domingo, 28 de agosto de 2011

Ah, o diferente, esse ser especial! - Artur da Távola


Ah, o diferente, esse ser especial!
Diferente não é quem pretenda ser.


Esse é um imitador do que
ainda não foi imitado,
nunca um ser diferente.


Diferente é quem foi dotado
de alguns mais e de alguns menos em hora,
momento e lugar errados para os outros.


Que riem de inveja de não serem assim.

E de medo de não agüentar,
caso um dia venham a ser.
O diferente é um ser sempre
mais próximo da perfeição.


O diferente nunca é um chato.
Mas é sempre confundido
por pessoas menos sensíveis e avisadas.
Supondo encontrar um chato
onde está um diferente,
talentos são rechaçados;
vitórias, adiadas;
esperanças, mortas.


Um diferente medroso, este sim,
acaba transformando-se num chato.
Chato é um diferente que não vingou.


Os diferentes muito inteligentes
percebem porque os outros
não os entendem.


Os diferentes raivosos
acabam tendo razão sozinhos,
contra o mundo inteiro.


Diferente que se preza entende
o porquê de quem o agride.


Se o diferente se mediocrizar,
mergulhará no complexo de inferioridade.


O diferente paga sempre o preço de estar
- mesmo sem querer –
alterando algo, ameaçando rebanhos,
carneiros e pastores.
O diferente suporta e digere a ira do irremediavelmente igual,
a inveja do comum, o ódio do mediano.


O verdadeiro diferente
sabe que nunca tem razão,
mas que está sempre certo.


O diferente começa a sofrer cedo,
já no primário, onde os demais, de mãos dadas,
e até mesmo alguns adultos,
por omissão, se unem para transformar
o que é peculiaridade e potencial
em aleijão e caricatura.
O que é percepção aguçada em:
“Puxa, fulano, como você é complicado”.
O que é o embrião de um estilo próprio em:
“Você não está vendo como todo
mundo faz?”


O diferente carrega desde cedo apelidos
e marcações os quais acaba incorporando.
Só os diferentes mais fortes do que o mundo
se transformaram (e se transformam)
nos seus grandes modificadores.


Diferente é o que vê mais longe do que o consenso.
O que sente antes mesmo dos demais
começarem a perceber.
Diferente é o que se emociona
enquanto todos em torno,
agridem e gargalham.
É o que engorda mais um pouco;
chora onde outros xingam;
estuda onde outros burram.
Quer onde outros cansam.
Espera de onde já não vem.
Sonha entre realistas.
Concretiza entre sonhadores.
Fala de leite em reunião de bêbados.
Cria onde o hábito rotiniza.
Sofre onde os outros ganham.


Diferente é o que fica doendo
onde a alegria impera.
Aceita empregos que ninguém supõe.
Perde horas em coisas que
só ele sabe importantes.
Engorda onde não deve.
Diz sempre na hora de calar.
Cala nas horas erradas.
Não desiste de lutar pela harmonia.
Fala de amor no meio da guerra.
Deixa o adversário fazer o gol,
porque gosta mais de jogar do que de ganhar.


Ele aprendeu a superar riso,
deboche, escárnio,
e consciência dolorosa de
que a média é má porque é igual.


Os diferentes aí estão: enfermos, paralíticos, machucados, engordados,
magros demais, inteligentes em excesso,
bons demais para aquele cargo,
excepcionais, narigudos, barrigudos,
joelhudos, de pé grande, de roupas erradas,
cheios de espinhas, de mumunha,
de malícia ou de baba.


Aí estão, doendo e doendo,
mas procurando ser,
conseguindo ser,
sendo muito mais.


A alma dos diferentes é feita de uma luz além.
Sua estrela tem moradas deslumbrantes
que eles guardam para os pouco capazes
de os sentir e entender.
Nessas moradas estão
tesouros da ternura humana.
De que só os diferentes são capazes.


Não mexa com o amor de um diferente.
A menos que você seja suficientemente forte
para suportá-lo depois.


(Artur da Távola)



Recebi este texto por e-mail já faz algum tempo. Esta semana, quando estava procurando alguma coisa para levar na escola da minha filha, para a festa da família (em substituição à festa de dia dos pais), a Mauri me reencaminhou este e-mail que eu mesma havia enviado a ela. Foi um reencontro. Estas palavras disseram muito a mim outrora e ainda dizem ao meu coração. Não só porque eu convivo com a diferença e ela faz parte do meu dia a dia, mas também porque eu sempre me senti assim: DIFERENTE. Apenas isso e simples assim. Nunca me encaixei nos moldes e padrões pré estabelecidos, sempre fui mais - ou menos - mas nunca igual. Resumindo: sempre minha intensidade me fez sentir diferente dos demais, porque não sei ser superficial, não sei ser metade, apenas inteira. Por isso que tenho poucos - e bons - amigos. Por isso que choro na frente dos meus filhos. Por isso que muitas vezes falo demais. Mas este texto narra isto mesmo. É uma ode à estas e outras diferenças que, ao contrário do que muitos pensam, não nos diminuem diante dos outros, nos engrandecem e nos tornam especiais. A todos os diferentes, um brinde! Você com certeza não está sozinho!

Carina, 28/08/11.

A escola de faz de conta...

Estou chocada! Deparei-me com uma realidade a qual nenhum livro, nenhum polígrafo, nenhum estudo acadêmico previu que pudesse existir. A escola em nada se parece com o que me lembro dela. Nos tempos em que eu frequentava a escola, como aluna, havia respeito. Respeito ao próximo, respeito ao mestre.

Tenho me perguntado, nos últimos meses, desde que voltei para a sala de aula, desta vez como docente, onde foram parar os valores de outrora? Que fizeram com a moral, a ética, os bons costumes, que fizeram com a educação, afinal?

Tudo o que vejo é alienação. Alunos que vem para a escola predispostos a qualquer coisa, menos estudar. Entram e saem da aula quando bem entendem, atendem seus celulares dentro da sala de aula, mesmo com o professor explicando o conteúdo na frente da sala. Ficam pelo pátio, escutando músicas cujas letras são indescritíveis, fumam, batem papo como se estivessem no boteco da esquina - isso quando não o fazem dentro da sala de aula. Simplesmente ignoram a presença do professor em sala de aula.

Caso o mestre se oponha a alguma destas posturas aqui expostas, sofre retalhações, professores são ameaçados por pais, familiares e, na maior parte dos casos, pelo próprio aluno. São ridicularizados, como se fossem eles quem precisassem dos alunos e não o contrário.

Os alunos estão tão cheios de si que pensam saberem de tudo, ignoram que precisam dos conteúdos até mesmo para terem empregos melhores. Vestibular? Poucos, muito poucos pensam em irem adiante.

Fico observando esta nova maquinaria escolar que a mim se apresenta e me pergunto o que Piaget, Rousseau, Vygotsky e até mesmo Paulo Freire diriam se aqui estivessem. Rousseau certamente não encontraria aqui o seu Emílio. O ideal de aluno crítico e pesquisador passa bem longe daqui. Aliás, se perdeu... Os investimentos do Estado, que são poucos e bem sabemos o porquê, se perdem porque seu alunado não quer mais nada, seu próprio alunado é quem está sucateando o sistema de ensino.

Os mestres são/estão obsoletos, não tem mais função específica, animadores de palco, praticamente assistentes da Xuxa, de tudo fazem para prenderem uma atenção que jamais terão.

Sinto que estamos vivenciando um divisor de águas único na história da humanidade. E sinto mais ainda por saber que os adultos de amanhã jamais levantarão de seus assentos para que os idosos possam sentar-se. Eu, que serei idosa, sei que terão poucos cidadãos com quem poderei conviver.

Recém formada, cheia de fé na educação, cheia de utopias e ideologias, aprendi a dar novos olhares, aprendi o quanto é importante desmistificarmos as narrativas que constituem os sujeitos. Eu, que tanto acreditei na educação ambiental com que trabalhei, vejo agora futuras educadoras tocarem copos plásticos pela janela, mesmo em meio à calamidade climática em que estamos vivendo.

A escola não serve mais para trabalhar conteúdos necessários para a vida humana. Não. Ela serve para a socialização. Sem mediadores. A escola se transformou num grande shopping. E o que é comercializado aqui não é a educação. Seja pública ou privada, a escola agora é uma grande rede de relacionamentos, com meninas mega produzidas, maquiadas, fáceis. Os meninos, mesmo depois de uma jornada fatídica de trabalho (muitos são e serão para sempre peões), vem à escola única e exclusivamente pelo prazer da caça. Muito simples, onde há oferta, há procura.

Sala de aula não é pra mim. Definitivamente não. Porque sou crítica demais para fazer de conta. Fazer de conta que ensino para meus alunos fazerem de conta que aprendem e, no final de tudo, ter de progredí-los porque o governo exige um mínimo de aprovação ou porque não quero denunciar meu próprio fracasso.

Eu, que vesti meu barrete há exatamente uma semana e aprendi a acreditar no potencial de meu aluno, seja ele qual for, estou perdendo toda e qualquer esperança que ainda tenha.

Não sei dizer onde está a falha, se está na Escola Nova, que mudou o foco do ensino e aprendizagem do professor para o aluno, ou se foi na Revolução Feminista, que tirou as mães de seus lares para competirem no mercado de trabalho, perdendo-se, aí, boa parte dos valores familiares que hoje vemos claramente faltarem em cada um de nossos jovens.

Aprendi a respeitar os mais velhos, aprendi que pedir desculpas, com licença, dizer obrigada demonstram boa educação. Me criei num sistema de ensino onde o professor era, sim, detentor de todo o conhecimento de que eu necessitava, onde se tinha medo do diretor e do tapete de tampinhas, onde a gente era reprovado, pura e simplesmente, caso não alcançasse os objetivos propostos pela escola, sem nunca ter se ouvido falar em déficit de atenção ou dificuldades de aprendizagem. Não morri por isto, estou aqui para provar. Mas temo que a minha geração seja a última com estes valores. A última geração Coca-Cola. A sociedade está mesmo preparada para isto?


quinta-feira, 23 de junho de 2011

Amor, I love you

"... tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações! “

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Filhos

Filhos... Você provavelmente já ouviu alguém falar aquela célebre frase: "se não tê-los, como sabê-lo?". Pois é... Tem coisas que só experienciando para saber como realmente é. Um dia, eles são bebezinhos indefesos no seu colo, a quem você devota todo o seu amor e cuidados... No outro, assim, de repente, não mais que de repente, eles estão crescidos e desafiando você - e sua paciência - a cada instante.
Eu estava olhando para os meus estes dias e pensando: quando foi que eu me perdi deles? Lá estão, construindo suas próprias maneiras de ser e ver o mundo... Inevitável, sabemos que lhes damos asas para voarem cada vez mais alto. Mas foi muito rápido, pisquei meus olhos e já estavam quase do meu tamanho, questionando meu jeito de ser mãe e as coisas da vida...
Quando reparei, já era tarde para fazer diferente... Queria ter sido mais MÃE, ter pego mais no colo, ter embalado mais seus sonos, ter cantado mais para dormirem. Hoje, tudo isso já perdeu a graça - para eles - e já não pode mais fazer parte do cotidiano. Outras coisas passam a fazer parte das nossas rotinas: lições de casa, cada vez mais difíceis, computadores, amigos... Nos afastamos cada vez mais. Nem sempre estou presente para acompanhá-los, nem sempre posso estar por perto quando choram... Essa é a maternidade moderna. Sou mãe, mas também preciso ser trabalhadora, estudante, amiga, irmã e companheira. Muitos e muitos papéis para uma pessoa só.
Errei, acredito e sinto que errei muitas vezes com eles, mas sempre em meu afã de acertar. Não há receita para maternidade, infelizmente. Nossas relações com as pessoas sempre serão desafiadoras porque guardamos o infinito dentro de nós e até mesmo os nossos filhos poderão ser muito diferentes daquilo que almejamos para eles. É assim mesmo.
Até o ano passado, passávamos as tardes na pracinha, sempre gostei de ser parceira deles para as "indiadas", eles brincavam nos balanços, gangorras, fazíamos pique-niques, isso desde que eles eram muito pequenos... Mas algo mudou e isso já não basta. Não querem mais brinquedos, jogar bola com os amigos virou coisa mais séria do que as peladas nos campinhos das pracinhas, não são - ou não querem mais ser- crianças. Isso me dói profundamente. 
Sinto falta do abraço, do grude, das cochiladas nas tardes de inverno. Ser mãe é mesmo algo único e especial. Eu, há quase quatro anos, tento ser mãe e pai ao mesmo tempo. Tento. Porque sei que é impossível substituir uma presença. Mas vou fazendo a minha parte. Entre tantas ausências e distâncias, amo-os como jamais amei ninguém em minha vida. Se há alguma definição de amor incondicional, deve ser esta. Porque não quero nada em troca, para mim, basta sabê-los aqui, tão perto de mim, tão longe de mim, mas aqui, vivos, respirando suavemente num sono que ainda posso velar do meu jeito.
O que tenho a dizer é que, os pais que ainda tem seus filhos pequenos, que cabem ainda em seus colos, façam, não deixem o colo para amanhã, não deixem a pracinha para depois, não protelem o abraço porque o tempo passa muito mais rápido do que acreditamos e, quando você se der conta, vai ser seu fillho que não vai mais querer seu abraço e um brinquedo caro já não mais compensará as suas ausências. 
Quanto aos meus filhos, sempre me restará o sentimento de que fiz muito pouco, sempre desejei ter feito mais, muito mais do que fiz, mas, no entanto, estive dentro do que me foi possível oferecer e, se tenho algum arrependimento, é o de não ter aproveitado mais as infâncias de vocês enquanto eu podia.  Os abraços, hoje tão raros, pretendo não desperdiçar e cada minuto ao lado de vocês, guardarei como um tesouro raro, pois são vocês, unicamente vocês dois, que me mantém caminhando sobre este mundinho insano.




domingo, 3 de abril de 2011

Encontros...

Volto ao Blog depois de mais de um mês sem escrever para falar sobre uma coisa que muita gente já deve ter se perguntado alguma vez na vida. Por que encontramos determinadas pessoas, por que estas e não outras, por que entram em nossas vidas em certos momentos e algumas vezes temos tantas dificuldades em tirá-las dela?
Podem ser pessoas que compartilham de uma sala de aula com você por anos, podem ser pessoas com quem você trabalha, podem ser aquelas que você encontra nas mais diversas situações: um restaurante lotado que obriga você a dividir uma mesa, um acidente ou até numa praça num dia preguiçoso de sol. Os primeiros encontros sempre marcam as histórias daqueles que passam a fazer parte de nossas vidas sem mais nem porque.
Quando estamos dividindo um espaço com muitas pessoas, como na escola, trabalho ou faculdade, muitas vezes me perguntei porque estas e não aquelas outras que entraram na minha vida... Afinidade? Ou será coisa de outras vidas? Porque, se pararmos para pensar, algumas, não, muitas delas, saem de sua vida sem que sequer tenham feito parte dela. São aqueles que você cumprimenta na rua, mas nem sabe bem de onde que conhece. Enquanto isso tem aquelas outras que vão na sua casa, conhecem seus filhos, fazem parte da sua rotina. Como começou? Passa um filme na cabeça. Foi naquela vez em que ela te ajudou num trabalho importante, foi na vez em que te pagou um almoço quando você teria ficado o dia inteiro sem comer, se não fosse por aquele gesto.
Cada vez mais tem menos pessoas fazendo essa diferença em nossas vidas. Cada vez menos pessoas entrando em nossos corações para ficar. Já falei das máscaras, já falei da superficialidade, da correria de nosso dia a dia... mas serão estes mesmos os motivos? A Internet facilitou ou complicou este processo? Eu sempre analiso pelos dois lados essa questão. Diria que facilitou e complicou ao mesmo tempo. À medida que temos a possibilidade de conhecer pessoas de longe, que certamente não encontraríamos em outras situações, muitas delas utilizam desta ferramenta para esconder quem realmente são. Isso complica. Mas não é a Internet, são as pessoas.
Conheci muitas ali que se fincaram em meu coração, cada um do seu jeito e cada um tem um pedacinho, alguma coisa, que eu amo muito.
Mas grandes encontros só acontecem com aqueles que mantém suas almas, com aquelas pessoas que se deixam levar, que não tem medo de sofrer. Perdi as contas de quantas vezes pensei que estava vacinada, que não me apaixonaria e, quando dava por mim... Lá estava, caidinha de amores e sofrendo fosse esse amor correspondido ou não. Sofremos por aqueles que amamos, seja um namorado ou um amigo. Sempre é ruim ver o final de uma relação, seja ela qual for. Nos decepcionamos, pensamos que nos fechamos, e, quando menos esperamos, começa tudo de novo.
Hoje poucas pessoas são parte desses encontros, muito poucas. Mas dou valor a cada uma delas. Sei do exato momento em que cada uma se fincou em meu coração, os primeiros sorrisos compartilhados, as primeiras lágrimas. Sei que vou chorar quando tiverem que ir embora, pois gostaria de tê-los sempre ali, por perto, mesmo que de longe. E, não importa quanto tempo passe, outros encontros virão. Surpreendentes e estranhos, como todo grande encontro tem de ser... E estarei pronta.

Carina, 03/04/2011

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Fraternidade


Falar em FRATERNIDADE nos dias de hoje não é tarefa fácil... Poucas pessoas conhecem de fato o real sentido desta palavra... No dicionário, os significados epistemológicos desta palavra são muitos: Parentesco entre irmãos. 2 Solidariedade de irmãos. 3 União ou convivência como de irmãos. 4 Amor ao próximo. 5 Harmonia entre os homens. 6 Relações harmoniosas entre pessoas da mesma profissão, ocupação, classe etc. Dois deles falam direto ao meu coração: "amor ao próximo" e "solidariedade de irmãos". E a tradução desta palavra também encontro em uma pessoa que, por um acaso, é meu irmão de sangue, mas que sei que é assim, esta pessoinha especial, também para com aqueles que não são seus consanguíneos.
Você provavelmente já teve em algum momento da sua vida aquele amigo a quem pudesse chamar de irmão, aquele que está do seu lado quando você sente tudo ruir... que te estende a mão quando todos te viraram as costas.
Então, o Caê, a quem eu tenho muito orgulho de chamar de "mano", é essa pessoa... Lealdade é outro conceito do qual ele entende... Coisa de família, de criação, eu acho. Não somos pela metade, somos inteiros. No momento de minha vida em que eu mais precisei, ele estava comigo, me estende a mão o tempo todo, seja num dinheiro emprestado quando as coisas apertam ou numa carona pra me poupar das longas caminhadas... Não é só isso... Essa pessoa me fez levantar quando caí o maior tombo de minha vida, me deu forças, me ajudou a voltar a caminhar...  
Me emociono ao escrever sobre ele porque ele é e muito mais do que um irmão... Sempre digo que os amigos "são os irmãos que podemos escolher", então, dentro desta máxima, não sei bem como definir esta presença constante na minha vida... Um amigo que Deus me deu de presente? Um presente de Deus que virou meu grande amigo? Sei que fraternidade ganhou um novo sentido quando as brigas (elas fazem parte) acabaram e ele virou meu grande parceiro, tanto é que batizou meus dois filhos e é a referência masculina do Luan, que, se o mesmo Deus que me deu esse irmão de presente permitir, vai ser um grande homem, como ele o é.
Obrigada, meu mano querido, por me ensinar o que é fraternidade, obrigada por estar com a gente quando mais precisamos e peço a Deus que retribua tudo o que fazes por nós enquanto eu não puder fazê-lo. É teu aniversário, mas o presente quem ganha são todos aqueles que tem a oportunidade de conviver com você!
Te amo, te amamos e espero que você sempre tenha essa certeza. Valeu por tudo!


Amanhã, dia 23/02, é aniversário desta pessoa tão especial pra mim, então, essa foi a maneira que encontrei de prestar minha singela homenagem, mesmo sabendo que ele merece muito mais que isso. Feliz níver, maninho! Que o mundo te ofereça tudo o que há de melhor, porque, se tem uma pessoa nesta existência que merece, esse alguém é você! Te amo demais da conta!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mulheres


Não importa o quanto pesa.
É fascinante tocar, abraçar e acariciar o corpo de uma mulher.
Saber o seu peso não nos proporciona nenhuma emoção. Não temos a menor idéia de qual seja seu manequim.
A nossa avaliação é visual. isso quer dizer, se tem forma de guitarra... está bem. Não nos importa quanto medem em centímetros - é uma questão de proporções, não de medidas. As proporções ideais do corpo de uma mulher são: curvilíneas, cheinhas, femininas... Essa classe de corpo que, sem dúvida, se nota numa fração de segundo.
As magrinhas que desfilam nas passarelas, seguem a tendência desenhada por estilistas que, diga-se de passagem, são todos gays e odeiam as mulheres e com elas competem. Suas modas são retas e sem formas e agridem o corpo que eles odeiam porque não podem tê-los.
Não há beleza mais irresistível na mulher do que a feminilidade e a doçura.
A elegância e o bom trato, são equivalentes a mil viagras.
A maquiagem foi inventada para que as mulheres a usem. Usem! Para andar de cara lavada, basta a nossa. Os cabelos, quanto mais longos, melhor.
Para andar com os cabelos curtos, bastam os nossos.
As saias foram inventadas para mostrar suas magníficas pernas.
Porque razão as cobrem com calças longas?
Para que as confundam conosco? Uma onda é uma onda, as cadeiras são cadeiras e pronto.
Se a natureza lhes deu estas formas curvilíneas, foi por alguma razão e eu reitero: nós gostamos assim. Ocultar essas formas, é como ter o melhor sofá embalado no sótão.
É essa a lei da natureza... que todo aquele que se casa com uma modelo magra, anoréxica, bulêmica e nervosa logo procura uma amante cheinha, simpática, tranqüila e cheia de saúde.
Entendam de uma vez!
Trate de agradar a nós e não a vocês. porque, nunca terão uma referência objetiva, do quanto são lindas, dita por uma mulher.
Nenhuma mulher vai reconhecer jamais, diante de um homem, com sinceridade, que outra mulher é linda.
As jovens são lindas... mas as de 30 para cima, são verdadeiros pratos fortes. Por tantas delas somos capazes de atravessar o atlântico a nado.
O corpo muda... cresce.
Não podem pensar, sem ficarem psicóticas, que podem entrar no mesmo vestido que usavam aos 18.
Entretanto uma mulher de 35, na qual entre na roupa que usou aos 18 anos, ou tem problemas de desenvolvimento ou está-se auto- destruindo.
Nós gostamos das mulheres que sabem conduzir a sua vida com equilíbrio e sabem controlar a sua natural tendência a culpas.
Ou seja, aquela que quando tem que comer, come com vontade (a dieta virá em Março, não antes; quando tem que fazer dieta, faz dieta com vontade (não se saboteia e não sofre); quando tem que ter intimidade com o parceiro, tem com vontade; quando tem que comprar algo que goste, compra; quando tem que economizar, economiza.
Algumas linhas no rosto, algumas cicatrizes no ventre, algumas marcas de estrias não lhes tira a beleza. São feridas de guerra, testemunhas de que fizeram algo em suas vidas, não tiveram anos "em formol" nem em spa... viveram!
O corpo da mulher é a prova de que Deus existe. É o sagrado recinto da gestação de todos os homens, onde foram alimentados, ninados e nós, sem querer, as enchemos de estrias, de cesarianas e demais coisas que tiveram que acontecer para estarmos vivos.
Cuidem-no! Cuidem-se!
Amem-se!
A beleza é tudo isto.
Tudo junto!

(Autor desconhecido)



A BUNDA DURA 

"É melhor vc ter uma mulher engraçada do que linda, que sempre te acompanha nas festas,  adora uma cerveja, gosta de futebol, prefere andar de chinelo e vestidinho, ou então calça jeans desbotada e camiseta básica, faz academia quando dá, come carne, é simpática, não liga pra grana, só quer uma vida tranqüila e saudável, é desencanada e adora dar risada.
Do que ter uma mulher perfeitinha, que não curte nada, se veste feito um manequim de vitrine, nunca toma porre e só sabe contar até quinze, que é até onde chega a sequência de bíceps e tríceps.
Legal mesmo é mulher de verdade. E daí se ela tem celulite?
O senso de humor compensa. Pode ter uns quilinhos a mais, mas é uma ótima companheira.
Pode até ser meio mal educada quando você larga a cueca no meio da sala, mas e daí?
Porque celulite, gordurinhas e desorganização têm solução.
Mas ainda não criaram um remédio pra FUTILIDADE!!"
"E não se esqueça....
Mulher bonita demais e melancia grande, ninguém come sozinho!!!!!"

(Arnaldo Jabor)

É isso mesmo, pessoas... Em dias de futilidade e superficialidade, é muito bom nos depararmos com escritas opositoras a estes movimentos... É por isso que eu me convenço a cada dia que passa de minha beleza... E me refiro à beleza da alma, aquela que poucos conseguem visualizar. Física também, por que não? Valorizo cada pedaço de mim, hoje mais do que nunca... Não quer? Tem quem queira... Aliás, isso é fato! A fila anda, com catraca seletiva, mas anda. E considero um privilégio de poucos o despertar de meus sentimentos.
Uma realidade da qual me dei conta há muito pouco tempo é que os homens em geral não ligam muito pra gordurinhas, celulites e estrias. Quem nota isso em mulher é mulher! Impulsionadas pelo senso de competitividade, reparam nas roupas, estilo e quilinhos a mais. Nos vestimos e produzimos sempre umas para as outras (poucos homens sabem disso, mas é verdade!)
Meninas, se liguem, homem que repara em nossos defeitinhos são aqueles "ratos de academia", viciados neles mesmos, ou gays inrustidos que insistem em nos puxar para baixo. Exatamente os tipos que acredito que devamos manter distância. Homem de verdade quer mulher de verdade, sem frescuras. Frente a inúmeros conceitos que possam existir relacionados a isto, penso que os dois textos acima nos ajudam um pouco a entender essa concepção. Os homens podem até procurar as magrinhas neuróticas para apresentarem à sociedade, mas acabam se rendendo aos encantos das mulheres que são mais descoladas, gostosas de fato. Gostosa porque a companhia é leve, porque são parceiras para tudo e não tem muitas "nove horas" na hora do sexo.
A mulher renascentista é, de longe, muito mais atraente do que as modelos anoréxicas que desfilam nas passarelas de hoje e, não esqueçam, Marilyn Monroe, uma das mulheres mais sexys do mundo, vestia manequim 46. Ou seja, ser/estar sexy tem muito mais a ver com atitude do que com aparência. Eu sou, e você?

Carina, dia 21/02/11.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Sonho...

Sonhei com ele de novo... E era um sonho assim, meio maluco, daqueles sonhos que são fáceis de perceber que se está sonhando. Mesmo assim, acordei de sobressalto. Senti. Senti ciúmes, desespero, senti dor... No sonho, chorei, mas não consegui fazê-lo quando despertei, embora a dor ainda estivesse lá, bem no fundo do meu ser.

Arrumei-me, tomei meu café e me pus a caminhar rumo ao trabalho, a dor causada, irrompida, pelo sonho, dispersou-se por todo o meu ser, mas ainda permaneceu.

Por mais que eu tente me afastar, por mais que eu tente convencer a mim mesma, qualquer coisa traz à tona o sentimento adormecido.

É inevitável. Chegará a hora em que ele terá de recomeçar a sua vida. Tenho que estar preparada. Este sonho pode ter sido um aviso para a minha alma: "prepara-te para vê-lo passar de mãos dadas com outra, prepara-te para vê-lo construir outra história, assim, longe de você, prepara-te para ser banida de uma vez por todas da vida dele, sem tê-lo expulsado ainda da sua."

Punição? Castigo? Talvez... Talvez por eu ser tão subliminar, talvez por ser tão abstrata e continuar acreditando naquilo que não posso ver ou tocar. Por ainda ter esperanças de que algo como o amor possa renascer quando nada foi cultivado.

A impossibilidade de trazê-lo de volta à minha vida é intensificada até mesmo no terreno dos sonhos e me marca profundamente. Logo em meu sonhos, que é exatamente onde eu poderia sentí-lo por perto novamente, ele me escapa. Tal e qual nuvem, fumaça, vapor. Nada há que se possa fazer para resgatá-lo, nada!

Resta-me este sentir...sentir o vazio fulgurado pela ausência de amor pelo qual meus dias vão se passando. Serei amada outra vez? Serei observada e velada enquanto durmo por olhos carinhosos e atentos mais uma única vez em minha vida?

Só peço a Deus que a eterna ausência dele em minha existência não me tenha condenado a ter de viver também sem o amor o resto dos meus dias...

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Cartas (e-mails) para uma amiga



Minha flor...



Nem sei o que te dizer sobre tudo isso, li teu e-mail e chorei como há muito não fazia... Realmente, não sei exatamente como e quando nos perdemos, mas a questão é que, em algum momento, o salto no abismo foi longo e arriscado demais... Uma vez escrevi que, estando no abismo, não se pode cair o tempo todo, sempre há onde se agarrar para cessar a queda, ao menos por hora, mas, o que vejo, é que a queda nunca mais teve fim para nós, é como se estivéssemos eternamente caindo na escuridão... Não fomos e nunca tivemos a intenção de sermos FDP com quem quer que seja, mas a questão social continua forte e somos julgadas e condenadas todos os dias pelos nossos atos e não sei até quando que conseguiremos suportar a dor que isto nos causa.
Sim, acho que são essas coisas que nos entristecem tanto e que nos fazem sentir assim, tão diferentes...
Em meus devaneios sobre tudo isso, sobre esse último ano, que pareceu que foram dez anos e não apenas um, por conta de tudo o que vivemos, muitas vezes me pergunto se não seria justo pagarmos o preço que nos pedem pra voltarmos ao começo... Mas aí torno a pensar que liberdade não tem preço e se pagarmos por ela com nossa solidão... é, sim, aceitável...(até que ponto eu não sei). Tem dias que ela se torna pesada demais, um fardo difícil de ser carregado... O vazio se torna insuportável e mais insuportável ainda é ter essa consciência doida de que dificilmente será preenchido...
Sim, te compreendo, nossos sentires são muito, muito parecidos, mas realmente não sei se tenho forças o suficiente pra te resgatar deste isolamento... não sei se tenho forças pra lutar por vc... e é isso que mais tem me doído, de não saber como te puxar de volta em meio a toda essa tempestade...
Ontem encontrei a G... on no msn e ela me disse que podemos recomeçar, que ainda me ama, mas, a realidade, cruel realidade, é que, apesar de gostar dela, não sei se consigo essa reaproximação...
Tenho medo que isso venha a acontecer com a gente, que o tempo passe e que não consigamos reverter a distância que terá se criado.
Ainda preciso da tua presença, cada vez mais, mas sei que tenho que respeitar teu tempo e tuas vontades, aquele dia senti uma dor enorme em pensar que talvez façamos disciplinas diferentes logo agora que a tendência seria ficarmos cada vez mais juntas, mas sei que tenho que respeitar teu espaço...
Mas, como te disse, espero que possamos nos fortalecer com nossas solidões, que esse tempo não venha a nos afastar, não faça a gente talvez perceber que pode viver uma sem a outra, porque não sei ser forte sem vc, não sei...
Esse período de férias é angustiante por conta de tudo isso, as incertezas, os vazios, tudo se acentua de tal forma que não sei como ressuscitamos ao final disso tudo... Tbm tenho medo de que a solidão seja eterna, tbm tenho medo de que só encontre paz qdo tudo tiver acabado, tbm tenho medo de perder mais pessoas na jornada e tenho mais medo ainda de que uma delas possa ser vc...
Mas não podemos deixar que o medo nos paralise, o caminho precisa ser traçado, seja ele qual for, nos levando pra onde for, em meio a tempestades ou furacões...




Andrea Doria


Legião Urbana


Composição: Dado Villa-Lobos / Renato Russo / Marcelo Bonfá


Às vezes parecia
Que de tanto acreditar
Em tudo que achávamos
Tão certo...
Teríamos o mundo inteiro
E até um pouco mais
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços
De vidro...
Mas percebo agora
Que o teu sorriso
Vem diferente
Quase parecendo te ferir...
Não queria te ver assim
Quero a tua força
Como era antes
O que tens é só teu
E de nada vale fugir
E não sentir mais nada...
Às vezes parecia
Que era só improvisar
E o mundo então seria
Um livro aberto...
Até chegar o dia
Em que tentamos ter demais
Vendendo fácil
O que não tinha preço...
Eu sei é tudo sem sentido
Quero ter alguém
Com quem conversar
Alguém que depois
Não use o que eu disse
Contra mim...
Nada mais vai me ferir
É que eu já me acostumei
Com a estrada errada
Que eu segui
E com a minha própria lei...
Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais
Como sei que tens também...


Flor, essa música é a que melhor me traduz  desde muito, muito tempo atrás, não a tenho ouvido, mas ela tem habitado meus pensamentos novamente, talvez por estar entrando numas de novo com relação a tudo isso... Sim, férias são punk!!!
Também espero que tudo volte ao normal(bom, nem tudo) e que voltemos a dar risada juntas e curtir bons momentos, porque são eles que fazem tudo, tudo valer a pena... E, no final das contas, são eles que carregamos junto com a gente...

Te amo demais, jamais esqueça disso! 31/01/09.



Ai, flor, nem me fale... Mas é que, sabe o que é, estive ocupada fazendo umas coisas, que, bah, nem te conto! Mas foi mara! Fiquei pensando ontem que as pessoas devem ficar apavoradas com a gente...
Vc sabe que te desejo tudo o que há de melhor no mundo, calma, calma, que esse depo vai sair, viu, mas acabo de descobrir que vou ter uma reunião depois do meu horário aqui, então talvez passe mais um dia em que não vou ter tempo de chegar no pc(pq, à noite, ele tem dona, já!). Nossa, acho que nossa cumplicidade acabou ultrapassando os limites que até nós mesmas esperávamos!
Não, e a coisa é tão, mas tão recíproca, que agora, enquanto eu escrevo este e-mail, vc me liga... (tá, passei mensagens pra ti agora há pouco, e deve ser por conta delas, mas mesmo assim...)
Sua doida, maluca, meu Deus, até Ele duvida do que somos capazes de fazer... Incrível! Somos fora da casinha... Mas é mara!
Olha, só em saber que posso ser eu mesma, que vc não me julga, que temos essa coisa que ninguém é capaz de nos tirar, mesmo com todas as sabotagens que sabemos acontecerem...(ai, não sei se tá certa a concordância verbal, mas dá pra entender, é o que vale).
Bom, flor, acho que essa crise teve o lado bom, serviu pra vermos que somos capazes de dialogar e resolver as pendências, que nossa amizade é maior, muito maior do que essas miudezas... Magoamos uma à outra, mas conseguimos colocar em pratos limpos e, principalmente, pedirmos desculpas, que acho que é mais fundamental...
Se te perdesse agora, acho que perderia o prumo, estava me sentindo muito perdida durante aqueles dias em que passamos afastadas, espero que isso não aconteça de novo, porque sofri demais da conta.
Vc significa muito na minha vida e precisa saber que faz parte da vida das crias tbm, elas tbm sentiram muito a tua falta!!! Gostam demais de vc!
Bom, foi mara passar mais um níver com vc! Mais de 24h da mais pura diversão! Sem contar que tua companhia é o que mais vale nisso tudo!
Te amo, demais da conta, sua "pecadora"! Hehehe...
Não quero te perder nunca!
Beijo, até hj de noite, espero que consigamos dar um cambão na pessoa lá pra colocarmos as fofocas em dia e falarmos o qto o V... é gostoso! Hehehe... Sem data definida....

Carina.


Em tempos de superficialidade, que já apontei em várias de minhas postagens aqui neste singelo Blog, eis que aponto a amizade, simples e sincera amizade... Estes e-mails foram encontrados por acaso, quando tive que limpar minha caixa de entrada e disseram muito a mim sobre a temática. Sabem aquela expressão de que uso muito "não sei ser pela metade"? Acho que aí se explica muito!
Estes e-mails foram respostas minhas aos e-mails de uma grande amiga (não coloco os dela aqui porque não quero pagar os direitos autorais que sei que ela me cobraria... hehehe...). Mas, enfim, eles servem para mostrar que ainda há pessoas que se entregam em meio ao caos em que vivemos. Deixando de fora as pieguices, essa amizade nasceu num ambinete inóspito e competitivo, onde jamais pensei que pudesse acontecer.
Já brigamos, nos fastamos, trocamos e-mails de ofensas, enfim, todas as coisas inerentes de uma boa amizade. Costumamos dizer que isso tudo faz parte construção, da nossa construção, enfim, nada está em solo de areia...

Doidas e Santas, Martha Medeiros

"Toda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar nosso poder de sedução para encontrar "the big one", aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais. Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é mesmo? Mas além disso temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir de vez em quando que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca, mas nunca, pensaremos em jogar tudo pro alto e embarcar num navio-pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar uma cafetina, sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha. Eu só conheço mulher louca.
Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada, dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante. Pois então. Também é louca. E fascina a todos. Todas as mulheres estão dispostas a abrir a janela, não importa a idade que tenham. Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Última Gota.
Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. E santa, fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseje mais nada? Você vai concordar comigo: só sendo louca de pedra. "
 
E tem alguma mulher que realmente pode tocar pedra nas outras (embora saibamos que muitas o fazem)? Quem não tem desejos, mesmo que secretos, os quais dariam qualquer coisa para realizar? Desejos tão secretos e íntimos que sequer tem coragem de falar... Enfim, felizes as doidas que tem a ousadia de vivenciar cada um deles! E, às outras, sobra o gostinho da inveja... Sou doida, e você? (E sempre soube disso...)

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Aniversário

Sempre gostei de festa de aniversário, dos outros. Comemorar aniversário sempre é bom, quando é dos outros. Do meu, não gosto. Nunca gostei. Apesar do verão ser a estação do ano de que mais amo, ao mesmo tempo é uma época em que eu gostaria de sumir...

 Sempre comento que, se pudesse, dormiria antes do Natal e acordaria só depois que tivesse acabado o Carnaval. Não precisaria de ceia, troca de presentes, brinde para comemorar a chegada de mais um ano que é sempre igual a todos os outros e nem ser parabenizada por ficar mais velha... Coisa mais grotesca...

Não sei se é porque sempre tive uma pontinha de inveja dos colegas que faziam festa na escola, que tinham parceria pra ir comemorar em algum lugar, enfim, que nunca, nunca mesmo, ficavam sozinhos nesta data.

Comigo, o contrário. Época em que ou eu estava na praia, ou meus amigos... Nunca tive grandes manifestações, nem mesmo quando me tornei uma balzaquiana. Talvez seja isso... Uma certa mágoa, um certo rancor, um certo vazio...

As Testemunhas de Jeová, me disseram uma vez, não comemoram seus aniversários porque a única menção a aniversário que faz a Bíblia é o de Herodes, que pediu de presente a cabeça de João Batista em uma bandeja. (Mt, 14: 1-11). Sei lá, sabe, de qualquer forma não me soa bem comemorar o envelhecimento de nossas células, o caminhar para a morte...

Não é por causa de João Batista, coitado... e acho que nem Jesus pediria que não comemorássemos o que quer que fosse, desde que não seja matando alguém, claro. Celebrar é bom. Mas temos outras coisas mais importantes, sem datas definidas... o dia que nossos filhos caminharam sozinhos, por exemplo... e entendamos o caminhar não apenas como o 1º passo, mas também como a conquista da autonomia e da independência.

Enfim, aniversário bom mesmo é quando é dos outros, dos nossos filhos, por exemplo, como hoje, só faço lembrar que há 11 anos atrás eu era uma hipopótoma louca de curiosidade de ver a carinha da pessoinha que eu carregava aqui dentro. Quanta coisa superada e conquistada em todos estes anos... Então, já não sinto tanto a proximidade do meu... vejo os anos passando através do crescimento deles, acho até que é mais bonito assim, deste jeito. E que venham os próximos, cheios de vida, porque é assim que tem que ser os aniversários!

Carina, 03/02/2011.


Os fakes


Esta semana ouvi um ator famoso de uma emissora de tevê famosa, num programa qualquer, falar das pessoas falsas... falsas não no sentido moral, mas no sentido físico da palavra. Mulheres e homens siliconados, sim, homens também!

 Estamos vivendo a era em que você vale mais, muito mais, pelo que você aparenta ser. É isso mesmo! Seu cérebro e sua história não valem de nada... Não é à toa que, por conta disso, também não há mais valores morais que façam a diferença. Houve um esvaziamento dos sentidos das coisas. Superficialidade, prazeres efêmeros. Isso é tudo o que estes super corpos, sarados e gostosos, podem oferecer... Pessoas fakes.

Traduzindo do inglês para o português, fake significa falsificação. Estamos reduzidos a isso: não usamos máscaras que nos protegem num primeiro momento e que depois vão caindo, conforme conhecemos as pessoas. Personificamos as máscaras. Mentimos. Omitimos. Não é mais proteção, é cultura, está se tornando parte da nossa cultura ocidental hegemônica.

 Será que, desta forma, estamos evitando sofrer? Será que nossas dores estão menores? Como Nietzsche disse uma vez, será que devemos mesmo usar máscaras para nos fincarmos nos corações dos homens? Penso que só estamos aumentando o abismo que nos separa dos outros, aumentando a dor que nossa solidão nos causa...


Sinceramente, não tenho nada contra homens que extirpam seus membros para virarem mulheres (?), nada contra mulheres que colocam 2 litros de silicone nos peitos para se sentirem aceitas, mas acredito que passar várias horas do dia na academia tem que dar prazer, não pode ser uma obrigação. Essas pessoas sentem toda esta dor por prazer? É uma coisa que realmente querem ou lhes é imposta?

Bom, já tive muitas neuras relacionadas à minha aparência e hoje, desencanada de quase todas, posso realmente afirmar que a minha aparência física não é nem 20% de tudo o que sou. Então, minhas estrias, celulites e gordurinhas marcam a minha história, minha tragetória de vida e, tipo assim, ou aprendo a conviver com elas, ou me mato quando começarem a vir as rugas...

Acho que é isso... Sempre disse que os meus fakes (perfis falsos que criamos na internet para uma primeira abordagem, hoje crime em alguns lugares do mundo) tinham muito de mim. Sim, quem prestava atenção ao que lia/via, saberia me encontrar também ali. Nunca tentei ser quem não sou, nunca fingi para conseguir algo que queria... Não posso dizer que nunca usei máscaras, mas as minhas caem, muito antes do que eu gostaria...

Carina, 03/02/2011 (aniversário do meu filhote, 11 anos)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Os banhos de lua de Sabina, por Anaïs Nin

"Nessa noite, recordou-se dos banhos de lua, como se isso tivesse marcado o início de sua vida, em vez dos pais, da escola, do lugar de nascimento. Como se eles tivessem determinado o curso de sua vida mais do que a herança ou imitação dos pais. Nos banhos de lua talvez estivesse a motivação secreta de seus atos.

Aos dezesseis anos, Sabina tomava banhos de lua, sobretudo porque todos os outros tomavam banhos de sol e, em segundo lugar, reconhecia ela, porque lhe haviam dito que era perigoso. Era desconhecido o efeito dos banhos de lua, mas se insinuava que podia ser o oposto dos efeitos do sol.

Estava amedrontada na primeira vez em que se expôs. Quais seriam as consequências? Havia muitos tabus contra se olhar para a lua, muitas lendas antigas sobre os efeitos malignos de se dormir ao luar. Ela sabia que a lua cheia era agudamente perturbadora para os loucos, que alguns deles retomavam aos hábitos animais de uivar para a lua. Sabia que na astrologia a lua governava a vida noturna do Inconsciente, invisível à consciência.

Mas então ela sempre preferira a noite ao dia. O luar caía diretamente sobre sua cama no verão. Ela ficava deitada nua ao luar, durante horas, antes de cair no sono, perguntando-se o que seus raios iriam fazer-lhe à pele, ao cabelo, aos olhos e, depois, mais profundamente, aos sentimentos.

Nesse ritual, parecia-lhe que a pele adquiria um brilho diferente, um brilho noturno, uma luminosidade artificial que somente apresentava seu mais pleno fulgor à noite, na luz artificial. As pessoas percebiam isso e lhe perguntavam o que estava acontecendo. Algumas sugeriam que ela estava usando drogas.

Isso acentuava-lhe o amor ao mistério. Ela meditava sobre este planeta, que mantinha metade de si no escuro. Sentia-se ligada a ele porque era o planeta dos amantes. A atração que sentia por ele, o desejo de banhar-se em seus raios explicavam sua repulsa a ter um lar, marido e filhos. Começou a imaginar que conhecia a vida que tinha lugar na lua. Sem lar, sem filhos, com amantes livres, nem mesmo ligados um ao outro.

Os banhos de lua cristalizaram muitos dos desejos e orientações de Sabina. Até este momento, ela experimentara apenas uma simples rebelião contra as vidas que a cercavam, mas então começou a ver as formas e cores de outras vidas, reinos muito mais profundos, estranhos e remotos a serem descobertos, e percebeu que sua recusa à vida comum tinha um propósito: despachá-la qual foguete em direção a outras formas de existência. A rebelião era apenas a fricção elétrica acumulando uma carga de energia que a lançaria no espaço.

Compreendeu por que se irritava quando as pessoas falavam da vida como sendo uma. Tinha certeza de miríades de vida dentro de si. Seu sentido de tempo alterou-se. Sentiu vividamente e com aflição a brevidade do período físico da vida. A morte encontrava-se terrivelmente próxima, e as jornadas em direção a ela eram vertiginosas, mas somente quando levava em consideração as vidas a sua volta, aceitando-lhes os horários, relógios, medições. Tudo o que faziam contraía o tempo. As pessoas falavam de um nascimento, uma infância, uma adolescência, um romance, um casamento, uma maturidade, um envelhecimento, uma morte e, então, transmitiam o ciclo monótono a seus filhos. Mas Sabina, ativada pelos raios lunares, sentia germinar dentro de si o poder de entender o tempo nas ramificações de uma miríades de vidas e amantes, para expandir a jornada para o infinito, fazendo imensas e voluptuosas voltas como cortesã depositária de múltiplos desejos. As sementes de muitas vidas, lugares, de muitas mulheres dentro de si foram fecundadas pelos raios lunares, porque vinham desta vida noturna ilimitada, que geralmente percebemos apenas em nossos sonhos, os quais contém raízes que se estendem a todas as magnificências do passado, transmitindo os ricos sedimentos ao presente, projetando-os ao futuro."

Anaïs Nin, mais um trecho do livro Uma Espiã na Casa do Amor.

Sabina, por Anaïs Nin


"Por que sou amada por ele? Será que ele continua me amando? Seu amor é por algo que não sou. Não sou suficientemente bela, não sou boa, não sou boa para ele, ele não deveria me amar, eu não mereço, vergonha, vergonha, vergonha por não ser suficientemente bela, há tantas outras mulheres muito mais belas, com rostos radiantes e olhos claros. Alan diz que meus olhos são lindos, mas não posso vê-los, para mim eles são olhos mentirosos, minha boca mente, há apenas algumas horas estava sendo beijada por outro. Ele está beijando a boca beijada por outro, está beijando olhos que adoraram outro... vergonha... vergonha... vergonha... as mentiras... as mentiras... As roupas que ele está pendurando para mim com tanto cuidado foram acariciadas e amarrotadas por um outro, um outro que era tão impaciente que amarrotava e puxava meu vestido com violência. Não tinha tempo para me despir. É esse o vestido que ele está pendurando com carinho. Posso esquecer o dia de ontem, esquecer a vertigem, essa selvageria, posso voltar para casa e nela permanecer? Às vezes não consigo suportar as rápidas mudanças de cena, as transições rápidas, não consigo fazer calmamente as mudanças de um relacionamento para o outro. Algumas partes de mim são arrancadas como um fragmento, voam aqui e ali. Perco partes vitais de mim, uma parte de mim permanece naquele quarto de hotel, uma parte de mim afasta-se deste local de abrigo, uma parte de mim está seguindo um outro enquanto ele desce a rua sozinho, ou talvez não sozinho: alguém pode tomar o meu lugar ao seu lado, enquanto estou aqui, esta será minha punição, e alguém ocupará o meu lugar aqui quando eu partir. Sinto-me culpada por deixar cada um deles sozinho, sinto-me responsável por eles estarem sozinhos, duas vezes culpada com relação a ambos os homens. Onde quer que esteja, estou em muitas peças, sem ousar juntá-las, assim como não ousaria juntar os dois homens. Agora estou aqui, onde não serei ferida, pelo menos durante alguns dias não serei ferida de maneira alguma, por nenhuma palavra ou gesto... mas não sou toda eu que estou aqui, apenas metade de mim está sendo protegida. Bem, Sabina, você fracassou como atriz. Você rejeitou a disciplina, a rotina, a monotonia, as repetições, qualquer esforço sustentado, e agora tem um papel que precisa ser mudado a cada dia para proteger um ser humano do sofrimento. Lave seus olhos mentirosos e seu rosto mentiroso, vista as roupas que ficaram em casa, que são dele, batizadas por suas mãos, interprete o papel de uma mulher inteira, pelo menos você sempre desejou ser isso, não é uma mentira completa..."



Anaïs Nin, Uma Espiã na Casa do Amor

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

História (devassa) da humanidade


Pesquisando imagens da humanidade na internet, exatamente sob este título: "humanidade", para colocar aqui, neste humilde Blog, em um texto meu que carrega esta mesma nomenclatura, eis que me deparo com esta imagem. Pensei: "estou aqui postando meus textos antigos que falam sobre Lilith, devassidão, etc, preciso dar um jeito de colocar esta imagem ali também... Choca? Sim, de fato, choca, a uma primeira olhada. Mas mente? Não, mentir, não mente. O sexo atravessou e fez parte da humanidade ao longo da nossa história. "Crescei-vos e multiplicai-vos"(Gn, 1:28) Mas eis que encontramos, através de Eva (não adianta, não vou com a cara dela) e da árvore da vida, que nos fez compreender as Ciências, um outro sentido para a relação sexual, eis que o sexo passa a servir para outras coisas (mais gostosas) do que somente gerar mais gente para sofrer neste mundinho cruel. É instintivo. faz parte da gente, assim como precisamos comer e dormir. Questão de sobrevivência mesmo. A realidade é que sexo é bom mesmo e felizes daqueles que são bem resolvidos o suficiente para admitirem isso. Eu adoro! Sexo bom, sexo pegado. Daqueles que deixam a gente acabado por, pelo menos, uns dois dias... Suor, beijos ardentes, tesão... Multiplicar? Talvez, faz parte também. Mas com responsabilidade. Eu, como já dei a minha singela contribuição para perpetuação da espécie, hoje sou mais adepta do sexo pelo sexo mesmo. Quem não gosta que atire a primeira pedra. Carolas e santinhas de plantão que me perdoem, mas não tenho vergonha de dizer. Sou aquela que vocês verão em um carro qualquer, a qualquer hora do dia, dando uns amassos. Sou aquela que vai demorar mais no banheiro porque está dando uns pegas... talvez, quem sabe, até em um dos seus namorados... sim, isso mesmo... porque, enquanto você está preocupada com as calorias que está ingerindo durante o dia, os homens estão buscando mulheres de verdade para fazerem um bom sexo, mulheres que não se limitam à beleza física, mulheres que são sexys até mesmo com a roupa da faxina. Sinto se sou uma delas... Sinto por vocês, não por mim... Porque sei que sexo, aquele instintivo, aquele animal mesmo, nunca irá me faltar. Mas não esquentem suas cabecinhas vazias, de vez em quando sobra um pouco para vocês. Mas só um pouco.

Carina, 25/01/2010.

Algumas reflexões minhas...

Hoje acabei a leitura do livro. Penso que me libertei das amarras, a falsa moralidade social já não mais me afeta como antes. Na realidade, penso que sempre tive uma ponta de inveja destas mulheres que não tiveram medo de ousar, de deixar o tesão falar mais alto que a razão, enfim, de enfrentar o desconhecido.
O que sempre me impediu de transcender foi eu mesma... Por medo. É, porque nunca liguei muito para as regras e convenções sociais, pelo contrário, sempre me fez muito bem ironizá-las e, de certa forma, combatê-las. Questionar o sistema faz parte da minha vida, desde que me conheço por gente.
Mas a questão que me vem agora não é esta, definitivamente não. O que me pergunto agora é como vim parar aqui? Nunca tive vocação para ser mãe de família, honesta e recatada... Minha devassidão, minha Lilith, ficou em algum lugar em mim, distante e esquecida...



Dia 05/01/2007.

Estou cansada... Deus sabe o preço que pago, que sempre paguei. Por minhas escolhas, os caminhos tortos que percorri e ainda percorro... Acho que não era pra mim. Não consigo ser forte o tempo todo.

Dia 20/05/2007.

A lua cheia há alguns dias me deixa inquieta. Já não sou mais o suficiente para mim mesma... Espaços vazios... E uma inspiração doida que me faz querer escrever, mas não para mim, não em segredo. Quero escrever para outra pessoa, mas, no entanto, acho que ninguém compreenderia.
Minha Lilith está desperta! Mais uma vez. E já não posso sentir que tipo de destruição está causando aqui dentro ou que mudanças trará consigo. Mas é tão forte, tão intenso... Me consome quase que por inteiro...


Dia 03/06/2007.

Penso que há algo em mim que me afasta das pessoas e as afasta de mim. Mesmo junto, mesmo perto, me sinto só e essa solidão cresce cada vez mais e mais e faz com que eu não chore quando tenho vontade, acaba com a empatia, me faz gélida diante de meus próprios sentimentos. O conhecimento nos distancia pouco a pouco das pessoas.


Carina, dia 05/06/2007.

Perdida de mim mesma...



Há dias que penso em escrever, mas não consigo... Os amigos, os verdadeiros amigos, me fazem falta, pois não consigo pedir por socorro. É estranho, mas as pessoas ao meu redor não conseguem ver a tristeza que há em meu silêncio, a carência em minha distância. E assim vou me perdendo. De tudo. De todos. Coloco os fones nos ouvidos e já não faço mais parte deste mundo. Olho até a minha própria vida como se fosse um filme. A diferença é que a trilha sonora quem escolhe sou eu.
A verdade é que o medo me paralisa. Há coisas que às vezes acontecem e que fazem com que eu fique arredia. Mesmo não querendo, desconfio. Desconfiando, me afasto. Me afastando, me perco. E não tem jeito, o medo de sofrer novas decepções e perdas faz com que eu fique assim, dessa maneira que, aos olhos dos outros, parece mesquinha e egoísta. Mas é minha defesa - luto com as armas que tenho.
A dor, bom, esta vai se fazendo física e intensifica meu sofrimento - exatamente o que tento evitar. Mas, como disse alguém uma vez, "só não sofrem aqueles que não vivem". -> E o que seria da vida se esta fosse sempre morna e medíocre?! Temos que, pelo menos, viver alguma coisa INTENSAMENTE. Se forem dor e sofrimento, que venham, então. Com certeza, os raros momentos felizes serão bem mais coloridos também.



Carina, dia 22/03/2007.