Somos seres complexos mesmo... Complexos e insatisfeitos por natureza... Você já deve ter se perguntado inúmeras vezes o por que de algumas pessoas entrarem em sua vida, permanecendo nela ou indo embora antes mesmo de significarem algo (eu, pelo menos me pergunto isso o tempo todo)...
Eu, diante da construção de inúmeras possíveis hipóteses, tento responder da seguinte forma: dois mundos diferentes se encontram por razões categóricas de suas vidas, porque, certamente, um tem algo a aprender/ensinar para o outro. Sim, mesmo aqueles que pensamos não terem deixado nada de significativo, o deixam, basta que prestemos atenção no momento em que partem.
Recentemente, tive um destes encontros que pensamos ser cósmicos... Exatamente por sermos tão diferentes, dois mundos tão distanciados um do outro, que pensei que Deus tivesse providenciado este encontro no instante em que eu mais necessitava dele.
De fato, quando esse mundo secionou-se do meu, pensei que grande parte de mim havia sido levada junto com ele, tamanha dor que senti, tamanha ilusão que criei a este respeito... Acredito mesmo que parte de mim tenha ido com ele - lembrei-me do aprendizado - e hoje posso ver que muita coisa também ficou. Sim, aprendi muito com ele, mesmo que as pessoas ao nosso redor não acreditassem muito que ele pudesse ter algo a me oferecer, por sua pouca experiência. E tenho certeza de que também o ensinei.
Vivemos juntos o tempo necessário para que este aprendizado mútuo se fizesse possível, nem mais e nem menos do que isso...
E alcancei equilíbrio o suficiente hoje para poder perceber que todos os encontros - cósmicos ou não - de nossas vidas duram somente o suficiente para que esta troca ocorra.
Sei bem que saber disso não diminui o sofrimento, não faz com que consigamos vivenciar cada perda com certa sensatez. A cada despedida, novas lágrimas e novos questionamentos, isso porque sempre queremos que aqueles que amamos - que aprendemos a amar com o passar do tempo - fiquem conosco talvez por toda a vida... É inevitável este desejo, mesmo com a consciência da finitude das coisas...
Mas, talvez - eu disse talvez - saber que cada um cumpre um tempo determinado em nossas vidas, faça com que aproveitemos melhor o tempo que temos com cada uma destas pessoas, faça com que cada momento compartilhado seja único e que, quando essas pessoas partirem, saibamos que fizemos o que tinha que ser feito, falamos do nosso amor sem vergonha e fomos de fato sinceros.
Sei que, em muitos lugares deste mundo, hoje circulam pessoas que levam consigo um pouco de mim, essa é a marca que deixamos... Assim como carrego comigo muito delas, e essa é a magia presente em todas as coisas... Por isso que não deixo de acreditar, exatamente por isso que não deixo de ter fé nas pessoas... Sei que vou sofrer quando forem embora, mas também sei que nunca tornarei a ser a mesma de antes... Como dizia o poeta, "que seja infinito enquanto durar..."
Carina, 29/11/2010
Carina, 29/11/2010