você aí, que acha sua vida maravilhosa, já pensou a respeito destas coisas? Já parou para pensar se um dia tudo acabar de repente, que legado terá deixado? Vamos além, o que tem provocado o suicídio de pessoas inteligentes e sensíveis? Já se perguntou a respeito disso? Outrora, vimos os astros do rock se matarem lentamente com o abuso de drogas, que considero também uma fuga da realidade... Que atire a primeira pedra quem nunca tomou um "porre desopilador", todo mundo bebe para esquecer algo, para comemorar algo, ou simplesmente porque precisa de um tempo... Fugas e mais fugas... Dormir muito tempo também é uma fuga... Usamos, todos os dias, de subterfúgios para fugir, esquecer ou tentar amenizar a nossa dor. Remédios, abuso de exercícios, abuso de comida, de sexo... Algo que, mesmo que por um instante, nos provoque uma sensação momentânea de alívio, de prazer... Já que sabemos que tudo lá fora já se partiu e já faz algum tempo...
A vida não está fácil. Relações efêmeras, superficiais e, pior que isso, movidas por interesses momentâneos que não duram muito tempo... Temos cada vez mais medo de amar, de nos entregar... Ontem vi uma frase que resume tudo isso, não me lembro bem o autor, mas é a seguinte: " É mais fácil amar, do que sermos amados, mas, ainda assim, devemos amar..." Com certeza. Jamais teremos a certeza absoluta do amor do outro por nós. Jamais teremos certeza de que a recíproca é verdadeira. Mas, ainda assim, devemos correr o risco e pular neste abismo. O problema é que essa queda tem machucado muita gente porque não havia reciprocidade, não havia respeito e sequer havia algum tipo de sentimento por parte do outro. E é nessa história triste que os mais sensíveis se perdem...
Sempre convivi com a sensação nítida e, em alguns momentos, extremamente e insuportavelmente verdadeira, de não pertencimento. Sempre me pareceu que eu não era daqui. Talvez eu tenha sido uma das primeiras almas "índigo" a aterrissarem neste planetinha insano, porque nem me atrevo a me narrar como "cristal"... Mas eis que essa sensação de não enquadramento provoca a descoberta do vazio. Dentro e fora de nós. Um vácuo que nos separa do resto... Simples assim... E tão dolorido que é impossível dimensionar esta dor para aqueles que acham que o mundo é maravilhoso e que estão no lugar certo... Somos aqueles que sofrem com as injustiças do mundo. Aqueles que, quando veem um animal sofrendo, choram junto, acudem, ajudam, gastam o que não tem para tentar amenizar este problema, tiram a roupa do próprio corpo para dar a quem não tem. E este desprendimento, essa sensibilidade, é coisa rara nos dias de hoje, em que as pessoas são ensinadas a competirem, desde a mais tenra idade, são ensinadas a visarem o lucro, acima de qualquer coisa.
Talvez seja isso.Talvez estas pessoas, apesar de suas vidas aparentemente perfeitas e de suas posses, seu sucesso e todo o resto, talvez elas sentissem esse vazio... Tão grande, tão intenso, que foi difícil de continuar... Tentamos explicar o inexplicável. Pessoas que nos fizeram rir, carregavam tamanha dor dentro de si e ninguém foi capaz de perceber isso e estender a mão, segurá-los para que não caíssem em seus próprios abismos... Mas é assim mesmo, às vezes a dor não aparece, e sorrimos quando estamos com o coração partido em milhares de pedaços... Só aqueles que tem coragem o suficiente de nos olhar dentro dos olhos que conseguem ver. Mas e quem é que olha nos olhos hj em dia? 
O fato é que devemos evitar julgar e vir com o velho discurso da "covardia". Sei que é mais difícil para aqueles que nunca viveram momentos como este, mas, religiões à parte, realmente espero que estas pessoas encontrem de fato na morte a paz que almejavam, sem umbral, sem inferno... Simplesmente a paz. Porque a vida é demasiado sofrida para quem fica. Quem sabe não é lá, na morte, cada um a seu tempo, e de sua forma, que não esteja a luz que tanto esperamos encontrar enquanto estávamos vivendo, ou melhor, sobrevivendo... "Espero que entre sorrindo, no que resta de um sonho... Ofélia..." (Jim Morrisson)

terça-feira, 15 de julho de 2014

Apesar de você

Antes de começar a escrever sobre você, eu já sabia qual seria o título... Cuidei ao escolher a fonte do texto... Minha fonte predileta é a "Georgia", eu escolhi a "Times" para falar de você, simplesmente porque soa como trabalho acadêmico ou coisa assim... O "negrito" e o "itálico" são para frisar a importância... Preciso falar de você para me livrar de seu fantasma, que me assombra desde o dia em que você me deixou... Vai ser só agora. Depois disso, cairás em esquecimento, como todos os outros antes de você.
Quando você sumiu, tentei justificar para mim mesma de diversas maneiras... Pensei, sinceramente, que você tivesse morrido. Ou que tivesse sido sequestrado, ou ainda, quem sabe, abduzido por extraterrestres... Inventei diversas, milhares, teorias da conspiração que explicassem o teu sumiço, qualquer coisa que tirasse a culpa dos meus ombros, que não me fizesse acreditar que, de alguma forma, a culpa fosse minha, pela minha força, pela minha auto suficiência, pela minha falta de fragilidade... 
Mas, ontem de noite, quando eu voltava do trabalho, caiu a ficha. Pessoas mortas não bloqueiam a gente no Whats. Quando pessoas morrem e somos importantes para elas, somos sempre avisadas por alguém da família, ou algum amigo próximo. Então, concluo que você não morreu. Talvez teve medo, talvez... Talvez em algum momento pensou que não era isso... 
Foi vertiginoso. Nos redescobrimos depois de anos nos falando como amigos... E nos apaixonamos como dois adolescentes. Não, peraí... Eu disse "nos"? Desculpe. Não. Eu me apaixonei. Depois de anos construindo novos muros dentro de mim. Depois de anos de relações meio vazias... Você derrubou as barreiras. Você em um mês conseguiu muito mais de mim do que muitos caras não conseguiram em anos. Eu tive medo e te falei do meu medo. Por experiência, sei que as coisas, quando começam rápidas demais, tem a tendência de terminarem também muito rápido. Fui tola... Como jamais poderia ter sido com a estrada que já percorri. 
No começo, ainda esperei que você voltasse... Cada mensagem no celular eu pensava que pudesse ser você dando uma desculpa qualquer, afinal, essas tecnologias sempre nos abandonam quando mais precisamos delas. Todos os dias, quando chegava na escola em que trabalho, esperava ver teu carro lá na frente. Esperei em vão... Expectativas machucam mesmo por demais...
Mas, escrevo agora porque sei que você vai ler, já que me acompanha no blog, se é que realmente não morreu, coisa que acredito que não... Então, quero que você saiba que, apesar de você, no outro dia já tive que acordar cedo e continuar vivendo. Apesar de você, tive de buscar forças que nem sabia que tinha - e eu tinha e ainda tenho - para seguir em frente. Apesar de você, continuei sorrindo, pois tenho outras razões para isso. Apesar de você, sigo encontrando novos caminhos e possibilidades. E, finalmente, apesar de você, ainda acredito no amor e tenho valorizado cada pedacinho de mim. Porque sabe, pessoa, aquela máxima do Nietzsche que te falei uma vez, "tudo que não me mata, me fortalece", é isso. Essa sou eu. Estou mais forte depois que você se foi. E nem pense em voltar. Porque, apesar de toda a saudade de tudo o que não vivemos, dos planos que fizemos que jamais deixarão de ser utópicos, do lugar em minha cama que você nunca chegou a ocupar, sou muito mais eu agora! Apesar de ter te amado, saiba de uma coisa: amo muito mais a mim mesma. E, no fundo, no fundo, apesar de saber que com você eu poderia discutir política e filosofia quase de igual pra igual, eu sempre soube que era mulher demais para você. Então, fique onde está. Jamais pense em me procurar de novo, porque eu não só superei você, como te esqueci do jeito que você merece! Seja feliz porque gente feliz não incomoda! E, uma última coisa, depois que ler isso, que saberá que é para você, deixe de me seguir no blog e apague meu e-mail dos teus contatos, realmente não quero e nem espero mais por notícias tuas! Obrigada...

domingo, 6 de julho de 2014

Não me coisifique! Ainda sou gente!

Sei que deve ser normal nos dias de hoje... Sei que as coisas estão difíceis e que as pessoas estão frias e individualistas... Mas venho hoje dizer uma coisa óbvia, em dias em que ainda é necessário reivindicar o óbvio... Ainda não viramos coisas. Sim, isso mesmo. Ainda somos pessoas, embora alguns mais humanos do que os outros. Sei que tem gente que não merece um mínimo de consideração, pessoas que perderam a humanidade - ou o que restava dela - ao longo do tempo. Mas quem somos nós para julgar isso? Penso que todo mundo é bom até que se prove o contrário, ou que a pessoa mesma o prove... Desta forma, se a pessoa te decepcionar, teoricamente, ela que irá colher os frutos ruins lá na frente. Você, que foi decepcionado, sofre agora, mas colhe bons frutos num futuro que algumas vezes parece mais distante do que você gostaria...
Sei que parece piegas e moralista demais, mas eu parto da máxima de não fazer para o outro o que você não gostaria que fizessem com você, tipo, ter empatia e se colocar no lugar do outro. Tempos difíceis os nossos em que tudo isso anda tão raro... Como acreditar na humanidade se nos decepcionamos com pelo menos 4 pessoas, a cada 5 que conhecemos... Que triste isso... 
Temos sido descartáveis. É, mais ou menos isso, sim. Embora eu já tenha dito e tenha cada vez mais certeza de que aprendemos a viver sem as pessoas que um dia tanto amamos em nossas vidas, ninguém será totalmente substituível pelo simples fato de que somos únicos. Então, mesmo que não tenhamos razões para admitir, as pessoas sempre deixam algo delas conosco... E levam algo de nós com elas. É física quântica, questão de energia, sei lá... Seja a lembrança do olhar trocado, seja o cheiro, o abraço, o toque. Fica algo. Hoje fiquei me perguntando em que momento que perdemos a nossa capacidade de enxergar essas pequenas coisas no outro. Quando que perdemos a nossa capacidade de admirar as outras pessoas pelo que são...
Meus deuses, hoje fiquei abismada do quanto nos "coisificamos" uns aos outros... Sei bem que tenho sido uma amiga por vezes ausente, ando trabalhando demais e me privando de momentos juntos de meus amigos, pois tenho preferido ficar em casa e tenho primado pelo meu descanso nas horas de folga. Mas quem me conhece pelo menos um pouco sabe que, uma vez cultivada minha amizade, sempre que precisar de mim, estarei lá. Prezo muito meus companheiros de estrada. Muito mesmo. Mas me chateia a artificialidade e as situações forçadas. Apesar de nós, mulheres, já termos alcançado um patamar muito parecido com os homens em relação a direitos, ainda estamos longe de sermos respeitadas de fato. Mesmo que já tenhamos a capacidade de separar sexo de amor, meus queridos, como de fato sabemos fazer bem, não significa que estaremos disponíveis para vocês sempre que precisarem esvaziar os seus sacos e/ou aliviarem suas tensões. É abusivo e absurdo ter homens (homens?) que ainda enxergam as mulheres como meras fontes de prazer, nada além disso...
Se é apenas isso que querem, meus queridos, paguem por isso! Os jornais em circulação hoje em dia, estão cheios de anúncios de sexo fácil e bem barato. Sem complicação, sem enrolação, sem precisar de ligação no outro dia ou de algum tipo de consideração. Resolvidos os problemas de vocês a preços populares! Olhem bem. Coisa que não se tinha antigamente...
Mas, com mulher, mulher que tem história, que luta todo o dia sem precisar de um macho do lado, que cria filhos sozinha, que mata um leão por dia para conseguir um lugar ao sol, não rola de ter sexo instantâneo na hora em que você quiser. Vai ser na hora em que ela quiser, sempre! Fique bem atento a isso... E aborde-a como gostaria que abordassem a sua irmã, a sua filha, porque ali tem um ser humano e não uma coisa... E, apesar de ter muita gente que se conforma com o papel de mero objeto, em contrapartida ainda tem muita gente que gosta de ser tratada como gente. Tenha discernimento para diferenciá-las. Quem planta banana jamais colherá morangos... E, ao partir um coração hoje, amanhã, por mais que já tenha esquecido, haverá alguém para partir o seu. Mais certo quanto dois e dois são quatro. A lei do retorno funciona, você acreditando nela ou não... 
Precisava desabafar antes de dormir... Foram muitas decepções em tão poucos meses, de pessoas que não esperava... Muitas promessas não cumpridas, muitos sonhos desfeitos antes mesmo de terem a remota possibilidade de se realizarem... E eu sigo acreditando, sigo sendo trouxa... Todo mundo é bom até que se prove o contrário, ou até que nos prove o contrário... A vida é assim mesmo... E seguirei plantando lágrimas para colher sorrisos... Mesmo que nem seja nesta vida ainda...

quarta-feira, 2 de julho de 2014

O adeus que nunca fora dado

Gatos pretos... Todos conhecem o mito que há por trás de todo o gato preto... Seres mágicos por natureza são todos os felinos, mas o gato preto guarda o mistério de todas as coisas. Não, não me refiro ao azar. Mas me refiro à magia. Os gatos pretos são portadores de todos os desconhecidos deste e do outro mundo. O Sr. Frodo nunca fora diferente...
Lembro-me do dia de sol em que o vi na gaiola, numa petshop que nem existe mais, numa esquina movimentada da cidade... Eram ele e a irmã, negros como a primeira hora antes de amanhecer. Eu o quis desde o primeiro momento em que o vi. Já tinha tudo preparado em casa para recebê-lo, comida, areia, amor e um nome... Frodo. 
Levei-o para casa e ele, estranhando o lugar novo, ficou dois dias inteiros embaixo da estante da sala miando... Pensei que nunca sairia de lá. Em algum momento deve ter saído para comer ou tomar água, mas o fizera escondido. Desconfiava ainda de tudo, mas já era muito amado, antes mesmo de ter chegado. Foi um gato planejado. Sim, isso mesmo. Como fazemos com os filhos, eu planejei tê-lo. 
Quando tive de me desfazer da Lilith outrora, por causa das velhas mentiras sobre toxoplasmose e tudo o mais, esperei anos e anos o momento certo de ter um gato outra vez. Filhos crescidos, trabalho à vista, comecei a me articular. Ia, finalmente, ter um gato.
Ele fora especial desde o momento em que coloquei o olho nele. Pensei: "Nossa, o verdadeiro gato de bruxa!". Quisera ter ficado também com a irmãzinha dele, mas não tinha muitas condições na época de adotar mais um. 
Depois do Frodo, vieram outros... Ele sempre foi amigo de todos, passado o período normal de adaptação. Elfo foi o primeiro, depois o Mustapha. Depois o Kowalski e o Sr. Rudolf com quem ele conviveu. 
Frodo era um gato que vinha no colo. Parecia reconhecer meus momentos de tristeza e me acolhia em sua força. E foram muitos. As brigas antes da separação, o fim do casamento, a adaptação em casa nova, aliás, mais de uma vez.. Ele suportou calado, sempre ao meu lado, sempre no meu colo, sempre, onde quer que eu estivesse, seu ronronar manso me acompanhava e acalentava. 
A última mudança não foi fácil para ele, pois saímos de um apartamento para irmos a outro que era praticamente a metade do tamanho. Ele e Kowalski, apesar de castrados, começaram a disputar território e se machucarem... Tive de tomar uma decisão que em nenhum momento foi fácil para mim, mas, enfim, precisou ser feita. 
Doei o Frodo para uma pessoa com a qual ainda teria contato, poderia vê-lo sempre que quisesse, ele ganharia a liberdade que tanto amava e seria feliz no novo lar. Mas, nos primeiros dias, ele sumiu. Era como um protesto, acho eu, depois de tantas e tantas tempestades pelas quais passamos juntos, mais essa... Fiquei desesperada, mas, depois de três dias, ele finalmente reapareceu e acolheu o novo lar. Tive oportunidade de vê-lo ainda muitas vezes. As entradas furtivas dentro da casa, as sonequinhas que tiramos em meio a tardes frias, ainda eram possíveis e palpáveis. Mas então ocorreu um afastamento inevitável e fiquei tempo sem vê-lo... Coisas da vida...
A notícia de sua morte me arrebatou. Mexeu comigo de um jeito que não tem explicação. Enquanto eu chorava e me culpava por não ter dado um último adeus, passava um filme em minha cabeça... O filhotinho que peguei da gaiola, que adorava caixas de leite e que espiava a gaiola dos passarinhos inocentemente. O gato adulto que fugia à rua sempre que dava, que voltava todo machucado e que se enfiava em meus braços arrependido, sempre com a promessa de não fazer mais, mas, assim que melhorava, lá ia ele de novo... Todas as vezes que dormimos juntos, que adormeci com o ronronar mágico em meus ouvidos, todas as vezes em que ele se sentava no banheiro e esperava pacientemente eu sair do banho. As caças trazidas, o pedaço de pão roubado ou dividido. O miado estridente que soava na porta na volta para casa... 
Difícil dimensionar a dor que causa a perda... Porque cada um deles é único, como nós também somos... Impossível substituir por outro, mas o outro acalenta a dor da perda, apazigua o coração sofrido e transforma as lágrimas novamente em sorrisos.
Sr. Frodo, que por certo se juntou à escuridão da noite, com seu pelo brilhante e olhos amarelos cor de ouro, que você esteja feliz neste outro plano, que tenha muito espaço e bolas com guizo para você brincar. Espero que olhes por mim aí de cima e carregue consigo a certeza de que tudo o que fiz por você foi por amá-lo demais. Vou viver a partir de agora com a certeza do reencontro e que você, Mustapha, Elfo e Lilith devem estar fazendo parceria nas correrias e brincadeiras e que certamente estarão me esperando chegar. 
Sentirei sempre a tua falta e o lugar que você ocupava em meu coração será para sempre teu, que a noite te guarde e que você esteja comigo sempre que eu estiver no escuro. Te amo e sempre te amarei, meu filho lindo. Vai em paz!

Para aqueles que não gostam de gatos e que não sabem lidar com a independência e autonomia deles, vai o meu lamento. Gatos são parceiros inestimáveis, são seres que nos ensinam milhares de lições todos os dias. Sou grata aos deuses por terem me dado a oportunidade única de ser amada por eles e de ter todo o respeito e admiração por esta espécie única que é a felina. Logicamente vocês jamais entenderão as minhas palavras e os meus sentires neste momento, por certo acharão exageradas e sem noção. Deixo a vocês um recado: não comentem e não demonstrem sua falta de compreensão, pois não preciso disso neste momento. E, sim, eles são como filhos, meus filhos se criaram como irmãos adotivos deles e exatamente por isso que tem o maior respeito por eles também. É com eles que gasto meu tempo e meu dinheiro, sim e sua crítica com relação a isso não fará com que eu mude... Obrigada pela atenção e por ter lido até aqui, mesmo não gostando de gatos!

sexta-feira, 25 de abril de 2014

O que faz uma pessoa apaixonar-se? Tenho observado casais felizes nas ruas, transportes, bares que frequento e fico me fazendo essa pergunta praticamente o tempo todo. Como afirmar que são realmente felizes? Não sei... Aparentam ser, apenas. E nos acostumamos a olhar sempre o lado de fora. Pensamos: "o que um guri tão bonito faz com essa menina sem sal?" ou "o que uma mulher tão interessante faz com um imbecil destes?". Desconhecemos as histórias de cada um, como se cruzaram, o que fez com que uma simples troca de olhares se tornasse um amor tão duradouro. Claro que existiram razões de ser destes amores. Cada um sabe das dores e delícias que passaram juntos, isso é fato.
Em minhas andanças tenho visto muita coisa... Durante muito tempo pensei que não vivia um grande amor porque estou meio que acima do peso, por assim dizer... Ou porque tenho filhos, já tenho uma história... Mas não. Vejo muita gordinha e mãezona recebendo olhares apaixonados... Talvez seja o meu cérebro, cultivei-o demais. Talvez eu assuste os pretendentes a amantes e amados com a minha personalidade e independência. Vai saber....
Mas, fazendo uma análise das relações de hoje e do modo como a maioria começa, através das redes sociais, sinto um esvaziamento de significados e de significantes... Vou explicar... Conheci o mundo virtual na faculdade, com o bom e velho Orkut. Naquela época, ainda escrevíamos e-mails enormes, tipo carta, para conversarmos com as pessoas... Pois bem, muito tempo desde lá passou e, nessa minha vida de pós casada e nova solteira do pedaço, muitos e muitos sites de relacionamento me foram indicados, desde chats do Terra até Badoo, pra vocês terem ideia do que estou falando. Conheci muitas pessoas através destes meios, não serei hipócrita em negar, mas, acompanhei de perto as mudanças sociais ligadas a estes processos que ocorreram bruscamente em menos de dez anos.
Hoje em dia temos até APPs em celular. Tinder, um APP que te dá um vasto cardápio de pessoas que moram próximas de você, para que você vá aprovando ou não, de acordo com gostos pessoais, fotos e algo que pode ter ou não escrito no perfil. O site vai formando combinações quando você curte e a pessoa te curte de volta. Muito parecido com o Badoo, mas no celular, ao alcance de sua mão. O WhatsApp foi outra grande revolução no mundo virtual. Todo mundo tem, é praticamente uma obrigação. Eu, quando não tinha, até pouco tempo atrás, me sentia uma extraterrestre no mundo. Permite enviar e receber fotos, mensagens instantâneas, vídeos que podem ter sido feitos em tempo real. Enfim, eis a modernidade facilitando encontros amorosos.
De fato quando analiso as tecnologias, não sei dizer se elas nos desumanizaram de certa forma ou se nos desumanizamos através de outros processos e as tecnologias deixam isso mais aparente. Mas a questão é que, com a facilidade de escolher e com a infinitude de opções que temos, virou moda não olhar nos olhos. Dizer "eu te amo" pra levar pra cama está mais banal do que nunca. As pessoas são descartadas com a mesma facilidade com que são aceitas. E mais, muito mais do que já foi dito aqui... Beleza interior? Inteligência? Estudo? Cultura? Nããããoooo! Você vale muito mais pela beleza que mostra na sua última foto do Instagran...
Espiritualmente falando, não sei onde isso tudo vai nos levar. Onde estão os conceitos básicos de karma? De troca de energias? Não podemos banalizar o que não é "banalizável"! Somos, sim, responsáveis por aqueles a quem cativamos, por isso, cuidado com falsas promessas, cuidado com mentiras e com máscaras. Volta pra gente de uma maneira que nem imaginamos, isso é certo. Não brinque com os sentimentos dos outros, jamais! Você pode ter que reencontrar essa pessoa em outras vidas para um possível acerto de contas.
Outra questão da qual as pessoas não se dão conta é a da troca de energias... Sem falsos moralismos, não é isso! Sexo é bom e todo mundo gosta... Mas não dá pra sair por aí instintivamente fazendo com todo mundo. Afinal, diferente dos bichos, nossos amigos, somos racionais. Não somos? Precisamos ter cuidado com nossos chacras, nossos centros energéticos. Eles se desarmam com certa facilidade e depois, pra fechar, haja paciência! Somos radares de energias. Precisamos cuidar com quem trocamos porque ficamos vulneráveis... e a energia sexual é coisa séria! Mesmo! Pensem nisso antes de tentarem algo com a(o) menina(o) linda(o) do Tinder... Conheçam a pessoa. Importem-se com a história dela. Até porque existem mais psicopatas no mundo do que sonha a nossa imaginação.
Os tempos modernos urgem, temos pressa, trabalhamos demais, temos mil coisas a fazer ao mesmo tempo, isso faz com que em determinados momentos sejamos um pouco superficiais... Mas isso não deve significar esse desamor que temos vivido... E está tudo errado! Os meninos mais novos querem as mulheres mais velhas pela garantia de sexo rápido e sem compromisso ... Os caras mais velhos querem as meninas mais novas porque são mais "gostosas" na aparência e, de certa forma, isso lhes confere certa sensação de poder perto de seus amigos...
Assim, dentro dessa era tecnológica, vamos nos perdendo, de nós mesmos e dos outros, deixando que coisas tão boas e simples de uma relação a dois se percam num tempo-espaço em que não poderemos voltar... E, adentrando uma lógica empresarial desenfreada que passa a fazer parte de nosso cotidiano, deixamos de ser um sujeito, com nome e história próprios, para sermos apenas um número... Um número que pode - e certamente vai - ser substituído por outro e assim sucessivamente... A concorrência é grande e desleal. Por isso, pense bem antes de ir pro(a) próximo(a)...

quinta-feira, 20 de março de 2014

O silêncio do celular

E aí o celular deixa de tocar... No começo, você estupidamente olha pra ele milhares de vezes e, como não há nada de novo, você se pega relendo as mensagens pela... pela milésima vez e tentando descobrir onde está o erro, onde foi o momento fugaz que culminou neste silêncio avassalador... Um silêncio que corta, invade todos os espaços e que definitivamente não tem como fugir, fingir que não está lá. O silêncio do celular preenche você dele, como se tudo a sua volta silenciasse também. E você passa horas, dias, semanas, olhando pro visor e esperando uma única mensagem, uma única frase, que seria capaz de te salvar de si mesmo. Mas não. A mensagem não vem. E, conforme os dias vão passando, você vai deixando de olhar e vai doendo menos, mas, ainda assim, sempre que você olha o aparelho, sente aquele vazio... 
Aí você baixa músicas legais, troca a capa do celular, tenta achar outras utilidades legais pra ele, mas sempre, sempre que vê aquele sinal de mensagem, o velho frio na barriga volta e aquele resquício de esperança de que pode ser a pessoa, pode ser a tal mensagem que iria salvar o teu dia, a tua semana, o teu ano... Mas não é... E mesmo a mensagem do amigo mais querido perde a graça neste momento... Tudo ao redor já está em preto e branco... 
Na impossibilidade de ter a pessoa de volta, na impossibilidade de ter alguma explicação pelo sumiço, na impossibilidade de voltar a receber tais mensagens, você, depois de alguns dias no mais completo vácuo, finalmente cria coragem de apagar os arquivos já lidos e relidos incontáveis vezes, aquelas mensagens que outrora te fizeram tão feliz, mas que, agora, são apenas palavras soltas a um vento que as carrega para longe da significância que um dia tiveram. Sem elas, o celular fica mais leve de carregar, embora o coração ainda pese.
E todos os dias quando você acorda pela manhã se pergunta quando é que vai ter fim, quando é que o tempo, amigo tão fiel na hora de curar feridas, vai finalmente te distanciar dessa dor maldita, porque, cada vez que toca o despertador, você sente como se carregasse o peso do mundo nas costas, sem ninguém para dividir isso contigo. O trabalho, as leituras, as músicas, deixaram de ter sentido. e, ao olhar para os lençóis revirados da cama que você acabou de levantar-se, vem à tona a lembrança da noite dormida juntos, de ter acordado naqueles braços e de tudo o que foi sentido naquele momento. O primeiro olhar pela manhã. O beijo de bom dia... Coisas que pra você ficaram guardadas como um tesouro, pra ele, talvez não tanto...
Na verdade nem é culpa de ninguém, ambos sabem disso, foi meio que aquela coisa de pessoa certa, lugar errado, ou pessoa errada no lugar certo, vocês nunca irão saber, nunca! O tempo vai passar e tudo o que vai ficar é a lembrança daquilo que poderia ter sido, dos momentos que poderiam ter dividido e não o fizeram por motivos categóricos de suas vidas. O pão quentinho na padaria, o passeio com o cachorro, a caminhada no parque em um lindo por do sol de inverno. A chuva fria nos rostos dos dois naquele encontro casual no final de tarde, as brigas, os filmes de sábado à noite quando dispensaram ir pra um bar com os amigos, os cinemas de domingo... Tudo isso ficou pra trás. E sempre, pro resto de suas vidas, aquela expressão: "e se" irá permear seus pensamentos na hora de dormir... E a saudade louca de tudo o que ainda não viram se manifestará nos momentos mais insólitos, seja na reunião de trabalho, seja ao abraçarem outras pessoas... A dor permanece, mesmo que em um lugar distante. E você nunca terá certeza se dói nele como dói em você. Porque a história, embora tenha te deixado marcas profundas, sequer teve um começo, quem dirá um fim. Ficará para sempre em suspenso... Em algum lugar entre o sono e o despertar... Porque é lá que ficam guardadas as histórias de amor, mesmo aquelas que não aconteceram. É naquele lugar em que elas acontecem, se tornam possíveis, mesmo que inconscientemente. 
E assim, o tempo vai passando e tornando as coisas mais leves, mais fáceis de serem suportadas... Ninguém pediu que você se entregasse, ninguém algum dia te disse que haviam esperanças e você sabe que trilhou por este caminho porque quis e que agora terá de enfrentar os tropeços sozinha. E levantar-se sozinha. Mesmo que não acredite que seja capaz. Mesmo que o celular não toque nunca mais... 


terça-feira, 11 de março de 2014

Ode à futilidade

Lembro-me como se fosse hoje do meu primeiro dia de aula na universidade... A referência que eu tinha de "instituição de ensino" era a escola onde cursei o ensino médio, uma escola bem grande... Mas, a universidade, nossa, era muito maior... Pensava que talvez por já se terem passado mais de sete anos que havia saído da escola, talvez já não me lembrasse mais das proporções... A universidade era gigantesca! E, na empolgação de iniciante, me matriculei nas cinco disciplinas, de segunda a sexta. 
Eis que chega o primeiro dia, segunda-feira à noite. All Star no pé, jeans surrado e casacos, muitos casacos, quem conhece o frio daqui no inverno sabe do que estou falando. Quem me conhece, duplica a quantidade de casacos porque sabe que sou mega "friolenta". Cheguei cedo, pois nem tinha ideia de onde era minha sala. Cedo o suficiente para me entediar de tanto tempo sem fazer nada... Soma-se a isso o fato de não conhecer ninguém naquele lugar que tinha milhares de pessoas. Ninguém mesmo. Andei pelos corredores tentando aparentar normalidade, mas estava apavorada...
Daí resolvi entrar no banheiro, um dos muitos milhares que tem por lá, mas era o mais próximo da sala possível, pois a hora já se adiantava. Tinha um espelho de fazer inveja em qualquer madrasta, que descobri mais tarde ter em todos os banheiros... Sem muitas delongas tentando dar uma guaribada no visual, já me encaminhava para uma das cabines para fazer o meu "xixi pré aula" - o primeiro de muitos outros que viriam depois - quando adentram o recinto três espécimes desprovidas de frio. Entre brilhos e paetês, cores de rosa e purpurinas, pude identificar mulheres loiras ali no meio... Naquele momento, olhei pra minha roupa simplória e me enfiei na primeira cabine que vi. Vergonha foi o primeiro sentimento que tive. "Será que todas as mulheres aqui se vestem assim?" - pensei. Enquanto fazia meu pipizinho, comecei a prestar atenção às conversas, tentando "pescar" os cursos. Deduzi que eram do Direito ou talvez, na pior das hipóteses, da Psicologia (pior das hipóteses porque sempre simpatizei com o curso). Daí, eis que a verdade se revela, quando uma delas menciona uma das disciplinas que havia visto no meu currículo. Pedagogas! Ou aspirantes a pedagogas... Mas ali estavam nada mais e nada menos que futuras colegas de curso. Muitas coisas passaram na minha cabeça: "Será que terei de me vestir assim?", "Vou ter de passar frio pra ganhar algum respeito aqui dentro?", mas, por fim, meu último e definitivo pensamento foi: "Tomara que eu não me transforme nisso no final do curso!" e esse pensamento me preservou de me contaminar com algumas coisas que fui percebendo ao longo do curso. 
Conto essa história porque hoje, quase três anos depois de ter me formado e de estar exercendo a profissão há quase quatro, seguindo firme com meu All Star e jeans surrado, entro no banheiro da universidade em que trabalho e deparo-me com outro exemplar curioso. A menina em questão vestia uma camiseta dos Ramones. Uhulll, algum leitor desavisado vai dizer... Mas espera... A tal da camiseta estava rasgada em lugares estratégicos, tal e qual eu mesma fazia na adolescência para não parecer tão masculina. Mas exageradamente rasgada. E com um corselet de renda branca aparecendo entre as fendas. Tranquilo se a descrição acabasse aí. Mas, não bastasse a camiseta estar forçadamente cheia de decotes cavados à tesoura, ainda estava por dentro da calça, adornada por um cinto de - pasmem - oncinha. Confesso que tive uma vontade louca de puxar conversa com a dita e perguntar que álbum do dito grupo ela mais tinha gostado. Mas tinha certeza de que a pessoa me responderia que só viu em uma vitrine qualquer e resolveu comprar, "já que está todo mundo usando"... Eu estava ali para escovar meus dentes antes de ir para a sala de aula e então tive tempo de ver a menina contemplando incansavelmente a própria bunda no espelho e fazendo um esforço descomunal para enfiar ainda mais a calça no bumbum. Algum método de tortura medieval? Auto punição no estilo seita secreta da igreja? Não seria mais fácil um silício? Tipo, escovei os dentes, entrei na cabine pra fazer o meu "xixi pré aula" e, quando eu saí, a menina continuava no mesmo processo: puxando e puxando a calça pra cima e olhando a bunda no espelho. Saí do banheiro mais do que depressa com medo de ser infectada por essa doença e fiquei pensando: "Tenho que me manifestar sobre isso!"
Vivemos um processo feminista do qual tenho questionado muito. No passado, nossas antecessoras lutavam por igualdade de oportunidades, respeito, dignidade, hoje lutamos por sermos iguais aos homens dentro de um processo histórico que é impossível de apagar. Essa banalização do corpo feminino é culpa dessa desvirtuação da luta. Somos donas de nossos corpos, sim, mas devemos explicações a algumas pessoas a respeito do que fazemos com eles. Simples e direto. Fácil de entender. Será que essas meninas se contentam em serem meros objetos de consumo? Será que academia é mesmo mais importante do que cérebro... Vish, discussão longa, essa... E nem quero entrar, aqui, nos méritos desta questão. Algumas pessoas irão dizer que é recalque, mas não, longe disso... É pena mesmo... Porque reconheço a minha história e me reconheço nela... Cada marca, cada gordurinha, cada celulite é fruto de uma vivência. Sou livre e jamais serei escrava de moda alguma. Essa é a liberdade pela qual essas pessoas deveriam estar lutando. Não ao modismo, não às padronizações, não ao consumo deliberado, inclusive de nós mesmas... Minha barriguinha é fruto de dois partos bem sucedidos que me enchem de orgulho todos os dias. Por que deveria me envergonhar dela? 
Tirando a questão política da coisa toda, outra coisa me ocorreu, essa semana em que estou mais suscetível a observar casais e esses romances que nos cercam no dia a dia - estava escrevendo sobre isso, mas perdi a inspiração de repente - acabei dando-me conta de uma coisa trágica: meninas assim, lindas, com a calça enfiada no rabo e vazias são a preferência nacional dos homens. Os caras buscam meninas assim para namorarem e casarem, para apresentarem às suas famílias. Para o desespero de irmãs, mães, primas que cultivam um pouco o cérebro e tem de fazer sala a esses seres anaencéfalos (sei lá como se escreve essa porra, mas deu pra entender)... O culto pelo vazio não é só culpa nossa, de parte da nossa espécie, que ouve Anitta, mas usa camiseta do Ramones... Mas também é culpa dos caras que não tem a coragem de assumir que preferem cérebro e atitude, sim, talvez não numa embalagem tão bacana...
E assim, minha gente, vai se perpetuando em nossa sociedade o vazio das relações, aquilo que mais odiamos em nós mesmos que, pensamos erroneamente ter surgido por causa da era digital que afasta as pessoas... Eu tenho orgulho de ostentar o meu All Star mesmo depois de pós graduada. Orgulho de não estar no padrão "pedagoga" de ser... E talvez até orgulho de ostentar, a essa altura do campeonato, um coração vazio... Porque, sinceramente, se não for pra somar, se não for pra ficar, que nem venha. 


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

A Hora do Amor

Bom, por onde começo? Pensando bem, pelo começo... Mas onde seria esse começo? Quando eu nasci ou quando eu renasci? Difícil, bem difícil responder, porque eu renasci muitas e muitas vezes. E também já nem me lembro quando que foi a última vez em que morri... Mas sempre dói. Morrer e renascer tal e qual uma Fênix não é tarefa fácil. E nem é uma tarefa, pois não temos escolha de fazê-lo ou não. Simplesmente acontece.
Sei que quando morri pela última vez, renasci por causa dos meus filhos. Foram eles que me deram forças para, depois de queimar, ressurgir das cinzas e, pasmem, ainda mais forte... Hoje já não choro mais com tanta freqüência e não é mais qualquer coisa que me derruba. Pensei que meus problemas haviam diminuído, mas não... Na verdade fui eu que mudei diante deles. Quando digo que, a cada ressurreição, novas forças, não estou brincando.
Antes eu temia mudanças, terrenos insólitos e movediços, agora enfrento toda e qualquer novidade como uma guerreira. Se for vitória ou queda que me esperam, só o tempo irá dizer, mas já não me preocupo com antecedência e aceito as coisas como elas vem. Não é resignação. Longe disso. É força. Mas ainda estou aprendendo e ainda fico triste vez ou outra...
Hoje tenho maturidade para (re)pensar em certas coisas da minha vida. E também de assumir tantas outras. Durante tanto tempo permaneci focada em perdas, desencontros e sentimentos que hoje consigo me restabelecer e saber que é certo que ter com quem dividir as coisas é muito bom... se for a pessoa certa... Aquariana, independente e feminista – sem extremos – mas cheguei num ponto da minha vida que quero ter pra quem voltar todos os dias. Isso mesmo. Uma das coisas que a maturidade faz pela gente é ter a consciência do lado ruim da solidão.
Aqueles momentos batidos, sabem, que já foram tantas e tantas vezes descritos na história do mundo, cenas cotidianas de amores correspondidos. O estar junto porque simplesmente se quer estar junto, escolher estar ali quando se poderia estar em qualquer lugar do mundo. É acordar e dormir todos os dias com um só pensamento: a pessoa amada. Piegas. Eu sei... Mas quero isso pra mim. Tenho urgência em amar. Não. Tenho urgência em ser arrebatada por um amor que una todas as letras do Cazuza, Legião e Skank em uma mesma melodia. Uma pessoa que sinta isso por mim também e que esteja disposta a me olhar nos olhos sempre que disser que me ama. Uma pessoa que, tal e qual Henry Miller, sinta desejo por mim, independente de eu estar usando manequim 42 ou 44. Que reconheça que as oscilações em meu peso estão intimamente ligadas ao meu emocional e que esteja disposto a rir disso cada vez que aquela minha calça preferida não subir além das coxas. Porque eu volto ao 42, é só uma questão de tempo. E de comer aveia junto todo dia de manhã. Ou de ir naquele restaurante vegetariano que eu amo e que ele talvez nem goste muito.
Aquele cara que, apesar de eu me acordar todo dia cedinho de mau humor quando está frio, acorde junto e me faça rir de uma bobagem qualquer porque no fundo também não gosta de acordar cedo no frio e entende a razão do meu estado de espírito, mas nunca vai me falar isso. Uma pessoa que fique me olhando do nada, mesmo quando estou apenas escovando os dentes ou tomando café. Que me penetre com seu olhar, que me desvende, que me suporte. O homem que eu quero pra mim não pode ter medo de me enfrentar, principalmente quando eu me perco de mim mesma. É aquele que vai me segurar para que eu não caia em meu abismo, mesmo tendo de se preocupar com seus próprios abismos.
Não precisa ser perfeito, tenho consciência de que muitas vezes magoamos aqueles que mais amamos, pode ter barriguinha de chopp e tudo o mais. Não espero um deus grego. Mas tem de ser bonito na alma. Tem que ser bondoso e se compadecer com as injustiças como eu me compadeço. Aquele cara que vai trazer da rua os gatinhos que vir abandonados porque sabe que é isso que eu faria. O homem que vai me acompanhar nos domingos nas ruas pra dar comida aos cachorros de rua.
A cor dos olhos não importa desde que me reconheça dentre as milhares de possibilidades que sabe que existem. Que o brilho no seu olhar seja mais forte quando estiver olhando pra mim. Que seja capaz de desviar os olhos da televisão mesmo assistindo ao jogo decisivo do seu time, só pra me olhar. Mesmo que eu esteja apenas deitada na cama com os gatos, ou ocupada com os afazeres domésticos, com a “roupa de ficar em casa” e o cabelo desfiado preso em uma piranha ou um lápis qualquer.
Espero por aquele que irá preencher lindamente meus dias, que vai se preocupar com o horário que eu chego em casa e que, vez ou outra, irá até o meu trabalho para me buscar, não porque desconfia de mim, mas porque fica aflito esperando por notícias de minha volta segura pra casa e quer garantir que irei chegar bem. Uma pessoa que vai mandar mensagens de bom dia e de boa noite todos os dias. Que não vai ter medo de admitir que pensa em mim o tempo todo até para os seus amigos.
Tenho esperado por ele em todos os lugares. Tenho esperado encontrá-lo em toda a parte. Seja num dia ensolarado de verão, seja num dia chuvoso de inverno, que venha de mansinho, que venha pra ficar... E que seja infinito por todos os dias em que durar...

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

O Universo une as pessoas que estão prontas


"ELE anda cansado das baladas e dos casos furtivos sem sentimentos. Aprendeu a gostar da própria companhia, sem precisar estar em uma turma de amigos todos os sábados. Decidiu que quer um amor verdadeiro… que pode nem ser eterno, mas que traga um sabor doce às suas manhãs, que seja a melhor companhia para olhar a lua. Que ele possa exibir os seus dons na cozinha e o seu conhecimento em vinhos, só para ela.
Quer uma mulher que ele reconheça pelo cheiro dos cabelos, pelo toque dos dedos, pela gargalhada que vai ecoar pela casa transformando um domingo sem graça, no melhor dia da semana. Quer viver uma paixão tranqüila e turbulenta de desejos… quer ter para quem voltar depois de estar com os amigos, sem precisar ficar “caçando” companhias vazias e encontros efêmeros. Quer deitar no tapete da sala e ficar observando enquanto ela, de short jeans, camiseta e um rabo de cavalo, lê um livro no sofá, quer deitar na cama desejando que ela saia do banho com uma lingerie de tirar o fôlego.
Quer brincar de guerra de travesseiros, até que o perdedor vá até a cozinha pegar água. Quer o poder que nenhum dos seus super heróis da infância tiveram… o poder de amar sem medo, sem perigo e sem ir embora no dia seguinte.
Quer provar que pode fazer essa mulher feliz!

ELA quase deixou de acreditar que seria possível ter vontade de se envolver novamente. Foram tantas dores, finais, recomeços e frustrações que pensou em seguir sozinha para não mais se machucar. Então percebeu que a vida de solteira já não está fazendo tanto sentido. Decidiu que quer um amor verdadeiro… que pode nem ser eterno, mas que possa acordá-la com um abraço que fará o seu dia feliz, quer um homem que ela possa cuidar e amar sem receios de que está sendo enganada. Quer a alegria dos finais de semana juntinhos, as expectativas dos planos construídos, o grito de “gol” estremecendo a casa quando o time dele estiver ganhando… a cumplicidade em dividir os segredos.
Quer observá-lo sem camisa, lendo o jornal na varanda… quer reclamar da bagunça no banheiro, rindo e gritando quando ele revidar puxando-a para o chuveiro, completamente vestida.
Quer a certeza de abrir a porta de casa e saber que mesmo ele não estando, chegará a qualquer momento trazendo o brigadeiro da doceria que ela gosta tanto. Quer beijar, cheirar, morder, beliscar e apertar para ter certeza que a felicidade está ali mesmo… materializada nele.
Quer provar que pode fazer esse homem feliz!

ELES estão por aí… sonhando um com o outro… talvez ainda nem se conheçam… mas é só uma questão de tempo, até o destino unir essas vidas que se complementam e estão ávidas para amar e fazer o outro feliz.
Ou alguém duvida que o universo traz aquilo que desejamos?"
By: Alguem

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A importância de deixar ir...

Sou uma pessoa sensível, sempre fui... Quando ando na rua, cuido para não pisar nas formigas, é uma espécie de TOC, ou algo assim. Fico horas admirando o ballet das libélulas sobrevoando a água nos dias quentes de verão. Compadeço-me com os animais abandonados, choro junto deles por tamanha injustiça. Sou amante das tardes mornas de primavera, em que aquele vento morno toca as roupas nos varais e as nuvens brancas ornamentam um belo céu azul. Durante muito tempo na minha vida esperei que alguém percebesse essas pequenas coisas, estes detalhes, em mim e me amasse exatamente por conta deles... Mas, em geral, penso que nos dias de hoje isto está cada vez mais difícil. Tive inúmeras ilusões relacionadas ao amor, inúmeras mesmo. Mas fui aprendendo com o passar do tempo. 
Há uma promessa que permeia as relações desde o início dos tempos: de que existe alguém, em algum lugar do mundo, que espera por uma pessoa exatamente como você. Sim. Um alguém que irá complementar a sua vida a tornar todas as tuas lutas mais fáceis de serem enfrentadas. Alma gêmea, seja lá o que for, buscamos por esta pessoa desde os nossos primeiros passos e jamais deixamos de buscar. 
Então, nesta saga que se inicia não sabemos bem quando, cometemos muitos enganos e, a cada nova paixão, a cada novo amor, guardamos, bem lá no fundo, mesmo que não admitamos nem para nós mesmos, a esperança de que esta seja aquela pessoa. A cada beijo, a cada frase dita ou não dita, a cada momento juntos, vamos esperando que aquela pessoa simplesmente fique. É... Que ela permaneça conosco até o fim dos nossos dias. Aquela história do "felizes para sempre", sabe?! Envelhecer juntos e sentar na varanda para cuidar dos netos e admirar o por do sol pela milésima vez. Cuidar um do outro mesmo quando estamos com raiva por conta de algum erro bobo cometido. Ressignificar a vida um do outro a cada dificuldade, enfrentar os desafios mundanos juntos porque um fortalece o outro na caminhada da vida. Muitas e muitas pessoas já sentiram isso, já escreveram sobre isso e cada um tem sua própria concepção sobre este assunto.
A questão que trago hoje é que, diante de tantos enganos e tantas e tantas pessoas que foram embora - algumas para nunca mais voltar - precisamos analisar essa nossa trajetória... Embora guardemos expectativas com relação àqueles que amamos - e sempre guardamos, isso é fato, precisamos ter a consciência plena da finitude de todas as coisas... Sim, isso mesmo, porque, não importa o quanto é grande o amor que sentimos e não importa todas as expectativas que temos, pode não ser eterno, pode não ser o "felizes para sempre" que tanto esperamos. Por isso que é tão importante vivermos o momento. Os momentos. Tristes ou felizes, serão as lembranças destes tantos instantes ao lado daqueles que um dia amamos que permanecerão conosco tal e qual uma tatuagem. Impossível desfazer-se delas. De repente, um cheiro, uma rua, uma música, trazem tudo à tona novamente e o que temos de ter certeza é de que valeu a pena. Mesmo que não tenha dado certo. 
Começamos um relacionamento de um jeito e o terminamos de outro. Não somos os mesmos quando acaba, porque a pessoa que vai deixa muito dela dentro de nós, assim como nós também deixamos muito de nós nelas. Pessoas completamente diferentes, reiniciamos a procura... E aquela pessoa que um dia nos foi tão cara acaba, muitas vezes, se tornando um completo estranho. Essa que é a parte triste de todas as histórias de amor. Cruzamos com aquele que um dia acreditamos ser nada mais nada menos do que a Nossa Metade nas ruas e temos de baixar a cabeça porque não restou nada, apenas as lembranças que habitam algum lugar distante de nosso ser. Desconstruir a imagem que tínhamos daquela pessoa dói por demais e pode doer sempre que a encontrarmos, mas, faz parte da aprendizagem. 
Precisamos perceber que, quando não dá certo, quando aquela pessoa não é a nossa pré destinada desde a maternidade - e um relacionamento quando dá errado dá muitos sinais disto - temos de encontrar meios de desapegar. Sei que não é fácil, pelo contrário, é um processo que provoca uma dor imensa, lancinante... Mas temos de deixar essa pessoa ir... 
Despedidas são muito tristes, sabemos disto. O vazio e a saudade que ficam são sufocantes, por muitos momentos pensamos que a vida deixa de ter sentido quando aquela pessoa não está mais por perto. Mas, se não era A pessoa, aquele por quem esperamos e buscamos desde sempre, por que insistir em um engano? Rotina? Comodismo? Medo da solidão? Não podemos condenar o outro a viver preso em um relacionamento fracassado, não temos este direito... E é aí que está! O deixar ir é algo muito importante para que a busca - de ambos - prossiga... Pode até ser mito, pode até ser que jamais encontremos aquela pessoa para qual fomos destinados, mas devemos (nos) dar a liberdade de tentar de novo... e de novo... e quantas vezes forem necessárias... porque ficar numa relação que não deu certo por orgulho ou seja lá pelo que for não é justo... nem com você e tampouco com o outro... Então, deixe ir... Mesmo que doa, mesmo que você fique perdida... Mesmo que o vazio fique insuportável... Porque é a única coisa que você pode fazer para salvar-se e deixar que o outro se salve também... Pensem nisso... 

"Eu não me perdi,
E mesmo assim você me abandonou...
Você quis partir, e agora estou sozinho
Mas vou me acostumar..
com o silêncio em casa, com um prato só na mesa.
Eu não me perdi,
O Sândalo perfuma o machado que-o feriu
Adeus, adeus ,adeus meu grande amor.
E tanto faz.. de tudo o que ficou,
Guardo um retrato teu,
e a saudade mais bonita.
Eu não me perdi,
e mesmo assim ninguém me perdoou..
Pobre coração - quando o teu estava comigo era tão bom.
Não sei por quê acontece assim e é sem querer
O que não era pra ser: Vou fugir dessa dor.
Meu amor
se quiseres voltar - volta não
Porque me quebraste em mil pedaços..."

(Legião Urbana, "Mil Pedaços", cd A Tempestade)