A maioria das mulheres torna-se mãe por acidente, muitas por opção, algumas por pressões sociais e poucas por hábito.
Este ano aproximadamente 100.000 mulheres serão mães de crianças com algum tipo de deficiência. Alguma vez você já se perguntou como Deus escolhe as mães de deficientes?
De alguma forma eu visualizo Deus passeando sobre a Terra, selecionando seus instrumentos para preservação da espécie humana com grande cuidado e deliberação. À medida que vai observando, Ele manda seus anjos fazerem anotações num bloco gigante: “Elisabete Souza, vai ter um menino. Santo protetor da mãe, São Mateus. Marina Ribeiro, uma menina. Santo protetor da mãe, Santa Cecilia. Claudia Antunes, esta terá gêmeos. Santo protetor... Mande São Geraldo. Este está acostumado com quantidades.”
Finalmente, Deus dita um nome a um dos anjos, sorri e diz: “para esta, mande uma criança surda.”
O anjo, cheio de curiosidade, pergunta: “Por que justamente ela, Senhor? Ela é tão feliz!”
“Exatamente!”, responde Deus, sorrindo. “Eu não poderia confiar uma criança deficiente a uma mãe que não conhecesse o riso. Isso seria cruel.”
“Mas será que ela terá paciência suficiente?” pergunta o anjo.
“Eu não quero que ela tenha paciência demais, senão ela vai acabar se afogando num mar de desespero e auto-compaixão. Quando o choque e a tristeza iniciais passarem, ela controlará a situação. Eu a estava observando. Ela tem um conhecimento de si mesma, um senso de independência, que são tão raros e, ao mesmo tempo, tão necessários para uma mãe. Veja, a criança que vou confiar a ela tem seu mundo próprio, ela tem de trazer esta criança para o mundo real, e isto não vai ser nada fácil.”
“Mas Senhor, acho que ela nem acredita em Deus.”
Deus sorri. “Isto não importa. Esta mãe e perfeita. Ela tem a dose exata de egoísmo que vai precisar.”
O anjo engasga. “Egoísmo? Isto é uma virtude?”
Deus balança a cabeça afirmativamente. “Se ela não for capaz de se separar da criança de vez em quando, ela não vai sobreviver. Sim, aqui está uma mulher a quem vou abençoar com uma criança menos perfeita que as outras. Ela não tem consciência disto, mas será invejada.”
“Ela nunca vai considerar banal qualquer palavra pronunciada por seu filho, por mais simples que seja o balbucio desta criança, ela o receberá como um grande presente.”
“Nenhuma conquista da criança será vista por ela como corriqueira. Quando esta criança disser Mamãe pela primeira vez, esta mulher será testemunha de um milagre e saberá reconhecê-lo. Quando ela mostrar uma árvore ou um pôr-do-sol a seu filho e tentar ensiná-lo a repetir as palavras árvore e sol, ela será capaz de enxergar minhas criações como poucas pessoas são capazes de vê-las.”
“Vou permitir que ela veja claramente as coisas que eu vejo – ignorância, crueldade, preconceito, discriminação – Eu vou fazer com que ela seja mais forte do que tudo isso. Ela nunca estará sozinha. Estarei sempre com ela a cada minuto de cada dia, porque estará fazendo o meu trabalho e estará aqui ao meu lado.”
“E qual será o santo protetor desta mãe?” pergunta o anjo, com a caneta na mão.
Deus novamente sorri. “Nenhum, basta que se olhe no espelho.”
Autor desconhecido, Esteio, maio de 2007.
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