quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Despedidas

Por que temos de morrer um pouco a cada despedida? Por que temos que dar algo de nós para a pessoa que está indo embora? Algo tão precioso, um pedaço tão importante que a ferida nunca chega a realmente cicatrizar... Conosco fica a saudade... Aquela dor que, no mínimo, suaviza com o passar do tempo, mas que nunca chega a sarar de fato...
Dizem que "se foi intenso, a pessoa leva algo de você, mas também deixa alguma coisa dela...". Acredito nisso. O que ficam são as lembranças do que foi e do que poderia ter sido... As lembranças seguem nos assombrando por um longo tempo, como se fossem fantasmas do que um dia fomos, daqueles que éramos quando tínhamos aquela pessoa por perto...
A cada despedida, quando sabemos que não voltaremos a ver aquela pessoa, pelo menos não dentro do contexto em que ela existia para nós, é como se fosse uma morte... A pessoa morre para você, pois não poderá mais tocá-la, sentí-la, envolvê-la em seus braços; vivencia-se um luto, de certa forma. Por quantos já passei em minha existência? Por quantos ainda terei de passar?
Tudo vira impossibilidade... Será pior do que a morte? Saber a pessoa ali, tão perto e nada poder fazer para diminuir a distância que se criou entre vocês...O abismo... E o que era um, torna-se dois novamente e a separação é tão doída, mas tão doída, que é como se arrancassem mesmo uma parte de você.
De repente, não mais que de repente, você está sozinho novamente, nas madrugadas escuras e assustadoras, no meio dos sonhos ruins, na lágrima derramada... Você acorda no meio da noite e vaga pela casa como um fantasma, um espectro triste daquele ser que um dia existiu, que um dia foi feliz...
A despedida é um pesadelo, quisera nunca acontecesse na vida de ninguém, tamanha dor que causa... Será que já morri assim para alguém? Será que já tive tamanho significado na vida de alguém?
Desespero tamanho que dá vontade de ir embora também, arrancar do peito as lembranças, varrer as imagens dos momentos que insistem em permanecer no pensamento... Quero me livrar de tudo o que me causa essa dor e, no entanto, quanto mais me debato, mais me machuco. Quando é que vai passar? Quando é que essa dor vai amenizar aqui dentro? Quando é que o furacão vai me carregar junto com ele?

Carina, 05-06/11/10.

"Eu não me perdi
e mesmo assim você me abandonou...
Você quis partir
e agora estou sozinho...
Mas vou me acostumar
com o silêncio em casa
com um prato só na mesa...
Eu não me perdi
Sândalo perfuma
o machado que o feriu...
Adeus, adeus, adeus, meu grande amor
E tanto faz
de tudo o que ficou
guardo um retrato teu
e a saudade mais bonita...
Eu não me perdi
e mesmo assim ninguém me perdoou
Pobre coração
quando o teu estava comigo
era tão bom
Não sei por que
acontece assim, é sem querer
o que não era pra ser
Vou fugir dessa dor
meu amor
Se quiseres voltar,
volta não
porque me quebraste em mil pedaços..."

Legião Urbana

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