quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Os fakes


Esta semana ouvi um ator famoso de uma emissora de tevê famosa, num programa qualquer, falar das pessoas falsas... falsas não no sentido moral, mas no sentido físico da palavra. Mulheres e homens siliconados, sim, homens também!

 Estamos vivendo a era em que você vale mais, muito mais, pelo que você aparenta ser. É isso mesmo! Seu cérebro e sua história não valem de nada... Não é à toa que, por conta disso, também não há mais valores morais que façam a diferença. Houve um esvaziamento dos sentidos das coisas. Superficialidade, prazeres efêmeros. Isso é tudo o que estes super corpos, sarados e gostosos, podem oferecer... Pessoas fakes.

Traduzindo do inglês para o português, fake significa falsificação. Estamos reduzidos a isso: não usamos máscaras que nos protegem num primeiro momento e que depois vão caindo, conforme conhecemos as pessoas. Personificamos as máscaras. Mentimos. Omitimos. Não é mais proteção, é cultura, está se tornando parte da nossa cultura ocidental hegemônica.

 Será que, desta forma, estamos evitando sofrer? Será que nossas dores estão menores? Como Nietzsche disse uma vez, será que devemos mesmo usar máscaras para nos fincarmos nos corações dos homens? Penso que só estamos aumentando o abismo que nos separa dos outros, aumentando a dor que nossa solidão nos causa...


Sinceramente, não tenho nada contra homens que extirpam seus membros para virarem mulheres (?), nada contra mulheres que colocam 2 litros de silicone nos peitos para se sentirem aceitas, mas acredito que passar várias horas do dia na academia tem que dar prazer, não pode ser uma obrigação. Essas pessoas sentem toda esta dor por prazer? É uma coisa que realmente querem ou lhes é imposta?

Bom, já tive muitas neuras relacionadas à minha aparência e hoje, desencanada de quase todas, posso realmente afirmar que a minha aparência física não é nem 20% de tudo o que sou. Então, minhas estrias, celulites e gordurinhas marcam a minha história, minha tragetória de vida e, tipo assim, ou aprendo a conviver com elas, ou me mato quando começarem a vir as rugas...

Acho que é isso... Sempre disse que os meus fakes (perfis falsos que criamos na internet para uma primeira abordagem, hoje crime em alguns lugares do mundo) tinham muito de mim. Sim, quem prestava atenção ao que lia/via, saberia me encontrar também ali. Nunca tentei ser quem não sou, nunca fingi para conseguir algo que queria... Não posso dizer que nunca usei máscaras, mas as minhas caem, muito antes do que eu gostaria...

Carina, 03/02/2011 (aniversário do meu filhote, 11 anos)

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