sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Difícil ser transparente?

 Às vezes, fico me perguntando porque é tão difícil ser transparente?

 Costumamos acreditar que ser transparente é simplesmente ser sincero, não enganar os outros. Mas ser transparente é muito mais do que isso.  É ter coragem de se expor, de ser frágil, de chorar, de falar do que a gente sente...

 Ser transparente é desnudar a alma, é deixar cair as máscaras, baixar as armas, destruir os imensos e grossos muros que nos empenhamos tanto para levantar...

 Ser transparente é permitir que toda a nossa doçura aflore, desabroche, transborde!

 Mas infelizmente, quase sempre, a maioria de nós decide não correr esse risco.

 Preferimos a dureza da razão à leveza que exporia toda a fragilidade humana.

 Preferimos o nó na garganta às lágrimas que brotam do mais profundo de nosso ser...

 Preferimos nos perder numa busca insana por respostas imediatas a simplesmente nos entregar e admitir que não sabemos, que temos medo!  Por mais doloroso que seja ter de construir uma máscara que nos distancia cada vez mais de quem realmente somos, preferimos assim: manter uma imagem que nos dê a sensação de proteção...

 E assim, vamos nos afogando mais e mais em falsas palavras, em falsas atitudes, em falsos sentimentos.

 Não porque sejamos pessoas mentirosas, mas apenas porque nos perdemos de nós mesmos e já não sabemos onde está nossa brandura, nosso amor mais intenso e não-contaminado.
 Com o passar dos anos, um vazio frio e escuro nos faz perceber que já não sabemos dar e nem pedir o que de mais precioso temos a compartilhar: doçura, compaixão...

 A compreensão de que todos nós sofremos, nos sentimos sós, imensamente tristes e choramos baixinho antes de dormir, num silêncio que nos remete a uma saudade desesperada de nós mesmos... daquilo que pulsa e grita dentro de nós, mas que não temos coragem de mostrar àqueles que mais amamos!

 Porque, infelizmente, aprendemos que é melhor revidar, descontar, agredir, acusar, criticar e julgar do que simplesmente dizer: você está me machucando...  pode parar, por favor?

 Porque aprendemos que dizer isso é ser fraco, é ser bobo, é ser menos do que o outro.

 Quando, na verdade, se agíssemos com o coração, poderíamos evitar tanta dor, tanta dor...

 Sugiro que deixemos explodir toda a nossa doçura!  Que consigamos não prender o choro, não conter a gargalhada, não esconder tanto o nosso medo, não desejar parecer tão invencível.

 Que consigamos não tentar controlar tanto, responder tanto, competir tanto que consigamos docemente viver... sentir, amar...  E que você seja não só razão, mas também coração, não só um escudo, mas também sentimento.

 Seja transparente, apesar de todo o risco que isso possa significar.

(Autor desconhecido)

Vou compartilhando com os meus poucos leitores os e-mails que recebo e que penso terem algo relevante a ser olhado, pensado, analisado. Assim como também o faço com relação a meus autores prediletos, retirando excertos de livros que eu li e/ou poemas que falam ao meu coração. Desta forma, vou me desnudando... Muito mais arriscado do que tirar a roupa, literalmente falando. As pessoas que quiserem me conhecer, conhecer a minha alma, basta que olhem com olhos atentos a tudo o que escrevo. São partes de mim, de minha vida, coisas que trago em meu ser/estar no mundo. Bom, acho que sou transparente. Muito mais do que deveria e muito menos do que gostaria. Mas, enfim, quem liga? Dá muito trabalho ler pra conhecer, é muito arriscado olhar dentro do olho. Nos escondemos na superficialidade porque ela afinal nos protege dos acasos da vida, faz com que não sejamos vulneráveis ao amor, coloca pedras nos lugares em que estão nossos corações... Esta sou eu e não me envergonho. A cada texto postado, um pedacinho a mais de mim mesma. De todas as que estão em mim... Quem quiser, que corra o risco!

Carina. 12/01/10.

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