quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Silêncio

Queria que uma daquelas vozes na pracinha fosse a dela... Para mim, seria a mais bonita... A sua mudez transforma tudo ao meu redor também em silêncio, um silêncio seco, tão somente um silêncio que não posso quebrar, não posso romper nem com o som da minha própria voz. Essa minha incapacidade - de romper este silêncio que nos separa - aos poucos transmuta-se em dor... Uma dor que não sei dizer e nem explicar, apenas sinto. E por não saber dizer nem explicar, me calo. E assim, calada, esse silêncio todo vem, instala-se e toma conta de mim. Lá, ao longe, em um brinquedo qualquer, ela me acena, eu aceno de volta e nossos olhares se cruzam. E, mesmo assim, de longe, posso ver a solidão no olho dela. Somos sozinhas assim, juntas... Mas eu não sei se ela sente tanto quanto eu... Queria poder mudar isso tudo, mas não posso. Então, me calo.

Carina, 25/11/2005.


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