segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Aprendizado...

Somos seres complexos mesmo... Complexos e insatisfeitos por natureza... Você já deve ter se perguntado inúmeras vezes o por que de algumas pessoas entrarem em sua vida, permanecendo nela ou indo embora antes mesmo de significarem algo (eu, pelo menos me pergunto isso o tempo todo)...
Eu, diante da construção de inúmeras possíveis hipóteses, tento responder da seguinte forma: dois mundos diferentes se encontram por razões categóricas de suas vidas, porque, certamente, um tem algo a aprender/ensinar  para o outro. Sim, mesmo aqueles que pensamos não terem deixado nada de significativo, o deixam, basta que prestemos atenção no momento em que partem.
Recentemente, tive um destes encontros que pensamos ser cósmicos... Exatamente por sermos tão diferentes, dois mundos tão distanciados um do outro, que pensei que Deus tivesse providenciado este encontro no instante em que eu mais necessitava dele.
De fato, quando esse mundo secionou-se do meu, pensei que grande parte de mim havia sido levada junto com ele, tamanha dor que senti, tamanha ilusão que criei a este respeito... Acredito mesmo que parte de mim tenha ido com ele - lembrei-me do aprendizado - e hoje posso ver que muita coisa também ficou. Sim, aprendi muito com ele, mesmo que as pessoas ao nosso redor não acreditassem muito que ele pudesse ter algo a me oferecer, por sua pouca experiência. E tenho certeza de que também o ensinei.
Vivemos juntos o tempo necessário para que este aprendizado mútuo se fizesse possível, nem mais e nem menos do que isso...
E alcancei equilíbrio o suficiente hoje para poder perceber que todos os encontros - cósmicos ou não - de nossas vidas duram somente o suficiente para que esta troca ocorra.
Sei bem que saber disso não diminui o sofrimento, não faz com que consigamos vivenciar cada perda com certa sensatez. A cada despedida, novas lágrimas e novos questionamentos, isso porque sempre queremos que aqueles que amamos - que aprendemos a amar com o passar do tempo - fiquem conosco talvez por toda a vida... É inevitável este desejo, mesmo com a consciência da finitude das coisas...
Mas, talvez - eu disse talvez - saber que cada um cumpre um tempo determinado em nossas vidas, faça com que aproveitemos melhor o tempo que temos com cada uma destas pessoas, faça com que cada momento compartilhado seja único e que, quando essas pessoas partirem, saibamos que fizemos o que tinha que ser feito, falamos do nosso amor sem vergonha e fomos de fato sinceros.
Sei que, em muitos lugares deste mundo, hoje circulam pessoas que levam consigo um pouco de mim, essa é a marca que deixamos... Assim como carrego comigo muito delas, e essa é a magia presente em todas as coisas... Por isso que não deixo de acreditar, exatamente por isso que não deixo de ter fé nas pessoas... Sei que vou sofrer quando forem embora, mas também sei que nunca tornarei a ser a mesma de antes... Como dizia o poeta, "que seja infinito enquanto durar..."

Carina, 29/11/2010

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Relato de um homem...

 
"Tudo bem, queremos meninas legais, sexys, saradas, bonitas, inteligentes e boazinhas... Muito FÁCIL falar, pois quando aparece uma assim, de bandeja, a primeira coisa que a gente pensa é: Opa, me dei bem. Ficamos com ela uma vez, duas. Começamos a pensar que essa é a mulher que as nossas mães gostariam de ter como noras. Se sair um relacionamento, vai ser uma relação estável. Você vai buscá-la na faculdade, vocês vão ao cinema, num barzinho, vai ter sexo toda semana...Tudo básico até virar uma rotina sem graça.
 
Você vai olhar os caras bem vestidos e bem humorados indo para a noite arrasar com a mulherada e vai morrer de inveja. Vai sentir falta de dar aquelas cantadas infalíveis na noite, falta de dar umas olhadas para uma gata ou de dar aquela dançadinha mais provocativa na pista...Você pensa: acho que não estou pronto pra isso, pra me enclausurar pro resto da vida nesse relacionamento. E nesse momento a boa menina se transforma numa MALA, e aos poucos vai surgindo um nojo dela, uma aversão. Quando você vê o nome dela no celular tocando não dá vontade de atender...JÁ ERA. Daí aquela promessa de vida estável vai por água abaixo. E se a menina não se dá conta, a gente começa a ser grosso, muito grosso. E a pobre menina pensa: O que será que eu fiz?? Coitada, ela não fez nada, a culpa é nossa mesmo...
 
Aí, a gente volta para a nossa vidinha, que a gente odiava até semanas atrás. A gente não vê a hora de sair e arrasar na noite, pegar uma praia com os amigos, ver aquela amiga da ex de biquini e que até então era intocável.
 
GRANDE DESILUSÃO. Você chega em casa depois da balada, sozinho, e fica tentando descobrir porque você não está satisfeito. De repente foi porque a menina da night, a linda, a gostosa, a misteriosa, fica contigo mas nem se lembra do seu nome e nem pensou em pedir seu telefone.
 
FRUSTRAÇÃO. Daí, por mais que não queira, você pensa na sua menina boazinha que você deixou para atrás...ela podia ter seus defeitos mas era uma menina legal...que ficava ao seu lado lhe dando valor...Enquanto isso a boa menina agora está chateada, se sentindo lesada e custa a entender o que ela fez para você ter se afastado dela...mas chega um momento que essa angústia se transforma em raiva e a boa menina manda tudo para a PUTA QUE PARIU!!!
 
Ela não quer saber de mais nada, só sair, zoar, beijar outros caras. Resolve não se envolver mais, para não se sentir chateada ou lesada novamente...Muito bem, acabamos de criar uma MONSTRA.
 
O tempo passa e a gente continua na mesma...volta a reclamar da vida e das mulheres. Elas só querem as coisas com homens cachorros e não estão nem aí pra nós...ou será que nós é que fomos os cachorros???
 
Elas são assim por culpa nossa. A mulher da night de hoje era a boa menina de outro homem de ontem, e assim sucessivamente...E eu a perdi para sempre, ela virou uma mulher enlouquecedora...a encontrei na balada...e ela nem olhou para mim...e estava mais linda que nunca!"
 
(Autor desconhecido)
 
Postei este texto para promover uma reflexão... Não importa se homens ou mulheres, precisamos pensar a respeito de como conduzimos nossos relacionamentos. Expectativas sempre serão frustrantes, ainda mais quando colocamos nossa felicidade nas costas do outro. Mas então por que situações como esta narrada acima estão cada vez mais comuns no cenário atual? Porque somos seres limitados, insatisfeitos por natureza. Sempre queremos mais! E, reparem bem, isso não acaba nunca!
Vivi uma situação que me colocou mais ou menos no mesmo lugar em que a menina do texto ficou... A gente vai cansando... Cansando de apostar, cansando de construir algo que acreditamos ser sólido em solo de areia... E, a partir de tantos e tantos fracassos, resolvemos nos fechar... Sim, sou aquela que vc vai encontrar "na night" e vai querer ficar... sou aquela de uma noite só... aquela que, quando você se der conta da sua solidão, vai fazer você se perguntar o por quê de uma vida tão vazia... Mas me resta dizer que nem sempre fui assim. Tenho uma longa história, caminhos tortuosos me trouxeram a este lugar que ocupo hoje. Sim, tenho sentimentos ainda e também desejo alguém que acalente as minhas madrugadas frias... Mas a diferença é que hoje tenho o controle. Me resguardo porque não quero mais sofrer perdas e me despedir de quem um dia amei. O que você chama de vazio eu chamo de escolha. Uma escolha que foi difícil de fazer, mas que foi necessária. Este é o outro lado de uma mesma moeda, apenas isso...
 
Carina. 23/11/2010. 

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Despedidas

Por que temos de morrer um pouco a cada despedida? Por que temos que dar algo de nós para a pessoa que está indo embora? Algo tão precioso, um pedaço tão importante que a ferida nunca chega a realmente cicatrizar... Conosco fica a saudade... Aquela dor que, no mínimo, suaviza com o passar do tempo, mas que nunca chega a sarar de fato...
Dizem que "se foi intenso, a pessoa leva algo de você, mas também deixa alguma coisa dela...". Acredito nisso. O que ficam são as lembranças do que foi e do que poderia ter sido... As lembranças seguem nos assombrando por um longo tempo, como se fossem fantasmas do que um dia fomos, daqueles que éramos quando tínhamos aquela pessoa por perto...
A cada despedida, quando sabemos que não voltaremos a ver aquela pessoa, pelo menos não dentro do contexto em que ela existia para nós, é como se fosse uma morte... A pessoa morre para você, pois não poderá mais tocá-la, sentí-la, envolvê-la em seus braços; vivencia-se um luto, de certa forma. Por quantos já passei em minha existência? Por quantos ainda terei de passar?
Tudo vira impossibilidade... Será pior do que a morte? Saber a pessoa ali, tão perto e nada poder fazer para diminuir a distância que se criou entre vocês...O abismo... E o que era um, torna-se dois novamente e a separação é tão doída, mas tão doída, que é como se arrancassem mesmo uma parte de você.
De repente, não mais que de repente, você está sozinho novamente, nas madrugadas escuras e assustadoras, no meio dos sonhos ruins, na lágrima derramada... Você acorda no meio da noite e vaga pela casa como um fantasma, um espectro triste daquele ser que um dia existiu, que um dia foi feliz...
A despedida é um pesadelo, quisera nunca acontecesse na vida de ninguém, tamanha dor que causa... Será que já morri assim para alguém? Será que já tive tamanho significado na vida de alguém?
Desespero tamanho que dá vontade de ir embora também, arrancar do peito as lembranças, varrer as imagens dos momentos que insistem em permanecer no pensamento... Quero me livrar de tudo o que me causa essa dor e, no entanto, quanto mais me debato, mais me machuco. Quando é que vai passar? Quando é que essa dor vai amenizar aqui dentro? Quando é que o furacão vai me carregar junto com ele?

Carina, 05-06/11/10.

"Eu não me perdi
e mesmo assim você me abandonou...
Você quis partir
e agora estou sozinho...
Mas vou me acostumar
com o silêncio em casa
com um prato só na mesa...
Eu não me perdi
Sândalo perfuma
o machado que o feriu...
Adeus, adeus, adeus, meu grande amor
E tanto faz
de tudo o que ficou
guardo um retrato teu
e a saudade mais bonita...
Eu não me perdi
e mesmo assim ninguém me perdoou
Pobre coração
quando o teu estava comigo
era tão bom
Não sei por que
acontece assim, é sem querer
o que não era pra ser
Vou fugir dessa dor
meu amor
Se quiseres voltar,
volta não
porque me quebraste em mil pedaços..."

Legião Urbana

Separação


"Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última vez, como quem repete um gesto imemorialmente irremediável. No íntimo, preferia não tê-lo feito, mas ao chegar à porta sentiu que nada poderia evitar a reincidência daquela cena tantas vezes contadas na história do amor, que é história do mundo. Ela o olhava com um olhar intenso, onde existia uma incompreensão e um anelo, como a perdir-lhe, ao mesmo tempo, que não fosse e que não deixasse de ir, por isso que era tudo impossível entre eles.
Viu-a assim por um lapso, em sua beleza morena, real, mas já se distanciando na penumbra ambiente que era para ele como a luz da memória. Quis expressar tom natural ao olhar que lhe dava, mas em vão, pois sentia todo o seu ser avaporar-se em direção a ela. Mais tarde, lembrar-se-ia não recordar nenhuma cor naquele instante de separação, apesar da lâmpada rosa que sabia estar acesa. Lembrar-se ia haver-se dito que a ausência de cores é completa em todos os instantes de separação.
Seus olhos fulguraram por um instante um contra o outro, depois se acariciaram ternamente e, finalmente, se disseram que não havia nada a fazer. Disse-lhe adeus com doçura, virou-se e cerrou de golpe, a porta sobre si mesmo numa tentativa de secionar aqueles dois mundos que eram ele e ela. Mas o brusco movimento de fechar prendera-lhe entre as folhas de madeira o espesso tecido da vida, e ele ficou retido, sem se poder mover do lugar, sentindo o pranto formar-se muito longe em seu íntimo e subir em busca de espaço, como um rio que nasce.
Fechou os olhos tentando adiantar-se à agonia do momento, mas o fato de sabê-la ali ao lado e dele separada por motivos categóricos de suas vidas, não lhe dava forças para desprender-se dela. Sabia que era aquela a sua amada, por quem esperara desde sempre e que por muitos anos buscara em cada mulher, na mais terrível e dolorosa busca. Sabia, também, que o primeiro passo que desse colocaria em movimento sua máquina de viver e ele teria, mesmo como um autômato, de sair, andar, fazer coisas, distanciar-se dela cada vez mais, cada vez mais. E no entanto estava ali, a poucos passos, sua forma feminina, que não era nenhuma outra forma feminina, mas a dela, a mulher amada, aquela que ele abençoara com seus beijos e agasalhara nos instantes de amor de seus corpos. Tentou imaginá-la em sua dolorosa mudez, já envolta em seu espaço próprio, perdida em sua cogitações próprias - um ser desligado dele pelo limite existente entre todas as coisas criadas.
De súbito, sentindo que ia explodir em lágrimas, correu para a rua e pôs-se a andar sem saber para onde... "

Vinícius de Moraes.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A Crucificação Encarnada (Trechos)

"Eu a amo, de corpo e alma. Ela é tudo para mim. E no entanto não se parece em nada com as mulheres sonhadas, aquelas criaturas ideais que eu adorava quando menino. Não corresponde a nada que eu tenha concebido na profundeza do meu ser. É uma imagem totalmente nova, algo estranho, algo que o Destino roubou de alguma esfera desconhecida para lançar no meu caminho. Olhando para ela, amando-a pedacinho por pedacinho, verifico que a sua totalidade me escapa. Meu amor se acrescenta como uma soma, mas ela, a mulher que procuro com um amor desesperado e faminto, me escapa como um elixir. É completamente minha, de uma maneira quase servil, mas eu não a possuo. Eu é que sou possuído. Sou possuído por um amor que nunca antes se tinha oferecido a mim: um amor absorvente, um amor total, amor até as unhas do pé e a sujeira debaixo delas - e no entanto minhas mãos estão sempre esvoejando, sempre procurando agarrar e segurar, aprisionando o vácuo..." (Sexus)

"A morte não tem significação. Tudo é mudança, vibração, criação e recriação. A canção do mundo, registrada em cada partícula dessa substância especiosa chamada matéria, escoa numa harmonia desigual, que se filtra através do ser angélico adormecido na concha da criatura física chamada homem. Assim que o anjo assume o domínio, o ser físico floresce. Por toda parte do reino, realiza-se uma tranquila, persistente florescência.
Por que é que os anjos, que associamos tolamente aos vastos espaços interestelares, amam tudo o que é mignon?
Mal chego aos baixios do canal, onde meu mundo em miniatura me espera, o anjo se manifesta. Já não escruto o mundo: o mundo está dentro de mim. Vejo-o tão claramente de olhos fechados quanto de olhos abertos. Encantamento, não feitiçaria. Rendição e o bem-estar que acompanha a rendição. O que foi dilapidação, queda, sordidez, transmuta-se. O olho microscópico do anjo vê as partes infinitas que compõem o todo divino, o olho telescópico do anjo nada mais vê além da totalidade, que é perfeita. Na vigília do anjo não existem apenas universos a serem observados... o volume nada significa...
... É com o olho angélico que o homem vê o mundo de sua autêntica substância..." (Plexus)

"É uma grande tentação dizer-se que o amor nunca fez de ninguém um covarde. Talvez o amor verdadeiro, não. Mas quem entre nós já experimentou o verdadeiro amor? Quem está tão apaixonado, confiante e crédulo a ponto de se vender ao Diabo a fim de não ver o ser amado torturado, morto ou desgraçado? Quem está tão seguro e poderoso a ponto de descer do trono e reinvidicar o seu amor? Claro, houve grandes figuras que aceitaram seu fado, que se puseram à parte, em silêncio e solidão, e abriram seus corações. Devem ser admiradas ou lamentadas? Até o mais perdido de amor foi incapaz de sair por aí, jubiloso, e gritar: "Tudo vai bem no mundo!"
"No amor puro (que sem dúvida não existe absolutamente, exceto em nossa imaginação)", diz alguém que admiro, "o doador não percebe que dá, nem o que dá, nem a quem dá, e, ainda menos, se isso é apreciado ou não pelo recebedor."
De todo o meu coração, eu digo "D´accord!" Mas nunca encontrei um ser capaz de expressar tal amor. Talvez apenas os que já não tem mais necessidade de amor possam aspirar semelhante papel.
Estar livre da servidão do amor, apagar-se como uma vela, derreter-se de amor, fundir-se com o amor - que felicidade! É possível a criaturas como nós, fracas, orgulhosas, vãs, possessivas, invejosas, cuimentas, obstinadas, rancorosas? Obviamente, não. Para nós, a corrida de ratos - no vácuo do espírito. Para nós a ruína, a ruína eterna. Julgando necessitarmos de amor, cessamos de dar amor, cessamos de ser amados.
Mas mesmo nós desprezivelemte fracos como somos experimentamos ocasionalmente um pouco deste amor verdadeiro, desinteressado. Quem de nós não disse a si mesmo na sua cega adoração de alguém além do seu alcance: "Que me importa que ela nunca seja minha! Só me interessa que ela exista, que eu possa venerá-la e adorá-la para sempre!" E embora insustentável essa opinião exaltada, o amante que assim argumenta pisa chão firme. Ele conheceu um momento de amor puro. Nenhum outro amor, por mais sereno e mais duradouro, se lhe pode comparar." (Nexus)

Trechos da obra de Henry Miller, escolhidos por mim, por dizerem coisas que tem grande significado ainda hoje...

Silêncio

Queria que uma daquelas vozes na pracinha fosse a dela... Para mim, seria a mais bonita... A sua mudez transforma tudo ao meu redor também em silêncio, um silêncio seco, tão somente um silêncio que não posso quebrar, não posso romper nem com o som da minha própria voz. Essa minha incapacidade - de romper este silêncio que nos separa - aos poucos transmuta-se em dor... Uma dor que não sei dizer e nem explicar, apenas sinto. E por não saber dizer nem explicar, me calo. E assim, calada, esse silêncio todo vem, instala-se e toma conta de mim. Lá, ao longe, em um brinquedo qualquer, ela me acena, eu aceno de volta e nossos olhares se cruzam. E, mesmo assim, de longe, posso ver a solidão no olho dela. Somos sozinhas assim, juntas... Mas eu não sei se ela sente tanto quanto eu... Queria poder mudar isso tudo, mas não posso. Então, me calo.

Carina, 25/11/2005.


Chão reluzente

Lá, ao longe, a noite realça o brilho das luzes da cidade
Chão de estrelas
Cristais reluzentes
A ofuscarem o brilho da lua
Almas a vagarem
Pelas luzes e trevas da noite
Solidão...
A Magia se acabou
Escorregou por entre os dedos
Feito areia
Areia da ampulheta
A medir o tempo que perdemos
A nos mostrar o que já não somos mais
E jamais voltaremos a ser
Passado, presente, futuro...
Onde foi mesmo que nos perdemos?
Longo caminho
Que não tem tijolos de ouro
E nem arco-íris.
Mas percorrê-lo é sempre necessário
Peregrinação eterna
que transmuta
Ensina
Transcendemos o que somos
a cada lágrima derramada
Evolução...

Minha solidão me faz voltar a mim mesma... Suave desencanto que apaga aos poucos o brilho que antes era tão intenso...
Me perco em mim mesma, jamais pude encontrar o que sempre procurei: minha essência, meu centro. E assim, perdida, continuo a vagar pelo mundo sem encontrar um lugar que seja para mim, que possa me acolher... Por isso é que sinto essa estranha tristeza que se instala e me abate por semanas, meses... Não encontro lugar para mim neste mundo... Não, não sou melhor do que ninguém, e nem pior - embora, às vezes eu pense que talvez seja um pouco inferior - sou apenas diferente. Não sou compreendida, não sou interpretada do jeito que gostaria... Por isso que tenho tão poucos amigos, companheiros de estrada.
Sinto falta da minha luz, que está cada vez mais fraca, sinto saudades de quem eu era e jamais tornarei a ser... E mais: nem sei se realmente conheço quem eu sou agora...

Carina, data perdida no tempo, ônibus de volta da Unisinos, enquanto olhava as luzes da cidade ao longe...

"Eu nem sei porque me sinto assim, vem de repente um anjo triste perto de mim... É só hoje, isso passa..."

                                 Legião Urbana


terça-feira, 2 de novembro de 2010

Ode à Família

Prefiro um banquete em família, eu diria, contrariando as palavras de Jim Morrison, que dizia que preferia estar entre seus amigos... Deve ser porque tenho muitos amigos dentre aqueles que tem o meu sangue...

Feriadão de Finados... Depois de tantos outros que me foram tristes e sombrios, eis que este ano ele se ilumina... desde antes dele acontecer, estar com os meus realmente não tem preço... Saber que os afagos e abraços são sinceros e que você de fato significa algo para alguém é algo que aprendi ter muita importância...

Sentir-se só entre algumas pessoas, muitas vezes é inevitável, mas entre aqueles que amo me parece impossível, percebi isso há pouco tempo...

Diante de tantas e tantas coisas que foram acontecendo na minha vida, nem tão curta e nem tão longa, posso dizer agora que aprendi a valorizar os pequenos grandes gestos.

Alguns dizem que são as pessoas que escolhi, bem antes de nascer, para trilharem junto comigo os caminhos da vida, acredito mesmo nesta teoria, mas tem muito mais do que isso, quando falo das pessoas que estão hoje ao meu lado, que fazem parte de minha grande família... Alguns entraram em meu caminho bem depois de eu nascer e  hoje são tão parte de mim que não consigo ver minha vida sem eles...

E assim, mesmo sem perceber, a família foi aumentando e ganhando formas diferentes com o passar dos anos, mas cada um tem seu papel fundamental e insubstituível na roda da vida... Hora nos afastamos, hora nos redescobrimos, mas sabemos que o AMOR  prevaleceu e isso sempre nos fez mais fortes...

Meu medo da solidão se acaba, fico forte para enfrentar meus monstros e dragões; quando estou junto dos meus, sou abençoada com todos os encantos...

Os fantasmas que andaram soltos pelas ruas, desta vez não me assombraram, pois tinha os meus ao meu lado, tão meus como nunca deixaram de ser, tão meus como sempre serão!

Deixo aqui registrado todo o meu amor, carinho, respeito, amizade e gratidão que tenho a todos vocês; rezo para que Deus os abençoe como vocês me abençoam com suas doces presenças em minha vida!

Muito obrigada a todos por existirem e continuarem trilhando seus caminhos a meu lado! Muito obrigada por, mesmo quando eu tento desistir de mim mesma, vocês não desistirem! Amo todos vocês!